Eu estava vivenciando o auge da minha dor, mergulhada em um sofrimento tão profundo que meu corpo inteiro padecia fisicamente. Era como se meu coração fosse um buraco aberto no peito, sufocado por uma dor da existência.
Era madrugada. Eu dormia quando me sobressaltei, sentindo nitidamente a presença de mais alguém no apartamento. Alguém que entrou no quarto e foi caminhando em minha direção, contornando a cama até o lado onde eu estava.
O quarto estava envolto por uma névoa leve, rala e esbranquiçada, como aquelas que nos acompanham em viagens por serras.
Assustei-me brevemente, mas logo compreendi: era Drews. Era ele quem caminhava até mim. Imediatamente, um senso de paz me tomou. — Usava uma camiseta branca e calça jeans rasgada nos joelhos. Sentou-se ao meu lado na cama, sorriu com serenidade, pegou minha mão e a colocou sobre o colo dele. Senti o calor da sua pele. Senti sua mão envolvendo a minha.
— Oi, mãe…
Naquele instante, meu corpo se aqueceu inteiro. Uma alegria silenciosa e indescritível preencheu todos os vazios. Ele estava bem. Tranquilo. Em paz.
Adormeci ali, profundamente, como não fazia há muito tempo.
Quando acordei e compreendi o que havia acontecido, fui tomada por uma onda avassaladora de emoção. Chorei com tanta intensidade que meu corpo sacudia em soluços profundos. Não sei por quanto tempo chorei. Apenas chorei.
Depois que consegui me recompor, escrevi para algumas amigas muito próximas, compartilhei minha experiência, ainda tomada pela emoção. Eu estava leve. Eu estava bem. Sentia uma paz que acreditava jamais sentir novamente.
Alguns dias depois, fui visitar meus pais. Contei para minha mãe, ainda com os olhos marejados e a voz embargada. Ela se emocionou, sorriu e disse:
— Ele também veio me visitar.
Tudo fez sentido naquele instante. Eu e minha mãe sempre fomos as pessoas do Drews. As que mais o conheciam, as que ele mais tinha afinidade, mais se identificava.
Na quinta-feira seguinte, fui ao GAFA ansiosa para compartilhar o que havia me acontecido. Mal podia conter a alegria que aquela visita espiritual me havia trazido. Entrei no atendimento e, antes que dissesse qualquer coisa, o médium olhou para mim com gentileza e disse: — Eu sei. Seu filho foi te visitar. Descrentes, lidem com isso. E acreditem: não havia ninguém mais cética do que eu. E eu tive que lidar.