Elas conversaram um pouco mais e, de repente, ouviram outro barulho, como se um balde de água fosse jogado de uma grande altura. E daquela fina pelÃcula que brilhava e balançava saiu o pai da menina. Envelhecido, mais grisalho e com um semblante triste e cansado, mas com a mesma determinação de sempre. Quando ele a viu, abriu um sorriso que acalentava qualquer coração. E a menina se sentiu radiante, esquecendo-se de todos os problemas que tinha. Pulou nos braços do pai, chorando, desta vez de emoção.
Eles contaram um ao outro tudo o que aconteceu e decidiram que era melhor partirem em busca de casa o mais rápido possÃvel. Sua famÃlia corria perigo. A menina sabia bem que era uma questão de tempo.
Eles andaram por diversos lugares. Andaram por verdadeiros labirintos procurando uma saÃda que os levasse até o lar deles. Encararam alguns perigos, como animais perigosos. O frio castigava, principalmente à noite, já que não conseguiram encontrar o caminho no mesmo dia e tiveram que dormir em uma pequena cabana improvisada. A menina pensou que foi muita sorte tê-los encontrado, pois, sozinha, não teria sido capaz de tentar voltar ou de mesmo de sobreviver a tudo que encontrou pelo caminho. Percebeu que ambos se tornaram muito fortes e destemidos nesse tempo que passaram separados. Sentiu orgulho dos dois e gostaria de ficar como eles. O pai também sentia muito orgulho da menina, vendo que ela foi capaz de cuidar da famÃlia na ausência dele. Prometeu a si mesmo que iria recompensá-la por isso. Devia muito a ela.
Por fim, ao entardecer do dia seguinte, conseguiram encontrar a casa deles. A mãe estava muito debilitada e desmaiou ao ver pai e filhas retornando. Já havia perdido todas as esperanças. Achava que até mesmo a menina não voltaria mais, pois a noite fora particularmente gélida e, como ela não voltara, chorou como se visse a filha morta em sua frente. O irmãozinho sorria timidamente para o pai e a irmã, pois pouco se lembrava deles; mas, para a menina, ele olhou e sorriu largamente, aliviado ao vê-la novamente.
Quando a mãe acordou, eles todos se alimentaram e se mantiveram aquecidos enquanto conversavam sobre tudo o que aconteceu e todas as descobertas do pai e da irmã. A mãe parecia não acreditar, apesar de querer muito uma vida melhor. Parecia pensar que tudo aquilo era uma ilusão, um delÃrio. Mas concordou em ir. Afinal, o que tinha a perder? Decidiram partir logo pela manhã. A caminhada era longa e era melhor pegarem a luz do dia, quando também era menos frio.
Partiram, todos unidos. Com medo, é claro. Afinal, era uma nova jornada. Mas um olhava para o outro e sorria, e tudo ficava bem novamente, o medo se dissipava. Finalmente, depois de muita caminhada, eles chegaram ao local e à pelÃcula. Decidiram que seria melhor passarem todos de uma só vez, de mãos dadas. E assim fizeram. Partiram, de mãos dadas, a um novo destino, como a famÃlia que eram antes de tantos desencontros.
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