Fui de lá para cá a procura do meu intimado quadro, ainda não encontrado aquele que para a missão era idealizado. Neste tempo, tive também outros trabalhos, cuidar da terra, da vila e do ducado, deste último foi o mais intenso, pois muitos me viam sem o devido cuidado, contestavam meu poder assim como meu legado. Brigar com eles foi um tormento claro, jovens destemidos e velhos mal-intencionados, vencê-los foi ato pensado, pois, diferente deles, a ganância não me jogava para baixo.
De tanta luta e procura, meu rosto havia mudado, a pele branca agora estava morena do queimado, meu corpo também modificou, antes franzino como rato, virando um lobo de cabelos encaracolados. Tive sorte após tanto azar, tive luz depois de tanto as trevas me tocar, era um momento de glória que ninguém podia negar, mas ainda faltava o quadro para minha missão terminar.
Pedi ajuda de cima a baixo a procura do bem desejado, mas nada podiam me falar, o quadro parecia uma charada que poucos conseguiam acertar. Fui de norte a sul a procura do bendito para moldurar, mas descobrir que de fato eu ainda precisava pensar, o quadro tinha que ser algo tão alto a ponto de meu protetor poder notar, então não seria um tecido, mas sim uma pedra, que ninguém podia negar.
Descobri, após tanto tempo passar, que assim como a moldura antiga, era de quartzo branco, onde eu deveria pintar. Porém, algo era notado, assim como o claro da pedra que a cor tinha que tocar. Como que traria tal pedra ao topo daquela falésia e, no fundo da cripta, iria colocar? Não sabia a resposta, mas sabia que era lá. Eu precisava de ajuda, pois somente eu não conseguiria tal façanha conquistar.
Meu pedido foi manso, curto e direto, para os monges o fundamento era concreto, aprovado, para mim nada foi negado para aquele trabalho épico. Comecei a me antecipar naquele ato certo, comprei uma rocha sólida do cristal mais belo, demorou para chegar ao destino eterno, com muito esforço chegou acima do lugar certo, subir foi um desafio, mas descê-la seria o próprio inferno.
O lugar onde os meus antepassados estavam era bem abaixo do chão fértil, cavar era apenas o começo de algo mais sério. Movendo uma pedra, a terra, pondo um pilar de sustentação, uma palha de precaução, tive de chamar a ajuda campesina, descer aquela pela mesmo em uma rampa de madeira certa parecia sempre incorreta. Mas por fim conseguimos chegar, finalmente a pedra estava em seu devido lugar, no ponto central do lado do primeiro ancestral.
Finalmente, o momento havia chegado, as tintas que havia feito estavam em seu ponto marcado, o lugar agora havia chegado em seu momento esperado. O pincel de finos fios chegou às mãos de seu usuário, senti em meu ser o toque de Deus que tanto havia esperado, a missão que me foi dada, o obstáculo que à minha frente se encontra está pronto a ser confrontado.
Agradeço a todos os meus aliados, seja da leal nobreza, do fino clero ou do honesto campesinato. Aquele era o momento esperado, e depois de tudo que passei, o desafio estava jogado… Era hora do artista… criar parte de seu… mais puro e honrado legado.