1
Às sete horas da manhã da segunda-feira, Velma já estava a caminho da
floricultura Essências de Jasmim, onde trabalhava havia cinco anos.
Estava animada por ter um motivo para sair daquela casa e ficar o dia
inteiro fora, talvez fosse isso que precisava para esquecer um pouco dos
acontecimentos dos últimos dias.
Trabalhar na floricultura nunca fora o plano de Velma, talvez ficasse por
um tempo, até que se formasse em História numa universidade pública.
Ela conseguiu se graduar, porém nunca conseguiu um emprego fixo
como professora. Na verdade, ela não queria ser professora, queria viajar
e viver a História, mas nunca teve oportunidade. A floricultura era calma,
às vezes ganhava até mais que alguns professores e não tinha a gritaria e
a confusão da sala de aula que ela presenciara em seus estágios. Quando
havia funerais o movimento na floricultura era ótimo. Havia casamentos
também, é claro, mas ultimamente funerais aconteciam com mais
frequência, e de qualquer forma, isso era bom para os negócios — ironia
era parte fundamental do capitalismo.
Sua patroa era uma senhora sessentona e viúva, para quem a loja era mais
uma distração. Carlota tinha se casado com um “chefão da máfia”, como
ela comentava com Velma às vezes. Com isso ela queria dizer que tinha
herdado muito dinheiro do falecido traficante. A patroa ia na floricultura
apenas três vezes na semana, então quem cuidava mais da loja durante o
dia era Velma e duas outras funcionárias que auxiliavam na
administração e limpeza. Não era uma loja grande, mas também não era
uma bodega qualquer. Quando havia alguma encomenda grande,
chamava o fretador que trabalhava ali na rua, caso contrário ela mesma
usava seu carro para algumas entregas.
2
— Bom dia! — a voz melodiosa de Stefanini, uma das atendentes, soou
nos ouvidos de Velma como o som de vidro sendo estilhaçado,
quebrando o silêncio de sua mente, pelo qual tanto lutou naquela manhã.
Ela sorriu de volta, aquele sorriso de simpatia por educação, e continuou
seguindo seu caminho até a sala de Carlota.
A patroa estava sentada em sua velha poltrona de veludo vermelha,
tomando café numa xícara preta rachada, enquanto lia uma revista de
design de interiores do ano retrasado.
— Bom dia, Carlota — cumprimentou Velma num tom levemente
animado.
— Fiquei sabendo de sua avó, sinto muito. — Ela disse sem tirar os olhos
da revista, as lentes de seus óculos de grau estavam escorregam no nariz
e ela não fazia nada para impedir que continuassem deslizando. Vestia
um terninho verde musgo por cima de uma camiseta branca com uns
respingos secos de café e calças sociais que ficavam um pouco folgadas
demais em seu corpo pequeno.
— Ah, obrigada. — respondeu sem jeito. Não queria falar sobre o
assunto, muito menos com sua patroa que parecia não ligar para a
existência de ninguém, além dela própria. — Eu queria saber se ainda vai
demorar para chegarem as rosas brancas... aquelas que faltam para o
casamento daquela mulher... Fátima o nome dela.
— Teve flores no funeral de sua avó? — Carlota perguntou de repente,
ignorando o que Velma tinha acabado de dizer.
— Teve algumas coroas de cravos, por quê? — Disse Velma, surpresa
com essa pergunta um pouco inconveniente. Ela vestia um moletom cor
de vinho por cima do uniforme rosa bebê da floricultura. Estava com as
mãos fechadas nos bolsos frontais de seu moletom, como sempre fazia
quando estava ansiosa.
— Só soube da morte de sua avó por causa do obituário do jornal e não
porque você encomendou as coroas de flores aqui. — disse a patroa,
agora segurando os óculos na mão após largar a revista no colo, fitando
Velma com curiosidade.
— A funerária que forneceu as coroas e tenho certeza de que vão
reutilizar depois, antes de murcharem, como fazemos às vezes. —
Retrucou no melhor tom calmo possível, para não demonstrar
indignação.
— Não sei sobre as rosas brancas, eu não recebi nenhuma ligação ainda.
— Carlota respondeu à pergunta anterior, voltando a colocar os óculos e
a folhear a revista. — Pergunte para aquelas preguiçosas da recepção se
sabem de algo ou ligue para a fornecedora.
— Vou averiguar isso. — Velma respondeu, com um sorriso sem graça
enquanto engolia a seco o seu nervosismo.
Carlota soltou um muxoxo em concordância. Em seguida, Velma saiu da
sala fechando a porta em silêncio, antes que sua chefe fizesse algum
comentário sobre seu moletom.
3
Enquanto atravessava o corredor do escritório para o interior da loja, ela
percebeu que seus passos estavam lentos. Começou a refletir sobre se
realmente queria passar o resto da vida trabalhando nesse lugar, para essa
mulher. Eu mereço isso? Apesar de sua expressão cansada, ela ainda era
jovem. Deveria ter melhores oportunidades mundo afora, não? Ficar
presa ali não era mais necessário, não havia mais ninguém para lhe
prender num emprego ou em casa. Mas Velma sabia que não era assim
que as coisas funcionavam, às vezes, temos de fazer coisas que não
queremos apenas porque temos de fazer.
4
Lá pelas onze e meia, Velma saiu para almoçar mais cedo, aproveitando
que a patroa tinha saído para algum lugar que não tinha anunciado —
algo que já era de costume e significava que demoraria horas para voltar,
caso voltasse no mesmo dia.
A vida de Velma mudaria em breve, mas ela não sabia o quanto isso seria
aterrador. Desde que sua avó falece, seu futuro estava enevoado. Sabia
que precisava fazer algo a respeito disso, talvez uma viagem. Talvez para
a cidade onde nasceu, onde sua irmã poderia estar vivendo sua vida. Ela
queria descobrir os motivos de ter sido separada de sua mãe e irmã, e
merecia saber, de um jeito ou de outro. Não havia mais nada a segurando
naquela cidade, naquela casa... apenas a floricultura por enquanto. Mas
tudo isso ainda não passava de um pensamento distante, quase impossível
de ser realmente colocado em prática.
O restaurante onde sempre almoçava ficava no quarteirão de frente para a
floricultura. Aquela era uma rua comercial, tinha diversas lojas de varejo,
bijuterias e brechó. O movimento era bom e nunca faltavam clientes,
ricos ou pobres. Estavam sempre passando na floricultura para fazerem
orçamentos de buquês para noivas, coroas de flores para funerais, cestas
de café da manhã ou uma singela rosa para presentear alguma mulher ou
homem sortudo. Sempre tinha trabalho a fazer.
5
O nome do restaurante era Bom-Apetite, Velma achava isso cômico
porque a fazia lembrar um filme francês que assistira uma vez quando era
criança, ela sempre achara engraçado o sotaque dos franceses ao
pronunciar as palavras do seu idioma com certo desdém.
A porta de vidro do recinto estava aberta e ela foi entrando como de
costume, sentou-se à mesma mesa de sempre ao lado de um janelão de
vidro límpido que tinha vista para rua. O restaurante Bom-Apetite era um
lugar barato, porém não lotava bastante como em outros lugares de
aparência mais elegante. Ali era um lugar quase que específico para
trabalhadores normais irem comer no intervalo do serviço, não era um
lugar para encontros românticos.
Velma gostava de almoçar sem aquele som de converseiro — como dizia
sua finada avó — das pessoas. O ambiente calmo a ajudava pensar, ainda
mais agora que precisava resolver o que faria de sua vida. Gostava de
comer olhando o movimento da rua lá fora, as pessoas andando para lá e
para cá, indo cuidar de suas próprias obrigações, era como assistir TV
enquanto fazia alguma outra tarefa.
6
Uma garçonete de cabelos curtos e castanhos, bastante sorridente, veio
entregar o cardápio. Vestia um avental azul com a logo do restaurante e
um galo de cor amarelo-escuro, embaixo o nome dela em bordado branco
— Julia.
— Fique à vontade, quando escolher só chamar! — a garçonete disse
num tom simpático. Não era a primeira vez que atendia Velma.
— Tudo bem, obrigada. — respondeu com um sorriso rápido ao pegar o
cardápio.
As pessoas estavam começando a chegar para almoçar, um casal de
idosos japoneses se sentou à mesa ao seu lado; uma mãe e seu filho de
colo na mesa de trás. Ela não se importou tanto naquele dia, mesmo
tendo outras mesas vagas longe dela, mais tarde até agradeceria de não
ter ficado sozinha naquele canto.
A próxima pessoa que entrou no restaurante foi alguém que Velma
reconhecera na hora. Ela instantaneamente tentou esconder seu rosto
atrás do cardápio aberto, mas não foi o suficiente, seu lugar não era tão
longe da entrada. Não havia nenhum outro rosto que ela queria ver menos
do que este: de Carlos. Em pouco tempo, ele já estava sorrindo com os
olhos fixos nos dela, se aproximando com passos largos, vestido em seu
elegante terno bem passado, e sentando-se à mesa como se estivesse
sendo esperado — um convidado não bem-vindo.
— Velma! — a voz de Carlos exclamou com excitação, estava sorridente,
emanando o seu charme quase que desconcertante demais. — Como você
está? Fiquei sabendo sobre sua avó no obituário do jornal, por que não
me avisou? Eu poderia ter ajudado com tudo.
Ela não queria responder, mas no fundo sabia que esse encontro teria
acontecido, mais cedo ou mais tarde. Carlos sempre esperou por Velma,
desde quando eram adolescentes. Ele achava que em algum ponto ela se
confessaria, e então viveriam felizes para sempre. Mas isso sempre fora
em sua cabeça, que naquela época já parecia não funcionar com todos os
parafusos. Ele sabia como a avó de Velma era um empecilho entre os
dois, mas se mostrava paciente sempre sendo gentil para ela, fazendo-a
achar que ele era o homem certo para a neta. Velma odiava saber que, na
realidade, dona Mirta tinha grande simpatia por Carlos. Justo ela que não
gostava de ninguém, nem dos amigos que Velma tentara fazer na época
da escola.
Velma nunca tinha dado nenhum motivo para Carlos ter esperanças, na
verdade ela fora ríspida e fria com ele desde que reparou em suas
verdadeiras intenções. Mas ele estava lá, achando que agora que a velha
estava finalmente morta, ele poderia ter o que sempre quis — sem nada
para impedir. Carlos aparentava ser um cara elegante e bom, mas Velma
sabia que ele não era, ela sabia.
— Desculpa, foi tudo tão rápido, eu mal tive tempo de pensar ou avisar
todo mundo. — respondeu Velma com falsa simpatia e pesar. — Foi algo
rápido e simples, o que o plano básico da funerária podia cobrir.
— Entendo. Bem, sei como deve ter sido difícil se virar sozinha, mas
saiba que estou aqui agora para poder ajudar com o que precisar.
Nem se eu estivesse passando fome iria querer sua ajuda, pensou Velma,
mas se conteve para não falar isso em voz alta.
— Está tudo bem, eu sei me virar bem, mas obrigada pela sua
preocupação. — Agradeceu com a voz seca.
A garçonete chamada Julia apareceu novamente com outro cardápio e o
entregou à Carlos que sorriu galante para ela, Velma percebeu que a
garota ficou com as bochechas rosadas.
— Já escolheu o seu prato de hoje? — perguntou a garçonete.
— Ainda não, na verdade ainda não sei se vou almoçar, — respondeu
Velma fazendo uma expressão aflita — meu estômago está um pouco
ruim hoje.
— Vou trazer um copo d'água e um saquinho de sal de frutas, às vezes
pode ajudar a melhorar, por conta da casa!
— Obrigada! — respondeu Velma e a garçonete se afastou para a
cozinha. — Eu preciso voltar a trabalhar, estamos com muito movimento
hoje e...
— Você está fugindo de mim. — disse Carlos sem sorriso algum agora,
com o olhar sério. — Não tem mais motivos para se esconder, sua avó
não está mais aqui para te controlar. Não tem que fazer mais nada para
agradá-la.
— Eu não sei o que você espera, mas digo o seguinte: nunca vai
acontecer nada entre nós. — respondeu Velma, tentando não levantar a
voz ou ser rude, por mais que não gostasse dele não queria irritá-lo.
— Você está morando sozinha naquela casa grande e afastada, isso pode
ser perigoso. Lembre-se disso. — disse Carlos num tom absolutamente
calmo, o que mais assustou Velma. Ela reparou em como ele estava mais
corpulento, talvez estivesse fazendo exercícios, ficar forte para as presas
não escaparem, o pensamento a fez gelar.
Ela se levantou e começou a caminhar em direção à porta do restaurante,
sem olhar para trás, apenas queria se afastar. Antes que pudesse
atravessar a porta, sentiu uma mão segurando seu braço esquerdo. Velma
se assustou achando que finalmente Carlos tinha parado de fingir ser
quem não era, mas quando se virou viu que não era ele quem havia a
agarrado seu braço. Era uma velha vestida com as roupas da garçonete,
Velma reconheceu a cigana que ela quase atropelara após o funeral.
Ondina.
— Lembre-se do frasco rosa! Lembre-se do frasco rosa! — a voz da
cigana Ondina repetiu duas vezes, aquela voz rouca de velha que
amedrontou Velma.
— Moça, o cardápio, o cardápio nas suas mãos! — a voz da garçonete
disse de repente e Velma percebeu que era ela quem estava segurando seu
braço. Sem reação, ela devolveu o cardápio que segurava em seu braço
livre. Notou algumas pessoas no restaurante as olhando curiosas, até
mesmo Carlos. Ao vê-lo fintando-a fixamente, com algum pensamento
que ela nem queria saber, Velma saiu do restaurante com passos largos.
Enquanto se afastava do restaurante, tentava entender o que tinha
acabado de acontecer — tinha mesmo visto a cigana ou o estresse e medo
causados por Carlos a fez delirar por um instante. Sabia que experiências
extremas faziam coisas do tipo acontecer, mas a conversa com ele não
havia sido tão traumática a esse ponto, só indesejada. De qualquer jeito,
Velma só ouvia em sua mente a voz da cigana repetindo lembre-se do
frasco rosa. Ela não havia reparado, mas os pelos dos seus braços e resto
do corpo estavam eriçados de medo.
7
Quando voltou para a floricultura, Velma foi direto para a sala de Carlota,
que milagrosamente tinha voltado sabe Deus de onde. A julgar pelos
óculos escuros ainda em seu rosto, deveria ter acabado de chegar. Estava
mexendo numa caixa cheia de papéis em cima de sua mesa, procurando
alguma coisa. Quando reparou em Velma parada na porta, tirou os óculos
e com a mesma voz enjoada de sempre, perguntou franzindo o cenho:
— Perdeu alguma coisa aqui?
— Eu preciso das minhas férias. — disse Velma de uma vez. — Eu
preciso resolver umas coisas.
Carlota colocou os braços na cintura e fez uma expressão que
demonstrava sua impaciência.
— Não, eu preciso de todas as minhas funcionárias trabalhando, mesmo
com suas incompetências. — respondeu Carlota sem rodeios.
Velma já esperava uma resposta dessas, sua patroa sempre teve uma
personalidade difícil, mas isso não a intimidava mais. Quando começou a
trabalhar na loja tinha acabado de sair do ensino médio e fazia tudo
conforme Carlota mandava, mesmo sendo mais do que deveria às vezes.
Mas patroa é patroa, e trabalho era trabalho, tinha que fazer. À princípio,
Velma tinha sido contratada apenas para servir de atendente de caixa,
mas acabara no fim também mexendo com a limpeza da loja, fazendo
algumas entregas, organizando arquivos e documentos como uma
secretária... logo se acostumou e aprendeu a fazer de tudo por lá.
Começou a gostar quando percebia que isso a mantinha longe dos
pensamentos ruins que às vezes tinha, como se estivesse sem motivos
para viver. Pensamentos que vinham e iam simplesmente do nada, como
se não fossem dela em primeiro lugar, mas nunca deixou que isso a
incomodasse tão profundamente quanto achava que poderia acontecer em
algum momento.
Lidar com a patroa realmente era difícil no começo. Velma lembra da
primeira discussão que tiveram, quando limpou a sala do escritório do
jeito que Carlota sempre pedia que fizesse. Mas nesse dia ela jurava que
Velma tinha feito tudo errado e a fez limpar novamente, arrumando tudo
do jeito que ela queria — de um modo totalmente diferente do que estava
antes. Situações do tipo voltaram a se repetir, e para não se estressar e
bater boca mais vezes, Velma apenas obedecia às ordens sem falar nada.
Quando funcionárias novas eram contratadas, Velma era quem as
treinava e já as deixava a par de como a patroa gostava que as coisas
fossem feitas, e como ela era louca.
8
Ela nunca tinha pensado em sair desse serviço, até agora que já não
precisava mais pagar os remédios caros de sua avó. Agora sentia que
nada mais a prendia naquela rotina. Gostava de trabalhar com plantas e
afins, mas lidar com Carlota era um desafio do qual estava cansada e não
era mais obrigada a aguentar. Sabia que se pedisse demissão sairia sem
nada, por isso optou por tentar pedir suas férias adiantadas. No entanto,
só de pensar na possibilidade de se encontrar com Carlos novamente, já
não lhe parecia importante receber algo se saísse imediatamente do
emprego. O que fosse fazer depois, seria um problema para outro dia.
— Eu não pediria se não fosse importante. — Insistiu Velma. — Não
precisa pagar as minhas férias agora, eu só preciso de uns dias de folga.
— Posso saber por quê? — indagou Carlota com rispidez.
— Eu preciso fazer uma viagem, descobri que tenho uma irmã, preciso
conhecê-la. — respondeu sem esperanças de que ela pudesse entender ou
ter alguma empatia sobre isso.
— Mande um telegrama para ela, oras! Se é que ela existe. — Foi o que
Carlota respondeu sobre o assunto. Pelo tom de voz realmente parecia
duvidar do que Velma tinha acabado de dizer.
— É claro que existe! Eu tenho como provar! — exclamou Velma
indignada.
— Você acha que eu vou entrar no seu jogo? Eu não vou entrar no seu
jogo. — Retrucou enquanto colocava seus óculos de leitura e voltava a
mexer com os papéis na caixa.
Velma saiu da sala com passos pesados e voltou para os seus afazeres na
loja. Estava com fome, mas sentia que se fosse comer, nada desceria
agora. Ela sabia que Carlota não gostava dela e só de pirraça não lhe
daria férias ou até mesmo a demitiria, apenas para que não recebesse seus
direitos.
Trabalhou o resto da tarde sem conversar com ninguém, apenas o
necessário com alguns clientes. Ela já tinha decidido o que iria fazer:
seguiria viagem à Andradina — a cidade onde provavelmente tinha
nascido — sem avisar ninguém.