NARRADOR (voz em off ou no canto do palco):Era um dia bonito no sertão, Sol quente e o rio cantando baixinho.E lá tava Venturio, de olho atento, Na beleza que descia o riacho, feito encanto divino... 

 [Graciosa, banhando-se com roupa simples e leve, canta baixinho. Venturio observa de longe, enfeitiçado.] 

 VENTURIO (para si, encantado): Moça… Mas que formosura danada é essa? Graciosa… parece até visagem de tão bonita… Essa mulher tem o poder de deixar até o vento tonto... 

 [De repente, Esperantina aparece por trás dele, com um balde na mão.] 

 ESPERANTINA (rígida, desconfiada):Tá fazendo o quê aí, cabra safado? Descarando a vizinha no banho? Vá tabaiá, ô encostado! 

 VENTURIO (assustado, tentando disfarçar): Tô descansando só... o sol tá quente, a vista é bonita… Num pode nem olhar mais pro rio agora?

 ESPERANTINA (desconfiada, cruzando os braços): Olhar pode, mas com esses zóio de lobo faminto? Cuidado, Venturio... o vento leva, mas a língua do povo traz. 

 VENTURIO (tentando sair pela tangente, sorrindo): Ocê que tá sempre aqui atrás de mim… será que quem quer ver é tu? 

 ESPERANTINA (revirando os olhos, mas com um sorrisinho):Num te dou ousadia não, moleque. Cuida do que é teu. Se for homem, vai é ajudar Seu Juvêncio, que tá penando lá na olaria. 

 [Ela sai. Venturio suspira e se levanta. Graciosa termina o banho e caminha em direção a ele, já vestida.] 

GRACIOSA (séria, mas com ironia): Tava me olhando, era? Achou bonito espiar mulher no rio? 

 VENTURIO (sem jeito, mas sincero): Olhei, sim… mas não foi por maldade não. É que tu é bonita demais, Graciosa… Mais linda que lua cheia no céu limpo do sertão. 

 GRACIOSA (sorrindo de canto): E a mulher que tava com tu? Aquela de olho afiado?

 VENTURIO (desviando o olhar): Aquilo é confusão...Tu é que tem cheiro de flor e força de jagunça. Queria só uma chance… de provar tua coragem e teu beijo. 

 GRACIOSA (dando um passo mais perto): E quem disse que eu num quero também? Mas cuidado, 

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