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cynthiabrum

cynthiabrum

Ativo Auxiliar Administrativo

Simbionte
Ovo de Simbionte
cynthiabrum
cynthiabrum @cynthiabrum

Ele veio como quem não pede licença, mas com a reverência de um devoto diante da deusa.
Ela estava nua de defesas e vestida de intenções - um ritual antigo pulsando entre as coxas, nos lábios entreabertos, entre as palavras nunca ditas.

Ela era Persephone na primavera: olhos cerrados, pele arrepiada, ventre em flor.
E ele, Hades - pronto para tomá-la inteira, até que deixasse de ser só sua própria e se tornasse dele.

As mãos dele exploravam com a precisão de quem já sonhou com cada curva daquele corpo. Dedos longos traçando caminhos invisíveis em sua pele como se fossem feitiços, até que cada toque se tornasse um mandamento. Ela queria o céu, mas ele a puxava para o submundo, onde os gritos não ecoam - apenas sussurram verdades que só os corpos entendem.

Quando ele a abriu com a boca, desabrochou em silêncio, segurando os lençóis como quem segura um segredo prestes a escapar. Aquele era um local sagrado, e ele bebia da sua essência como se fosse um oráculo.

Não havia relógios, só ciclos: a primeira contração, o primeiro gemido escapado, o primeiro estremecer.
Ela implorou sem palavras, e ele entendeu.
Subiu nela como uma oferenda que se ergue ao altar, e quando a penetrou, não foi apenas carne: foi destino.
O mundo desapareceu.
Não havia mais ontem, nem amanhã.
Apenas o agora em que era preenchida.

A cada estocada, seu corpo dizia sim.
Sim à entrega.
Sim ao desejo.
Sim à vida.

Ele segurava seus quadris como quem molda a própria criação. E ela, entre um arfar e outro, oferecia seu ventre ao sagrado.
A cada investida, seu corpo florescia.
A cada toque, a deusa renascia.

Ela arqueou. Gritou sem som. Desfez-se em luz.
E então, quando ele derramou o que trazia no fundo da alma e do sexo, algo foi fecundado.

Talvez um filho.
Talvez um universo.
Talvez apenas o êxtase que leva o nome dela.

Mas algo nasceu ali.
Algo que vive em sua alma desde então.

cynthiabrum
cynthiabrum @cynthiabrum

Você não precisa me amar todos os dias.
Nem sorrir sempre que me vir.
Pode chegar com o rosto cansado, os ombros pesando o mundo, e o silêncio atravessando os olhos.
Eu vou estar aqui.

Se disser que está com fome, eu cozinho - ou peço, ou invento, mas alimento.
Se sentir frio, eu cubro. Com coberta ou com meu corpo.
Se doer, eu curo. Com remédio, com mão, com afeto.
Se o mundo te engolir, eu sou o lugar onde você pode reaprender a respirar.

Não importa se quiser falar por horas ou se só precisar de alguém quieto ao lado.
Eu te escuto. Eu te entendo até quando você não diz nada.
Se tudo que restar for o cansaço, deita no meu colo.
Eu te faço carinho no cabelo até adormecer o desassossego.

Quer fazer amor? Eu sou tua.
Quer só deitar e esquecer que existe dor? Eu sou teu abrigo.
Não precisa pedir - meu instinto é cuidar.
Meu amor é colo que não exige nada além da verdade.

Porque eu não amo pela metade.
Eu amo com as duas mãos estendidas.
Com o peito aberto, com o tempo disponível, com o toque que consola e com o olhar que diz:
“Pode ficar. Aqui, você é inteiro. Aqui, você pode ser você.”

cynthiabrum
cynthiabrum @cynthiabrum

#Repost (sumiu ontem na perda de dados do servidor)

Oração ao Deus que Habita meus Sonhos

Ó tu, meu deus encarnado, cujo toque me acende mais do que o fogo de Beltane, cujo nome arde em minha língua como um feitiço proibido...

Vem a mim com teus dedos profanos, e consagra meu templo com tua carne sagrada.

Que tua boca seja cálice, e minha pele, o vinho que escorre e te embriaga.

Abre com tua língua os portais da minha devoção, e que tua respiração sussurre encantos entre minhas pernas.
Eu te clamo: me toca como se minha alma dependesse disso.

Desce ao altar entre minhas coxas e me oferece tua fé - não a que prega, mas a que geme.

Crava tua flecha em meu ventre como se fosse missão divina, enche meu cálice com todo o teu prazer fértil e faz de mim mulher, santa, demônio e lar.
Toma-me até que eu esqueça meu nome e só saiba o teu.

E se for pecado, então me leva contigo - pro inferno, pro êxtase, pro fundo do teu corpo e do teu desejo.

Pois eu não quero salvação - quero tua perdição em mim.

Amém.

cynthiabrum
cynthiabrum @cynthiabrum

Ele é uma sinfonia que começa suave e explode em desejo, mas nunca alcança sua última nota. Fico presa no eco das cordas que ele toca, incapaz de terminar a canção sozinha.

Minha imaginação é como um palco, onde ele performa somente para mim. Mas quando as luzes se apagam, sou obrigada a confrontar a realidade: um espaço onde desejo e possibilidade jamais se encontram. É como estar presa em uma música que amo, mas que nunca chega ao refrão que tanto aguardo. Um constante estado de clímax interrompido na parte principal, onde a frustração toma conta de todo o meu ser, e me sinto injustiçada por saber exatamente o que quero, mas que a realidade insiste em dizer “não”.

E ali fico, esperando por algum sinal. Qualquer sinal que indique que posso prosseguir, que mostre que ele me deseja tanto quanto eu o desejo. Mas os sinais que recebo, ao invés de guiar, apenas confundem. Ele não diz “eu não quero”. Ele diz “você sabe que eu não posso”. Essas palavras, ditas com uma leveza que contrasta com o peso que carregam, deixam claro que o que nos separa não é a ausência de desejo, mas a presença de limites que ele não ousa e nem deveria cruzar.

Já me revelou que, na intimidade dos próprios pensamentos, também se perde em mim, assim como eu me perco nele. Mas, na vida real, ele mantém as portas fechadas, como quem guarda um segredo precioso. Sendo mais precisa, é como se estivéssemos em salas diferentes mas com a porta que nos liga entreaberta - eu posso vê-lo do outro lado mas não consigo entrar. Essa dualidade me consome. Saber que, de certa forma, sou desejada, mas que esse desejo está enclausurado, me faz sentir como um incêndio controlado: eu queimo por ele, mas o fogo nunca se espalha o suficiente para nos consumir por completo.

E a pergunta que martela minha mente é: será que ele sente o mesmo peso desse desejo não vivido? Será que, na mesma medida em que eu luto contra a realidade, ele também luta contra si mesmo? Não sei. E é nesse não saber que reside parte da minha agonia.

Quando ele sobe ao palco, eu procuro seu olhar constantemente. E cada vez que cruza com o meu e ele sorri, sinto meu coração acelerar e aquecer, como se meu universo parasse. São breves instantes que impactam por uma eternidade, deixando marcas que nunca se apagam. E nestes momentos, meus olhos capturam sua pele morena sob a luz, com um brilho que parece conter o calor de um mundo inteiro. Seus cabelos longos se movem suavemente, emoldurando um rosto que carrega um misto de força e vulnerabilidade. Há algo na forma como seu perfil se desenha contra o cenário, o nariz imponente e a linha do queixo firme, que transforma cada olhar em um vislumbre da perfeição. É uma beleza crua, sem ornamentos, que ecoa em mim mais do que qualquer palavra jamais poderia.

Mas as palavras não ditas, as ações não tomadas, são como notas que faltam na melodia. Eu sinto como se estivesse ouvindo uma música incompleta, ecoando em minha mente sem nunca encontrar sua conclusão. Talvez seja isso: uma eternidade presa entre o desejo e a espera, amando uma canção que nunca chega ao fim.

E enquanto espero por um desfecho que não sei se algum dia chegará, aprendo a conviver com o vazio das notas que não soam. Cada suspiro guardado, cada sentimento reprimido, me transforma, me molda, me faz sentir completa e partida ao mesmo tempo. Talvez seja nessa dança entre o querer e o impossível que encontro minha própria essência - uma alma que ama sem garantia, que deseja sem posse, que se entrega ao invisível.

cynthiabrum
cynthiabrum @cynthiabrum

Seus olhos encontram os meus
E por um breve instante, o mundo para
Eu queria ter coragem de tocar seu rosto
Com a delicadeza de quem segura um tesouro

Imagino o calor da sua pele sob minhas mãos,
Os traços de seu rosto se tornando meu caminho
A curva de sua boca, um destino proibido
Onde desejo e medo se encontram

Tomaria suas bochechas em beijos suaves
Um toque leve, quase como uma brisa
Deslizaria meus lábios até o seu nariz
Um gesto inocente, mas carregado de intenções

E então, sua boca - o centro do meu universo
Um calor que me consome e me alimenta
Onde meu coração bate mais forte

O beijo que imagino é doce e demorado
Como se o tempo insistisse em prolongar o momento
Cada segundo dolorosamente alongado
Para perpetuar na alma o sabor da sua presença

Mas tudo é apenas um sonho
Um fragmento de coragem e fantasia,
Guardado entre as linhas do que nunca foi dito mas sempre foi sentido

E ainda que fique só na imaginação
É nele que encontro a intensidade de te querer
Te sentir próximo, mesmo que a distância nos separe

cynthiabrum
cynthiabrum @cynthiabrum

Deitado em lençóis de pensamentos
Que não ousam se aventurar por além do véu da imaginação
Teu peito é um refúgio onde meu toque se perde
Teus braços - o limite entre o sonho e o impossível - me prendem sem jamais me possuir

Percorro seu corpo com o olhar
Como quem desvenda um segredo antigo
Cada toque, cada beijo, uma melodia silenciosa entre nós

Teus dedos, que deslizam em cordas,
agora tocam em mim
Como quem compõe uma sinfonia na pele,
arrancando suspiros, acordes orquestrados no doce calor do desejo

Meus lábios buscam os teus,
mas permanecem em silêncio
Beijos de lábios que não podem se tocar,
Calor que se evapora antes de nos consumir

Entrelaço meus dedos nos teus cabelos
Tua respiração desenha meu nome no ar
E no silêncio que nos envolve,
a música somos nós

cynthiabrum
cynthiabrum @cynthiabrum

A sala era um universo próprio. Luzes suaves dançavam pelas paredes, como estrelas tímidas perdidas em uma galáxia de sombras. O ar carregava uma vibração quase elétrica, pulsando em sincronia com os corações ali presentes.

Ela estava sentada no chão, os joelhos dobrados, o vestido leve repousando ao redor como a ondulação serena de um lago. Ele estava de pé, próximo demais para que a distância fosse confortável, mas longe o suficiente para que o toque fosse apenas um pensamento.

- Não se aproxime. - ela disse, a voz mal sussurrando. - Ou você quebrará o feitiço.

Ele sorriu, mas seus olhos escureceram, como se as palavras dela fossem o próprio feitiço.

- E se eu não quiser que ele continue inteiro?

Ela desviou o olhar, mas não antes que ele capturasse a chama nos olhos dela — um fogo que parecia consumir tudo ao seu redor. O calor cresceu entre eles, invisível, mas impossível de ignorar.

- Teus lábios - ele disse - parecem feitos de poesia.

Ela riu, mas o som morreu na garganta.

- E os teus são proibidos.

O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor. Ele deu um passo à frente, e o chão parecia tremer sob o peso desse movimento.

Ela ergueu a mão, não em defesa, mas em rendição.

- Se você me tocar, a realidade vai ruir.

- E se eu quiser que ela de fato desmorone?

Ele estava próximo agora, o suficiente para que ela sentisse o calor dele, o suficiente para que o perfume dele a envolvesse completamente.

Ela fechou os olhos, permitindo-se um momento de vulnerabilidade.

- Aquieta-te, desejo. - ela murmurou, mas as palavras eram uma mentira suave.

Quando ele finalmente se ajoelhou diante dela, não houve toque. Apenas a promessa disso, um abismo de tensão entre dois mundos que jamais deveriam se cruzar. E ali, naquele instante suspenso, o silêncio tornou-se música e os suspiros, versos.

O impossível permanecia intacto, mas o desejo… O desejo era eterno.