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Ativo Escritor

Selo L2 Selo 365
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#Desafio dos 365 dias, dia 26:

O que faz do aventureiro um herói?

Luca sabia, quando acordou salvo por um milagre do naufrágio, que o mundo não costuma dar segundas chances aos pilantras. Por isso ele resolveu fazer a sua valer e ir atrás de um tesouro que o tiraria do caos.

Mas, por sua ambição, se vê cada vez mais enrolado em favores que o levam a uma posição que nunca esteve: a de herói.

E Shard, aclamado herói do povo, parte com os amigos em uma missão para recuperar a alma de Sorte e talvez trazê-la de volta ao mundo dos vivos. Mas para conseguir o favor da Rainha dos Mortos ele vai ter que arriscar o pescoço e a sanidade.

Quanto um herói pode cair? Quanto um bandido pode se redimir?

Poente é o segundo livro da série O Legado de Esser

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#Desafio dos 365 dias, dia 25:

Roberto passou o polegar no espaço vazio em seu dedo anular. Até ontem, havia uma aliança dourada nesse dedo. Não que o casamento tivesse acabado ontem - na verdade, o casamento tinha acabado mesmo quando as brigas passaram da frustração ao desrespeito - mas ele só conseguiu tirar a aliança quando finalmente assinou os papéis.

Ainda assim, acariciou a aliança fantasma. Vão se os anéis, ficam as manias.

Roberto desejou ter um dia mais agitado no trabalho, poder esquecer o divórcio lidando com clientes insuportáveis ou reuniões sem fim. Porém o destino é cruel e sua tarefa mais importante do dia era organizar o arquivo. Ele separou e etiquetou caixas e pastas, empilhou da maneira mais satisfatória que conseguiu, e o melhor engenheiro do mundo - ou o inventor do tetris - não teriam feito um trabalho melhor.

Mas um brilho prateado capturou seu olhar no canto da sala. Um anel prateado que era leve, apesar de ser largo. Duas linhas se trançavam por toda a volta, criando um padrão quase tribal, que fazia Roberto pensar no infinito. Sem saber quem era o dono, Roberto decidiu guardar para entregar no achados e perdidos.

E o teria feito, mas a memória era seu ponto fraco, e o anel viajou no bolso pelo metrô desde o centro de São Paulo até a Zona Leste, para ser encontrado no bolso ao chegar em casa. Roberto o segurou na mão enquanto se jogava no sofá, e ficou surpreso ao contatar que o anel servia no dedo anular. Decidiu deixá-lo ali, assim se lembraria, no dia seguinte, de devolvê-lo.

Pelo menos já não acariciava mais um anel fantasma, mas deslizava os dedos pelo padrão serpenteante, quando viu seu gato se espreguiçar lentamente, andar até um pote de comida e miar.

— Que vida fácil, queria eu ter uma vida de gato...

Ele sentiu o dedo, que acariciava o anel, diminuir e um calor tomou seu corpo. O mundo cresceu - ou ele ficou mais baixo - e tudo se tornou enorme e visto por baixo. Olhou para as mãos e viu pequenas patas cobertas de pêlos acinzentados e pequenas garras nos dedos.

O anel caiu lentamente pelo ar, até atingir o chão, quicar duas vezes e, com um brilho prateado, sumir.

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#Desafio dos 365 dias, dia 24:

#EncontroAleatorio

O barulho do cascalho raspando entre seu pé e a terra batida da estrada ecoa pela noite. Se é que isso pode ser chamado de estrada. Comparada as estradas pavimentadas que levavam a capital, isso é quase uma trilha, mas é seu caminho para o descanso na pequena cidade de Fiore, um cantinho de beleza esquecido nesse país.

Você já consegue ver a cidade ao longe, mais uma hora de caminhada e vai encontrar uma taverna e conseguir uma cerveja gelada primeiro e um banho quente depois. Mas uma figura caminha pela estrada de encontro a você.

Os pés se arrastam pelo chão, os ombros curvados puxam um carro que certamente faz hora extra como loja durante o dia e quarto durante a noite. A luz das luas iluminam as muitas medalhas de ouro presas no lenço da velha senhora de cabelos brancos e pele avermelhada. O som de guizos e enfeites pendurados nos chifres assimétricos era uma sinfonia na noite, atraindo o canto de um urutau solitário.

— Boa noite, senhora — você se adiantou. — Como está a estrada essa noite?

— Fresca com a brisa do verão, viajante — ela responde. — E como está a estrada da vida?

— Sempre um grande mistério...

Os olhos dourados brilharam com sua resposta, e a velha soltou seu carro, puxou algo do bolso e caminhou em sua direção. O som das cartas se embaralhado era como as folhas na brisa, que estranhamente parou.

— Uma moeda e o mistério diminui...

O canto do urutau cresceu na noite, e um arrepio subiu até sua nuca. Instintivamente você puxou uma moeda da bolsa e jogou na direção da cartomante, que a pegou no ar e colocou gentilmente sobre o baralho, a prata brilhando na noite como a lua. Ela virou a carta lentamente...

...o que você vê?

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#Desafio dos 365 dias, dia 23:

"A corda torceu a pele do pulso ao puxar os braços para cima, a dor quente da fricção quase imperceptível perto da dor aguda e contínua no ombro torcido. Os pés queriam deslizar no chão gelado, ignorando o esforço que Aleixo fazia para se manter em pé. A água gelada escorria do pano molhado enfiado na garganta para evitar os gritos e cristalizava na barba pelo contato com o ar gelado do inverno que entrava pela janela. O inquisidor não se importava, estava enrolado em um grosso casaco com peles."

O conto "Me perdoe, padre" foi publicado na antologia "Os Horrores da Inquisição", da editora Cartola.

#inquisicao #horror #conto

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#Desafio dos 365 dias, dia 22:

Já imaginou como seria se o Grilo Falante vivesse nos dias atuais? Eu já.

"Meus lábios se aqueceram com o café e o gosto amargo encheu minha boca e alma. Em todos os longos anos nesse corpo novo, gerações e gerações de homens e mulheres, o café era o único amor que sempre me acompanhava, desde lá do velho mundo até aqui. Dei uma mordida no pão de queijo – e esse amor era novo – e observei Samanta com carinho.
— Amiga, espera. — Engoli apressado para aproveitar a pausa. — Como você vai investir todo esse dinheiro? De onde ele saiu?
— Ah, Grilo, eu vou pegar um empréstimo.
— Samanta, você ainda nem terminou de pagar aquele treinamento que você fez! — A voz de Bruna se mantinha doce, mesmo com a bronca. Eu havia acabado de conhecê-la, mas já gostava dela. Ela seria uma ótima consciência."

O conto "Consciência Cansada" foi publicado na antologia "Era uma vez", da editora Cartola

#contodefadas #conto

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#Desafio dos 365 dias, dia 21:

"— Chegou a hora da sopa de pedra! – disse Roisin, segurando os suspensórios como se o ajudassem a ficar em pé. Marino se assustou e esticou o pescoço para olhar dentro da bacia, e ali no meio da água quente estava uma pedra redonda — As algas dão um sabor intenso, Marino, o real sabor da Ilha Esmeralda.
Roisin sorriu para Marino, mostrando seu dente de ouro e coçando a barba ruiva, fazendo-o ter certeza de que aquilo era uma brincadeira com o estrangeiro. Ele olhou para Ciara, que também sorriu mas se levantou ao perceber a dúvida no olhar do amigo e encheu sua tigela. Ele a seguiu e quando se sentou novamente olhou para a sua cumbuca de madeira. Era só água quente ali. Não havia tempero ou sal, estava tudo limpo. Como isso seria o sabor da Irlanda? Ele pegou uma colher e a levou até a boca, cheio de suspeitas. Mas o que ele sentiu em sua língua foi o sabor do mar, tão indescritível quanto as ondas, tão poderoso quanto as marés."

O conto "A pedra na sopa" foi publicado na antologia Ilha Esmeralda, da editora Cartola.

#conto #irlanda #fantasia

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#Desafio dos 365 dias, dia 20:

"— Esse filé está ao ponto! — A batida na bancada do passe fez um estrondo que ecoou pela cozinha.
— Chef, o cliente disse que está crua
— Como crua? Olha o centro, um rosa leve. Isso é uma carne ao ponto! — O rosto enrubesceu e veias saltaram na testa do chef. Se virou para a cozinha e gritou as ordens. — Zé, torra um filé pra esse cara, que ele quer bem passado e podia ter pedido assim antes de mandar voltar dois ao ponto. E checa esse gás, que eu to sentindo cheiro."

E no vigésimo dia do desafio, vou postar meu primeiro conteúdo pago. "Alho e ódio" é um conto que escrevi para uma antologia chamada Romances Infelizes, então já te adianto, essa história termina mal...

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#Desafio dos 365 dias, dia 19:

A capa de Folhas é uma das minhas coisas favoritas no mundo.

Quando decidi que iria publicar essa história que escrevi, contatei um amigo ilustrador para fazer a capa. A primeira ideia era que fosse uma mesa de taverna, com um mapa, um cajado e alguns outros itens presentes na história. A segunda ideia era uma grande cena de batalha, mas esse não era o estilo do ilustrador, e eu queria a arte dele.

Então ele me pediu para mandar um áudio de alguns minutos resumindo a história e, quando ouviu, ele me deu a idéia de colocar na capa a melhor personagem do livro, a Célia.

A ovelha favorita de Shard, personagem principal, transformada magicamente para auxiliá-lo em batalha.

E esse símbolo de folhas dentro do O virou até tatuagem.

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#Desafio dos 365 dias, dia 18:

"Seus olhos castanhos o encararam no espelho do banheiro do café enquanto ele puxava o longo cabelo ondulado que herdara da mãe, o prendia em um coque e ajeitava o colete vermelho sobre a túnica branca que realçava a pele negra que herdara do pai. Levou a mão ao bolso e esperou até sentir as pequenas garras segurando gentilmente na pele.

一 Chegou a hora, amigão, vai dar tudo certo 一 disse ele ao pequeno dragão que se empoleirava nas costas de sua mão. As escamas de Maillard brilhavam do violeta ao azul turquesa e a barriga possuía um forte tom de rosa. 一 Está pronto?

Maillard levantou a cabeça e deu um pequeno sopro de fogo para o alto. Fiero sorriu e saiu do banheiro para o salão do café. Os passos no chão de madeira ecoavam como se fossem ampliados por toda decoração em bronze que havia no local. Fiero passou para trás do balcão e foi conferir o café que estava quase pronto. O dragão voltou para o bolso do barista enquanto ele preparava tudo o que precisaria: bateu o leite quente até que formasse uma espuma grossa e o colocou numa bandeja com as duas xícaras, uma pequena peneira de metal, açúcar e o bule de café."

Caramelo é uma história que acontece no universo de O Legado de Esser, e nasceu da minha vontade de mostrar o cotidiano dos não-aventureiros em um mundo fantástico.

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#Desafio dos 365 dias, dia 17:

A lendas dizem que o Arquipélago Crescente se formou durante a Guerra da Ruína. O impacto da queda de um enorme titã, jogado das alturas pelos deuses que o enfrentavam, moveu a terra e fez subir várias ilhas.

Hoje esse arquipélago é dominado por piratas, que usam seu formato e os recifes a sua volta como forma de proteção, e sua posição estratégica para iniciar suas viagens.

(Ainda esse ano saem histórias nesse arquipélago)

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#Desafio dos 365 dias, dia 16:

Eu quero te pedir um favor. Isso, para você mesmo que está lendo, eu preciso da sua ajuda.

Eu quero ser lido.
E, se você está nessa plataforma, muito provavelmente quer ser lido também, então deve entender meu desejo.

Eu vou colocar os três primeiros capítulos do meu livro aqui nesse post. A sinopse está nos comentários. O meu pedido é que você dê uma chance à minha história.

Eu também criei um clube de Leitura aqui na plataforma para ler esse livro. Se você gostou, junte-se a essa leitura para ganhar uma cópia digital do livro.

Muito obrigado.

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#Desafio dos 365 dias, dia 15:

(Esse é o texto que posteriormente se tornaria a introdução de Folhas)

Todo dia Shard cuidava de uma ovelha. Uma única ovelha. Todo o resto do rebanho pastava sempre nos mesmos lugares, mas Célia era especial. Todos os dias ela subia a encosta onde comia dos arbustos e lambia o musgo. O cajado, um pedaço velho de madeira encontrado entre os arbustos, era só para ele, que mesmo com o corpo jovem precisava do apoio. Célia não precisava de nenhum incentivo, nem para subir, nem para descer; ela sabia as horas melhor que Shard.
E todos os dias Shard via o grande esqueleto. Todos os dias relembrava a história da grande guerra entre os Titãs e os Deuses. A Ruína, era como as pessoas da sua vila chamavam tanto a guerra quanto o esqueleto. Os pássaros voavam em círculos acima do punho da grande espada usada por Ivandra, deusa das folhas, para dar fim ao combate.
Shard não sabia que Utugash era o nome do titã. Não sabia que suas chamas castigaram o vale por décadas. O povo simples de Seme contava apenas dos titãs, como se fossem todos iguais. Ele não sabia que quem brandiu aquela espada um dia também foi uma simples pastora.
Ela que se perdeu dos pais. Que foi criada entre as árvores. Que aprendeu com o som das folhas como alterar o tecido que forma a realidade. Ivandra, deusa das folhas, nasceu da terra, mortal. E como mortal sentiu as chamas de Utugash. E com sua magia ela se levantou, alta como o titã, desafiadora. As chamas como um chicote estalavam à sua volta, hostes de pássaros horrendos, de osso e fogo, gritavam ao seu redor
Mas sozinha ela enfrentou o inimigo. Uma, duas, três vezes o titã a jogou ao chão com sua imensa força. E três vezes ela se levantou. Uma, duas, três vezes as chamas atacaram seu corpo, e as três vezes ela resistiu. Ivandra viu o fogo consumindo a terra onde cresceu, a terra que protegeu. E com a terra o derrotou.
Das pedras de uma colina formou a grande espada. E nela Ivandra colocou sua essência e poder: que sua vida acabasse, mas que os ossos do titã ficassem para sempre presos nessa terra, para nunca mais renascer. Com uma investida ela derrubou o inimigo, e com um golpe enterrou a espada através do titã no corpo pétreo da montanha.
Em um brilho quente como o sol, Ivandra foi consumida. As chamas de Utugash se foram, e seu corpo absorvido pela terra.

(Continua nos comentários)

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#Desafio dos 365 dias, dia 14:

Solimë é a capital do Gran-Ducado de Chiaro, onde o Doge Regente governa. Localizada em um istmo que liga o Chiaro ao continente de Tregarost, ao Norte, a capital é a última cidade antes da fronteira com o reino élfico de Melliamne. Fundada pelos heróis Lupo e Leone, que com machado e espada em mãos unificaram o país e aumentaram sua defesa contra os ataques dos Volsungues.

Ao passar a primeira muralha você, viajante, se encontra no que a população chama de "o Meio". Aqui você encontrará encontrar diversas tavernas, como a Corurso Prateado (que antes se chamava O Gigante Dançarino) ou a Grimório Manchado (que é exclusiva para magos e seus acompanhantes).

Ao passar da segunda muralha, passará para "Dentro" e encontrará a parte mais rica da cidade. Aqui ficam os templos aos deuses da Luz, do Mar e da Sorte, além do Mercado Municipal e vários mercadores.

A última muralha abriga o Palácio do Doge, que observa a cidade do alto, à beira de um alto precipício.

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#Desafio dos 365 dias, dia 13:

Já me perguntaram muitas vezes de onde veio a inspiração para escrever meu primeiro livro, e cada vez eu dei uma resposta diferente. "Eu gosto de inventar história desde criança", "eu queria jogar RPG mas meu horário não batia com meus amigos", "me deu vontade de ter mais uma profissão que paga mal"...

Mas a verdade é que a inspiração veio de um desafio do Facebook. Era uma ilustração, um esqueleto gigante atravessado por uma espada gigante caído na encosta de uma montanha, tudo isso sendo observado por um homem puxando um animal por uma corda. E o desafio era escrever uma história curta sobre a imagem.

E eu escrevi a história de um jovem pastor que observava o esqueleto do grande titã sem saber que carregava o cajado da heroína que o derrotou.

Com o texto pronto, eu quis continuar a história de Shard, por mim mesmo. Mas, por sorte, eu tenho ótimos amigos que também queriam ler essa história.

E o que me inspirou de verdade foram eles.

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#Desafio dos 365 dias, dia 12:

Ash nasceu durante a viagem de seus pais para o Norte, fugindo de Zahlet. Sua mãe, grávida, entrou em trabalho de parto na região do Pianto, em Chiaro, perto de Seme. O parto foi auxiliado por uma acólita do Templo de Cailtir, o deus da Luz, que deixou seu amuleto de presente para a recém nascida.

Faruk e Oma decidiram chamar a filha de Durash, em homenagem a uma heroína lendária, mas, em Seme, foi sempre chamada de Ash. Ela cresceu na pequena vila, sempre levando o amuleto do deus da Luz em seu pescoço, sonhando com o dia que iria ao templo.

Não demorou muito para que ela e todos ao seu redor percebessem que ela não seria uma clériga ou sacerdotisa; Ash demonstrava, desde cedo, uma determinação ímpar e muito talento para competições físicas. Ganhou campeonatos de corte de lenha, arremesso de troncos e queda de braço. Apesar de não ser tão alta, a garota estrangeira era uma das pessoas mais fortes de Seme.

Então ela começou seu treinamento para ser paladina. Improvisou uma grande marreta com o que encontrou em casa e pediu a seu irmão que desenhasse monstros em pedaços de madeira velha e mofada. Treinou os golpes, o manejo do martelo e do machado, mas preferia a arma mais pesada. E ganhou uma nova do ferreiro Filippo quando afastou da cidade um pequeno bando de goblins.

Quando atingiu a maioridade, deixou a família e viajou para a capital, em busca de seu treinamento no templo de Cailtir. Se dedicou com toda sua vontade, vivendo dia e noite buscando seu objetivo de se tornar uma paladina. Passava horas nos campos de treinamento, meditava sem parar e lua todo material oferecido pelo templo enquanto andava pelas ruas de Solime, à procura de um sanduíche para seu almoço. Tanto que, em uma dessas distrações, teve sua carteira roubada.

Ela quase abandonou tudo quando soube do acidente do pai, mas seu irmão insistiu que ela ficasse e completasse o treinamento. E quando finalmente se tornou uma paladina, decidiu que era hora de visitar a família, para contar essa e outra novidade...

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#Desafio dos 365 dias, dia 11:

Melliamne é o maior reino élfico de Esser, com a maioria da sua população formada por elfos solares e elfos silvestres. E nesse reino adentrou uma humana, uma camponesa da distante Longland, buscando o pai da criança que trazia em seu colo.

Entre falsos sorrisos e comentários abafados, a criança foi aceita por seu pai, o príncipe, e recebeu o nome de Anne Catherine, um nome comum entre os elfos. A mãe recebeu uma casa confortável perto do palácio em Couronne, para que pudesse visitar sempre a filha, que crescia rapidamente em comparação às crianças élficas, chocando a família real. Já na adolescência ela notava que não era bem vinda na corte, mesmo que a etiqueta impedisse que dissessem isso abertamente. Então ela passou seu tempo entre as Chacerresse, um grupo de caçadoras e guerreiras, voltando apenas para descansar na casa da mãe.

Ela dominou o uso do arco e da espada, as técnicas de rastreamento e sobrevivência, e se tornou notória em poucos anos, um tempo curtíssimo entre os elfos. Seu sucesso não passou despercebido por seu pai, que a concedeu um presente à sua escolha.

Ela pediu apenas para ser enviada a outro país, onde pudesse se aventurar como emissária de Melliamne, para que pudesse conhecer o mundo em sua curta vida. Ela foi enviada diretamente à capital de Chiaro, próxima da fronteira Sul do reino, onde poderia auxiliar o Ducado e adquirir a experiência que tanto queria.

Assim que deu o primeiro passo além das sobras das árvores de Melliamne, ela decidiu abandonar a versão élfica de seu nome, escolhida pelo pai, e usar apenas a versão original, o nome da mãe de sua mãe. Dali em diante, ela seria Caetlynn...

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#Desafio dos 365 dias, dia 10:

Em Esser, meio-orcs são conhecidos por sua força física e ética de trabalho, tanto que qualquer trabalho não manual é mal visto nas cidades livres. Um meio-orc trabalha honestamente, com a força de seus dois braços, dada por Valadar, o deus da vontade.

Foi nessa sociedade que Percival de Toledo nasceu. Filho de um armador e uma ferreira, aos poucos descobriu muito mais prazer ao ler e compreender os muitos manuais que haviam em sua casa que ao construir as embarcações com seu pai ou ao malhar o ferro das armaduras com sua mãe. Se interessou por história, geografia, filosofia, matemática. Descobriu que, ao final de um longo dia de trabalho, quando todos estavam cansados e queriam apenas descansar, sua mente estava limpa, organizada, e ele só desejava estudar.

Quando um famoso mago, Vlorefel, procurou a melhor ferreira entre os meio-orcs em busca de uma armadura que seria encantada para o Doge, se surpreendeu ao perceber uma forte aura mágica em Percival.

Para evitar a vergonha pública, Percival fingiu que ia à capital aprender os segredos da forja de armas, para complementar o ofício de sua mãe. Mas seguiu Vlorefel para ingressar na Academia Arcana sob sua tutela por alguns anos.

Suportou o preconceito de seus colegas de classe, que o consideravam inferior, e o julgamento de muitos meio-orcs da capital, que diziam que sua carreira era uma perda de tempo. Cheio de vontade de se provar, Percival pediu a seu mestre que o enviasse em missões de exploração...

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#Desafio dos 365 dias, dia 09:

Rovinne Frenzi é uma tocada-pelos-planos (ou, simplesmente, tocada). Esse é o nome que dão aos que têm sangue infernal ou celestial correndo nas veias. O tratamento que recebem esses dois tipos de tocados é muito diferente, e ela sempre agradeceu a sorte de ter chifres, não asas. Assim ela e seu irmão, Mordai, não foram transformados em oráculos em templos ou forçados a uma vida de paladinos.

Mas isso significou uma vida de desconfiança e preconceito. Com a morte de sua mãe, ela e seu irmão se separaram. Ele se embrenhou em florestas mundo afora. Ela resolveu usar sua agilidade e inteligência - além de seu desprezo pela gendarmeria - para criar uma carreira como gatuna.

Ela bateu carteiras, abriu fechaduras, subtraiu itens e libertou prisioneiros até se tornar notória e altamente requisitada pela Cozinha, uma das maiores organizações criminosas do país. Mas ela nunca quis se afiliar, para Rovinne, a confiança entre ladrões bastava.

Mas um dia ela bateu a carteira da paladina errada, e sua vida virou de cabeça para baixo. Em pouco tempo ela assumiu um novo nome, Sorte, e partiu para a pequena cidade de Seme, sem saber que uma aventura a esperava...

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#Desafio dos 365 dias, dia 08:

Os pais de Shard nasceram em Zahlet, um califado ao sul de Chiaro. Sua mãe era da nobreza e seu pai era um pastor e, por isso, seu relacionamento não era permitido. Uma cartomante avisou a Oma que ela deveria criar seus filhos longe do califado, e foi assim que ela descobriu estar grávida de sua primeira filha, Ash.

O casal então fugiu, cruzou o deserto e se juntou a uma caravana que partia para o norte. No caminho, Faruk ouviu de sua esposa todas as histórias que ela aprendera nos livros, e se apaixonou pela história de Durash e Rishard, irmãos que lutaram juntos na Guerra da Ruína.

A irmã de Shard nasceu durante a viagem, e o casal decidiu firmar suas raízes na cidade de Seme, a poucos dias da capital. Faruk comprou o rebanho de um velho criador de ovelhas e sua casa. Dois anos depois, Shard nasceu.

Ele cresceu em Seme, sabendo pouco do país de origem de seus pais, sentindo-se um forasteiro nos costumes locais. Cresceu sonhando em sair de Seme e ir à capital, como a irmã fizera antes. As vezes pensava em ser um médico, outras em trabalhar para o Ducado. Mas, quando seu pai caiu e machucou o joelho, viu que deveria assumir o rebanho e as responsabilidades da família.

Aos poucos, se apegou ao trabalho, se acostumou com a rotina, e o desejo de ir embora diminuiu. Shard Rein se tornou um pastor, e a sua única aventura era subir a encosta da montanha com Célia, sua ovelha favorita. Numa dessas viagens ele até encontrou um velho cajado...

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#Desafio dos 365 dias, dia 07:

O Gran-Ducado de Chiaro já foi uma região formada por vários estados independentes. Sob ataques contantes dos povo Volsungue e de Dotsk, os herói Lupo e Leone conseguiram unificar a nação.

Séculos depois, sua posição central no mundo a tornou uma grande potência comercial e um país que abriga muitos povos. Andando pelas ruas de cidades grandes como Solime, Ravina, Porto Verde ou Ner'acqua não é difícil encontrar gente de todas as raças e muitas etnias.

Isso não quer dizer que o país é um mar de rosas. Várias organizações criminosas lutam pelo controle informal do país, as mais fortes sendo a Cozinha e a Mandrágora.

Esse país atrai muitos aventureiros atrás de tesouros esquecidos e segredos antigos.

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#Desafio dos 365 dias, dia 06:

Resolvi que vou usar esse desafio para falar do mundo e os personagens de Esser, o cenário dos meus livros.

Esser é um mundo que criei com base em "e se...". E se a Itália se unificasse durante o Renascimento? E se a União Ibérica fosse permanente? E se o contato com os povos das Américas não tivesse sido invasivo?

Foram muitos e-ses para criar um mundo onde, na época, minhas campanhas de RPG aconteceriam. Quando veio a vontade de escrever, a história naturalmente nasceu nesse mundo, no interior do Chiaro, um país inspirado por meus longos estudos da arte e gastronomia italiana.

Nós próximos dias vou postar sobre o mundo, os locais e os personagens.

E aos assinantes, além de contos que acontecem em Esser, material que pode ser usado em suas campanhas de RPG.

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#Desafio dos 365 dias, dia 05:

O desafio hoje pediu para falar de um livro do meu autor favorito, mas eu já falei tanto de Tolkien nesse desafio, que achei meio trapaça falar dele de novo.

Portanto passo para o segundo favorito e o seu Guia do Mochileiro das Galáxias. Esse livro foi o primeiro a me fazer rir alto e sozinho. O Restaurante no Fim do Universo, segundo livro da série, é o meu favorito absoluto.

Seja um mingo dupal, saiba onde está sua toalha, e leia Douglas Adams!

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#Desafio dos 365 dias, dia 04:

O mar tem um jeito de fazer a gente fantasiar, né?

Se o sol está mostrando as caras, a areia se transforma em um longo deserto, cheio de dunas escaldantes e caravanas com tesouros e especiarias. Se o tempo está fechado, o mar se torna uma tempestade onde navios piratas batalham contra uma maré impiedosa.

Quantos casais se apaixonaram nessa praia? Quantas juras de amor? Quantos pedidos aos deuses pelo fim após um coração partido?

Essas ondas vêem e vão e viram muito mais histórias do que eu serei capaz de ler em toda minha vida.

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#Desafio dos 365 dias, dia 03:

Sei que eu corro o risco de você me considerar um desses leitores de fantasia que só lê Tolkien, já que é só dia 03 e eu já estou citando ele pela segunda vez. Mas eu tenho uma história para te contar.

Quando eu me tornei professor de Inglês, na minha vintolescência, eu pensei que um bom jeito de me acostumar com a gramática da nova língua seria ler livros em Inglês. Isso foi antes da amazon, quando a maioria dos nossos livros era comprado em lojas ou em promoções malucas do submarino.

Então eu fui a uma grande livraria na Avenida Paulista, onde amigos me disseram que eu poderia encontrar livros baratos em inglês.

E por quarenta reais eu achei esse examolar de O Senhor dos Anéis. E por mais quinze esse de O Hobbit. Nesse dia eu decidi que leria essas duas obras em todas as línguas que aprendesse.

Agora o meu problema é achar esses livros em italiano!

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#Desafio dos 365 dias, dia 02:

Talvez você vai querer me xingar por conta disso, mas espera um pouco. O livro que eu mais odiei foi Dom Casmurro. Calma, calma, calma, deixa eu explicar.

Li Dom Casmurro no ensino médio, época em que sonhava com a faculdade de arquitetura (mal sabia que esse sonho seria um grande pesadelo), então toda a minha atenção para manuais de desenho, livros de história da arte e revistas de arquitetura. Digo isso, é claro, para esconder o fato de que passava as aulas de literatura desenhando pelos cadernos e bolando planos para escapar da escola e ir andar de skate na rua.

Li Dom Casmurro sem prestar um segundo de atenção na professora, então não estava preparado para a obra. Me serviu para fazer piadas de um certo protagonista (que ninguém me convence que não era bissexual) e nada mais.

Sinto que se desse mais uma chance para o livro, teria contato com outra história.

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#Desafio 365 dias, dia 01:

O Hobbit, de J.R.R. Tolkien, prendeu minha atenção em 2003, quando a minha escola estadual na Zona Leste de São Paulo ganhou sua biblioteca. Os alunos foram incentivados a pegar livros em troca de pontos extras nas atividades de Português. Eu, mesmo sem precisar dos pontos, estava apenas curioso para entrar, pela primeira vez em uma biblioteca.

A professora substituta que tinha assumido a responsabilidade de cuidar da pequena biblioteca - uma sala de aula reformada para abrigar as prateleiras de livros novíssimos doados pelo governo - me perguntou o último livro que havia lido e gostado. Na época era algum dos livros da série do bruxinho que cresceu e entrou pra polícia federal. Ela sorriu e me entregou um livro com uma capa azul e disse:

- Esse aqui não tem varinhas, mas tem magia e dragão!

Obrigado, professora Gisele, por me apresentar a esse livro que vai me acompanhar até o final de minha vida.

#Link365TemasLivros