Não me defina com a palavra deficiência
Falo com franqueza
O que eu sou surge em tudo, menos fraqueza.
Classificar as pessoas por uma ausência
É evidência da carência de afeto,
Aqui, minha queixa se conecta com os sem-teto.
Faz bem lembrar também:
“Pessoa com necessidades especiaisâ€
É exatamente quem?
Até onde eu sei
Todo mundo tem.
Poesia move,
Motiva
Quebra de expectativa!
Causa os necessários embaraços
Em qualquer atitude que cultiva
Deficiência nas ideias e espaços.
Só lamento por quem contou com meu isolamento
Porque acabou desolado.
Conveniente convenção
Misturar segurança com segregação,
Mas que o sistema não se distraia:
Vou escapar de todo local controlado,
Me falta vocação pra cobaia.
12
Nenhuma ignorância capta
Uma marcante obviedade:
Toda capacidade se adapta
E o diverso se desperta na adversidade.
Redução maior que a da minha mobilidade
Está na disposição da sociedade
Em aprofundar algo mais que a má vontade,
Agora capaz de dizer o desatino
De que carrego algum castigo divino,
Ou que por um pecado pregresso, talvez perecer eu
merecesse
Como se eventualmente ninguém envelhecesse,
Parecendo mesmo obrigatório ou natural
Me tornar, se muito
Herói de sofrimento e superação
Pra quem tem um intuito:
Superar a crise de audiência dominical na televisão.
Me chamem pelo meu nome,
É o pedido de uma vida inteira,
Deficiente
É a mentalidade que levantar barreira.
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