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CrisRibeiro

CrisRibeiro

Ativo

Selo L1 Selo 365

Signo no Universo em Órbita:

Regulatêneo

CrisRibeiro
CrisRibeiro @CrisRibeiro

#Desafio149

🅢🅔🅧🅧🅧🅣🅞🅤

Teus pelos,

meu olhar:

minhas mãos

a deslizar.

Tuas pintas,

o meu fraco:

minha língua

a mapear.

Teu desejo,

os meus lábios :

meu pescoço

a ritmar

Teu suspiro,

meu prazer.

Minha aflição:

te ver gozar.

Teu gemido,

meu sorriso:

minha boca

a se fartar.

Teu carinho,

meu amor.

Nossas mãos

a entrelaçar.

Cr💞s Carneiro

CrisRibeiro
CrisRibeiro @CrisRibeiro

#Desafio148

Inteira

Sou a escolha
que espera
ser feita.

(por mim)

A dança
entre o risco
e o enraizar.

Nada de metade.

Meu desejo
não é tropeço:
é bússola de pele.

Meu tempo é colheita.
Sei onde sangro,
sei onde floresço.

Me basto.

Mas, se quiserem ficar,
que venham com as mãos nuas
e o coração
sem tréguas.

Cr💞s Ribeiro

CrisRibeiro
CrisRibeiro @CrisRibeiro

#Desafio147

A chuva chove
os olhos, olham

A ansiedade?
Ansia, ora bolas!

Tudo é.
Menos o amor…

Preguiçoso,
se espreguiça no limiar
e não se atreve.

Que medo de tentar!

Cr💞s Ribeiro

CrisRibeiro
CrisRibeiro @CrisRibeiro

#Desafio146

Não mata de uma vez.
Corteja.

Faz do corpo
violino em desatino,
encordoado em nervo,
arqueado em angústia.

É flor do mal
sem vaso.
Não carece jardim:

brota do sangue,
na veia do “tanto faz”.

Cheira amargo:
infância mal digerida,
conselho de mãe cansada.

Dá náusea.

Não,
não é alcaloide.
Não é estricnina.
Não é veneno vendido.

É só a consciência.

Essa vadia elegante
que te visita
ao romper da manhã,

ensinada por infelizes
a se importar com todos
e esquecer de si.

Como uma puta.
Ou uma metralhadora de afetos
em forma de mulher
que, por ser,

já morre
de si.

Cr💞s Ribeiro

CrisRibeiro
CrisRibeiro @CrisRibeiro

#Desafio145

Em Trânsito

Nunca
os vi.

Nunca.

Mas
nos lemos
por dentro.

Nos salvamos
em madrugadas tortas,

sem toque,
sem rosto.

Presença que atravessa,

não é tela.

É
pele.

Agora
vou.

A estrada:
rito.

Travessia para
tornar
carne

o que já
era
coração.

Urgência
do
tato.

fim
de
exílio,

fome
de
abraço,

olho
no
olho.

Suor.

Riso.

Presença.

Ao vivo.

Não é São Paulo,

são
eles.

Vozes
que
me
cabem.

Amores
que
me
invadem.

Afetos
que
o
corpo
desconhece,

mas
a
alma…

chama
de
casa.

Dia doze:
partida.

Dia treze:
encontro.

Meu mundo
se rende:

sentimento,

verdade.

Sem distância.

Cr💞s Ribeiro

CrisRibeiro
CrisRibeiro @CrisRibeiro

#Desafio 144

🅢🅔🅧🅧🅧🅣🅞🅤 ❤️‍🔥💞❤️‍🔥

Cio

Vem.
Agora.

Sem aviso,
sem palavras.

Arranca minha roupa com os dentes.
Com raiva.

Me cola na parede,
me faz saber o que é ser tua.

Vira.
Usa.
Faz.

Se restar algo de mim,
que seja o gosto da tua saliva.

Tô aqui.
Queimando.

Te esperando como quem sangra o tempo.
Meu corpo: função da tua fome.

Não quero promessa.
Nem futuro.

Quero teus dedos cravando.
Tua voz enterrada no meu grito.

Teu prazer na minha pele,
tua ausência latejando.

Me toma
como bicho.

Mas não promete nada depois.

Hoje
é só cio.

E silêncio.

Cr💞s Ribeiro

CrisRibeiro
CrisRibeiro @CrisRibeiro

#Desafio143

Devaneio em Dó Maior

A hora
(amante distraída)
passa
me deixando no abandono.

Um corpo que finge estar presente
enquanto a alma flutua
despida
num céu sem chão.

Tempo estendido
no varal do talvez.
Seca lento
cheirando a promessas não ditas.

Devaneio:
o lençol onde me deito
quando a realidade pesa.

Crepúsculo dissolve
o que eu jurei cumprir.
O que eu desejei ardentemente…
e não ousei tocar.

Minhas ideias
despenteadas, sensuais
indomáveis
fogem ao toque da razão.

Labirinto.
Cada escolha é uma dança com a dúvida:
mais uma volta
em mim.

O sossego é só maquiagem.
O incômodo
esconde-se sob a pele
feito desejo calado.

Vertigem.
De tudo que pulsa.
Do que espera.
Do que clama.

Ausência.
De ação
de coragem
de nudez emocional.

Vácuo.
Lugar onde o querer
treme diante do fazer.

E então me embriago
com a promessa mais suave
e mais cruel:

Amanhã.

O nome mais bonito
da mentira.

Cr💞s Ribeiro

CrisRibeiro
CrisRibeiro @CrisRibeiro

#Desafio142

O Que Já me Queima

Vida pouca,
pequena.

Quisera um compasso
(ou febre)
pra dilatar o instante
em que, enfim,
te houver.

Que minha pele,
(ainda virgem da tua)
saiba arder a eternidade
num só segundo:

tempo nenhum bastando
pra aquilo que já me queima
e consome
antes mesmo
de ser.

Cr💞s Ribeiro

CrisRibeiro
CrisRibeiro @CrisRibeiro

#Desafio141

Noite no centro:
olhos cegos, mãos nuas.

Espadas cruzam.

Silêncio zingra,
acende o fogo,
morde a carne,
sangra sem aviso.

O peito, covarde, hesita.
Gota seca,
copo vazio,
ninguém vai encher.

Não se mente para dentro:
corte o talvez,
arranque o “se”,
fode a dúvida até ela gritar.

Diz teu nome,
pelada,
sem pedir desculpa
por querer,
por queimar,
por viver.

Não tem prêmio,
não tem castigo,
só consequência.

Você é tudo.
Por que ajoelhar-se
pedindo permissão
para ser amada?

Ama-te primeiro,
sem bênção,
sem perdão.

É o fim.
Ou começo…
Nunca mais como antes.

Levanta,
espelho,
desnuda o desejo:

tempestade que sussurra,
fúria que acaricia a alma,
vento que derruba a calma,
sem ousar disfarce:

Incinera tudo.

Sê inteira.

Cr💞s Ribeiro

CrisRibeiro
CrisRibeiro @CrisRibeiro

#Desafio140

Partitura da Falta

O real
escapa

me
assusta.

Sigo
na marcha silenciosa
da falta

do que nunca foi meu
e ainda assim
me move.

Causa do meu desejo:

tão perto
que queima

tão presente
que fere.

Visceral.

O gozo impossível
não me curva.

Me ergue.
Me afirma.

Sou mulher
na corda bamba
do querer:

barrada
cortada
castrada.

Não posso
ter tudo.

Mas desejo.

E o desejo rasteja
circula
lateja.

Insiste
mesmo sem razão
mesmo sem licença.

A angústia
rasga o peito
sem nome certo.

Desloca
condensa
encena.

Alerta vermelho:
o perigo mora dentro.

Ali
sob o tapete
varri
o que recusei sentir.

Cr💞s Ribeiro

CrisRibeiro
CrisRibeiro @CrisRibeiro

#Desafio139

Leve, Lá Dentro

Pés no mato,
o chão respira,
transpira aroma verde
com notas de liberdade.

Trilha que serpenteia
até paragens doces:
lá dentro.

Ali, é ela:
leve,
desfeita no tempo,
em pedaços de vento.

Cada passo
descalça certezas.

Sorriso que nasce,
regado de orvalho,
banhado de Sol.

Sol que ama
quem se atreve
a se ver:

nua,
inteira,
incendiada.

Cr💞s Ribeiro

CrisRibeiro
CrisRibeiro @CrisRibeiro

#Desafio138

Feitiço

Silêncio:
expectativas desbotadas.
Lençol esquecido no varal
de um amor que não seca mais.

Fui temperança,
plantei paciência em terra rachada,
reguei com esperança:
engoliu-me o deserto.

O tempo não é santo,
não conserta,
não cura tudo.

O amor não basta.
Sozinho, cansa.

Fingi não ver.
Fingi não doer.
Fingi que esperar era amar.

Atriz do próprio abandono,
roteiro escrito à lápis,
alma gritando entre cenas.

A hora de cortar o nó
badalou dentro do peito.
Sem piedade.

Algo morreu.
Não te culpo,
nem me culpo mais.

A vida não é tribunal,
é estrada.
E eu sigo.
Nem sempre reta,
mas sempre minha.

Sou feitiço,
não súplica.

A minha escolha
sou Eu.
Mesmo depois da queda.
Ou talvez…

por causa dela.

Cr💞s Ribeiro

CrisRibeiro
CrisRibeiro @CrisRibeiro

#Desafio 137

🅢🅔🅧🅧🅧🅣🅞🅤 ❤️‍🔥💞❤️‍🔥

Língua na Curva

Flor se abre,
molhada.
Lua: cúmplice,
calada.

Sussurro rouco.

Minha sede
é tua dobra.
Tua pele
nunca foge.

No vão da perna,
minha boca
silencia,
arde,
implora.

Tua entrega
me devora.

Lençol no chão.

Tua sombra
me atravessa.
Cada gesto
uma promessa.

Meu peito arfa,
ritmo cru
dos teus dedos.
Minhas coxas,
teus segredos.

Tua carne pulsa.
Te penetro com a fala
e com a língua…
calas.

Teu gosto me guia.

Me afundo
até a espinha.
Sou fome
que te alinha.

Espasmo violento.
Chuva
arde em meu queixo.
Teu gozo
no meu beijo.

Me habitas inteira.

Teu prazer
me incendeia.
Sou vulva.
Fogo.
Fogueira.

Meu corpo é tua prova.

Tua boca
me conduz.
Sou mulher,
não peça:
me traduz!

Cr💞s Ribeiro

CrisRibeiro
CrisRibeiro @CrisRibeiro

#Desafio 136

Querer Ser

Riso que veste tua dor,
disfarce de carnaval.

O que te rasga por dentro
quando empurra ao fundo:
quieto.

Vidro quebrado
que não se esconde
sob o tapete.

Feridas viram rotina,
medos sussurram
em lábios entreabertos
exaustos da espera.

Sonhos deixados no acostamento,
entre uma escolha e outra,
te acordam afobada
por temer a derrapada.

Mil versões,
um só nome.

Prazos, metas, boletos.
A existência pendurada
no último cabide
do guarda-vidas.

Te esqueces:

Ser é verbo que exige mergulho.
É se ver no espelho
e escolher acender,
escolher querer.

E,
mais que tudo,
querer ser.

Cr💞s Ribeiro

CrisRibeiro
CrisRibeiro @CrisRibeiro

#Desafio135

Canto

Para dispersar
todo o pranto

perder-me
em encantos

dissecar
a alma

expor
o matiz
da dor

E ao ardê-la:
me levanto

me estiçalho
me recolho
me espalho

ou me espantalho.

Cr💞s Ribeiro

CrisRibeiro
CrisRibeiro @CrisRibeiro

#Desafio 134

Cárcere Desejado

Espelho
do meu infinito:
Amo-te

com a serenidade
de quem sabe
e a vertigem
de quem se perde.

Sou.

E, sendo,
desdobro-me
em mil versões
que só tua presença
desnuda.

Mais madura
ainda crua ao toque
tocada

pela ternura nos teus olhos
quando me vês
sem defesa.

Teu amor:
cela e céu.

Me aprisiona em liberdade,
me solta
com algemas
de vento.

Te pertenço
como a noite
pertence ao delírio:

Entregue, escura, eterna.

Cr💞s Ribeiro

CrisRibeiro
CrisRibeiro @CrisRibeiro

#Desafio 133

(Imersa)

Aturdida.
Invadida.
Molhada.

Ar?
Suspiros
cor/ta/dos.
Naufrágio.

(Só o doce)

Não-tragédia
é desejo.

Desejo o fundo:
insanamente.

Virar água.
E sal.
E ti.

Me dissolver em você.

E depois,
talvez,

nascer
de novo.

Mais uma vez
renascer.

(Ou não.)

Cr💞s Ribeiro

CrisRibeiro
CrisRibeiro @CrisRibeiro

#Desafio 132

Agraciada Sou

Filha de Carminha,
tempestade
mansa.

Mãe de Luísa,
meu verbo
mais bonito.

Sou aprendiz do amor:
com tropeço,
com reza,
com sangue gritando nas veias
e abraço largo,
feito abrigo.

Hoje,
uma falta.
A outra,
solta.

Mas o que me costura
por dentro
é essa linha invisível,

bruta,
delicada.

Afeto espesso,
doçura áspera,
rigor que firma
o chão
de quem ama.

A certeza de ter sido querida
é raiz
no tempo que me coube.

E o desejo,
nu,
sem rodeio,

que o bem abrace forte
quem cruzar meus passos,
sempre vem.

Sempre.

Cr💞s Ribeiro

CrisRibeiro
CrisRibeiro @CrisRibeiro

#Desafio 131

Acuso você
por tudo
que sou

por medo de ser
o que em mim
ressoa
(eu engulo).

Te faço espelho
embaçado:
ver-me
é vertigem.

Projeto em tua pele
as minhas sombras

aponto o dedo
sem sangrar.

Covarde
me escondo
no reflexo
do teu olhar.

Condeno-te
sem lâmina

para que eu siga
intocada.

Mimada
em fugas

protegida
na redoma
de desculpas
ensaiadas.

Mas se tocasses
meu lado B

encontrarias
a chaga viva
o caos manso

a menina
que aprendeu
a não doer
em voz alta.

E tua alma
(tão pura)
talvez tremesse.

Sem filtro
sou farpa.

E no gesto de amar
rasgo.

Dói
em ti.

Mas em mim
dilacera devagar:
agulha cega
bordando carne crua.

Cr💞s Ribeiro

CrisRibeiro
CrisRibeiro @CrisRibeiro

#Desafio130

Areia Movediça

Não foi justo
ter permitido.
Tarde demais,
fiz-me presa.

Afundo em ti:
areia movediça
de um amor sem fim.

Não tento escapar.
Ignoro os cipós lançados.
Salvar-me de quê?

Quero ser engolida,
mastigada,
deglutida.

Quero a prisão.

Cedo demais,
fui permitida.

E é justo,
justíssimo,
morar na tua imensidão.

Cr💞s Ribeiro

*** A você que permitiu: não foi descuido.
Foi abrigo. Foi casa. Foi sim. E segue sendo.

CrisRibeiro
CrisRibeiro @CrisRibeiro

# Desafio 129

🅢🅔🅧🅧🅧🅣🅞🅤 ❤️‍🔥💞❤️‍🔥

Um olhar
me come,
uma boca
me despe:
lenta,
desarmada.

Um cheiro
enxerga
cada desejo
desatinado
que se abre
no leito
quando
me sinto
em teu peito:
frágil,
mas inteira.

Uma mão
me aspira,
uma língua
me ausculta;
uma voz
rouca
arranha
suspiros,
gemidos;
ferroa
prazer.

Só eu
e você.

Toda
noite,
a noite
toda.

Vais
querer?

Cr💞s Ribeiro

CrisRibeiro
CrisRibeiro @CrisRibeiro

#Desafio 128

Coração Desalojado

Meu peito:
um quarto vazio.

Vivo
por teimosia.

É certo:
aqui não mora mais
coração.

Músculo ingrato.
De tanto pulsar por outro,
abandonou-me.
Sem mais.

Sem bilhete.
Sem cerimônia.
Sem olhar para trás.

Mudou de corpo
como quem muda de estação:
satisfeito.

Morando no leito
de quem tanto desejou.

Fiquei eco.
Ausência.
Poema.

Não julgo
a sua ousadia
(invejo).

Quisera eu,
todo dia,
domada por encantos
e alegrias miúdas,
descansar
onde mora a poesia.

Onde mora ele.

Onde repousa
e suspira
aquele que não soube
ficar.

Cr💞s Ribeiro

CrisRibeiro
CrisRibeiro @CrisRibeiro

#Desafio 126

**ATUALIDADE**

Evangelho segundo São Julgamento
(versículo dançante)

E foi assim:
dias de show,
glitter no céu,
fé tremendo
no salto quinze.

Ela veio:
couro, coragem,
coração remixado,
talento a mil.

Do outro lado,
bradaram
homens de vitrine
(crucifixo no peito,
pornografia no histórico):

— Ela canta! Ela pensa!
Logo, é o demônio!

Mas surgiu,
entre bíblias e pecados,
um influencer gospel,
olhos culpados.
Inflamou:

— Quem nunca sambou
na própria hipocrisia,
que atire o primeiro tweet.

Silêncio.
Stories apagados.
Lábios trêmulos.

Os dançantes
abriram os braços,
ergueram o salto,
deram glória.

Beijaram sem medo,
amaram sem culpa,
desceram até o chão
com o Espírito do pop
manifesto nos quadris.

E foram salvos.
Não por medo,
mas por verdade.

Que nos protejam dos castos
sem desejo.
Dos santos sem amor.
Dos fiéis sem alma.

Amém, Gaga.

Aleluia, amor.

Cr💞s Ribeiro

CrisRibeiro
CrisRibeiro @CrisRibeiro

#Desafio 125
💞💞💞💞

Te encontro
no espaço
entre versos perdidos:

pausa precisa,
vírgula
depois do suspiro.

Sem rima,
ainda assim
melodia.

Teu som
me atravessa
antes da tua pele.

Tua boca
é vanguarda.
É linguagem.

Tece fonemas na minha carne,
sem consoantes,
com o sal do desejo.

Tu és verso solto
em corpo de homem.

Devasso no detalhe,
terno
por perversão.

Sou tua página arrancada.
Metáfora suada.
Rastro
de palavra entreaberta.

Te ler
é ir embora de mim.

Te ouvir
é retorno
com febre.

Escreve em mim, poeta:
com tua letra indecente,
tua fome antiga,
tua culpa
de quem goza doído.

Serei teu pergaminho.

Mas aviso:
textos eternos
também queimam
se a mão versa demais.

Sob o risco de nos consumir,
te peço:
fica.

Até teu cheiro,
tua escrita,
grudarem
na curva
da minha nuca.

Cr💞s Ribeiro

CrisRibeiro
CrisRibeiro @CrisRibeiro

#Desafio 124

Pelos Teus Pelos

Vai chegar o dia
em que o desejo,
inflamado no peito,
se sufoque no leito
em gemidos.

Mais de nós.

Ah!
Vai chegar com pressa…

E o corpo,
farto de se prometer,
vai gozar
a paz quente
da pele encostada.

O amor
ensandecido,
entre tantos gemidos,
sorrirá aliviado.

Sim.
Simples.
Suado.

Sem dor.
Sem palavras.

Serei só
calmaria:

saudade
exorcizada,

nos teus pelos
enraizada.

Não sou mais eu,
sou você.

De carne
e alma,
cama
e calma.

Em mim,
enfim,

o todo.

Cr💞s Ribeiro

CrisRibeiro
CrisRibeiro @CrisRibeiro

#Desafio 123

Jaz

Já é jaz,
mas
jaz com pulso.

finge-luto,
veste-susto,
dribla-cruz,
engana-lápide.

viva no escuro:

olhos de farol quebrado,
unhas sujas de amanhã,
veias batucando segredo
que ninguém traduz.

cuspe de relâmpago.
o fígado,
em braile,
escreve epitáfios
de bocas
que o grito
perdeu.

o verbo na carne
acende cigarro
em vela gasta,
risca poema erótico
nas pétalas mortas
da flor de plástico
que adorna
a coroa.

jaz que não jaz;
é pausa.
descanso com dentes.

um coração
mastigando reza,
um útero
cuspindo silêncio
em brasa.

tem jaz
que não deita.
tem jaz
que range.
que rosna.
que morde
com a lembrança
presa na garganta,
com cicatriz
feita a ferro
nas paredes
da costela.

e sangra.

Cr💞s Ribeiro

CrisRibeiro
CrisRibeiro @CrisRibeiro

#Desafio 122

🅢🅔🅧🅣🅞🅤

Se acaso me perco,
é no teu corpo que me acho.

Cada investida
(ousadia sagrada)
acende a fome do inacabado.

Tuas carícias dissolvem
medos e abismos.

Nos teus beijos:
duas mentes febris,
em fusão, em simbiose.

Tuas mãos
(altar do meu culto)
guiam as minhas
ao teu sexo:

impávido,
teso,
cobiça de todos os meus lábios.

Dançamos
(saliva e suspiros)
num compasso suado de delírio.

Gozo concupiscente
de amor real.

Mas há ternura no torpor,
e verdade em cada gemido.

Sem regras. Sem grades.
Carnal. Espiritual.

Um êxtase que liberta
ao invés de prender.

Cr💞s Ribeiro

***Revisado

CrisRibeiro
CrisRibeiro @CrisRibeiro

#Desafio 121

Amor Âncora

Me ataste sem nó.
Ainda assim,
fiquei.

Não por prisão;
por ternura.

Não por querer,
mas por medo
de não saber voltar.

Presa para não sumir.
Presa demais para seguir.

Meu casco rangia distância.
Sonhava correntes selvagens,
ventos com nomes
que não eram o teu.

Há chamados
que não se negam.

Não fugi de ti.
Só precisei
voltar para mim.

Sou mar que ama o cais,
mas não pertence.

Feita de travessias,
trago a alma
em estado líquido.

Livre por urgência,
sou voo que se lança
mesmo sem céu.

Há quem nasça farol,
eu nasci tempestade.

E ainda permaneço.

Com âncora no peito
e a bússola apontando

para o norte
que arde em mim
feito estrela
que nunca dorme.

Cr💞s Ribeiro