Quando a fé se dissocia da razão, ela deixa de guiar e torna-se um instrumento devastador: cega os julgamentos, distorce a percepção da realidade e abre caminho para a destruição social e política. O bolsonarismo é um exemplo explícito de como a devoção acrítica pode corroer instituições, legitimar retrocessos e normalizar o absurdo no Brasil.
Assim, em 2018, esse fenômeno ganhou força e visibilidade, quando Jair Bolsonaro surgiu sob o mito de que poderia transformar o país. Para muitos, ele representava uma ruptura com a velha política: não era "petista" nem "lulista". Mas essa distinção acabou se sobrepondo a critérios essenciais como competência ou ética. A devoção incondicional ao líder ocultou falhas na gestão, ignorou o sofrimento coletivo e justificou políticas que resultaram em retrocessos sociais.
Como resultado, desde a campanha, o bolsonarismo consolidou-se como uma ideologia perniciosa e corrosiva. Milhões se deixaram conduzir por uma fé irracional, que dificultava reconhecer os danos em curso.
Além disso, o bolsonarismo não foi apenas um culto à personalidade. Atacou a ciência, fragilizou instituições, alimentou a intolerância e estabeleceu uma lealdade cega entre seguidores. Esse vínculo dificultava a percepção de que colaboravam com a erosão de pilares democráticos e sociais essenciais.
Portanto, o que assusta não é apenas a figura de Bolsonaro, mas o mecanismo que permitiu que a fé cega de milhões se transformasse em força política devastadora. A combinação de ignorância, idolatria e ideologia corroeu a razão, minimizou a gravidade de tragédias e abriu caminho para retrocessos que ainda deixam marcas profundas e duradouras.
Em síntese, essa experiência evidencia a importância de manter a razão e o pensamento crítico como pilares da cidadania, para que a devoção a líderes nunca se sobreponha ao interesse coletivo nem à preservação da democracia.
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