

Uiara Mei @uiaramei
Enquanto Você se Distrai, a Arte Está Sendo Silenciada.
Bom dia!
Estamos sendo empurrados para as margens. Escritores, artistas, todos nós. Silenciosamente exilados. No futuro – que já bate à porta – voltaremos a nos reunir em porões, em esconderijos, para praticar aquilo que nos mantém vivos. Porque sem arte, não vivemos. Apenas sobrevivemos.
Tenho esperança de que esse cenário não se concretize. Mas se acontecer, coragem. Porque estamos colapsando, e não há nada de romântico nisso. A arte nos mantém mentalmente sãos, emocionalmente vivos. Ela sempre fez isso. E sempre tentaram nos calar.
Prestem atenção. Não sejam turistas. Somos formadores de opinião, e isso exige responsabilidade. Enquanto muitos se distraem discutindo avaliação paga, destilam ódio gratuito nas redes ou perdem tempo cancelando escritores, o que realmente importa segue acontecendo longe dos olhos de quem não quer ver. O silêncio é confortável para eles.
Como escritora, também sou formadora de opinião. Mas o cansaço me fez calar. Por um tempo.
Admiro a inteligência e o diálogo. A coragem. Dispenso covardes e idiotas. Sou uma mulher negra, escritora e invisível, sobrevivendo à margem da sociedade. Aqui não tem mimimi.
Agora me diga: você está realmente prestando atenção? Ou prefere continuar distraído?
Visite o meu site:
www.uiaramei.art.br

Uiara Mei @uiaramei
Queridos leitores,
Hoje trago um tema delicado, que pode acionar gatilhos, mas que precisa ser dito. Recentemente, um vídeo da angolana Rosy Manu viralizou nas redes sociais, trazendo um desabafo que ressoa com muitas de nós: "Ninguém entende o quão ruim é ser desejada, mas nunca amada". Essa frase carrega um peso imensurável e reflete uma realidade dolorosa: a solidão da mulher negra.
Esse não é um problema individual, mas estrutural. Um silenciamento que atravessa gerações e nos segue em todos os espaços — no mercado de trabalho, nos círculos sociais e até dentro de nossas próprias famílias. Precisamos trazer essa pauta para as rodas de conversa, para os debates, para os encontros onde se fala sobre afeto e pertencimento. Porque, sim, ser amada também é um direito.
Na minha própria experiência, percebo que não basta ser bonita, inteligente, independente e funcional para quebrar essa barreira. O racismo estrutural nos reduz a fetiche, nos transforma em objeto de desejo, mas não de amor. Nos coloca em uma posição em que não podemos escolher, apenas ser escolhidas. E se não somos, seguimos invisibilizadas.
Pretendentes? Tenho muitos. Desejada? Talvez. Mas nunca ouvi um "Eu te amo" ou sequer um pedido de namoro. Muito menos um "Casa comigo?". O que ouço, na verdade, é que sou "melhor do que eles" — assim dizem. Mas nunca sou a escolhida. Será que sou tão grandona assim? Será que tenho escolhido errado? Ou será que simplesmente não sirvo para ser esposa porque sou negra?
Casa-se com uma mulher branca. A mulher negra? Torna-se amante. Isso não é exagero, não é mimimi, é constatação. E não, não é um desabafo. É a realidade.
Dizem que escolho demais. Que minha régua está alta. Mas desde quando exigir o básico virou sinônimo de arrogância? No começo, sim, havia escolhas — estudo, trabalho, porque a vida nos exige o triplo. Mas depois? Depois, não era sobre escolhas. Não era sobre régua alta ou sobre merecimento. Era sobre uma verdade incômoda: nunca serei boa o suficiente para estar com alguém verdadeiramente. Só por ser negra?
Isso não é falta de terapia, nem falta de amor próprio. É uma construção histórica que insiste em nos apagar como protagonistas de nossas próprias histórias.
Como escritora, busco mudar essa realidade dentro das minhas narrativas. Nas minhas histórias, mulheres negras são amadas, respeitadas e ouvidas, independentemente da cor. Porque eu as vejo. Elas são partes de mim, fragmentos do que me quebrei nas relações para me tornar quem sou hoje — perfeita na imperfeição do meu próprio caos. Minhas personagens carregam essas fissuras, essas tantas vezes em que tentei caber onde não devia, as tantas vezes em que amei demais e não fui amada. Mas, ainda assim, eu continuo acreditando no amor verdadeiro.
Falar sobre isso é um ato de resistência. E resistir é existir.
Vamos continuar esse diálogo?
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Uiara Mei @uiaramei
O mestre, o discípulo e o tempo
Querido leitor,
Faz um tempinho que não nos falamos assim, diretamente. Mas hoje, quero compartilhar algo que carrego no peito.
Os últimos tempos têm sido desafiadores. Minha mente inquieta se perde em pensamentos que voam sem direção. Tento manter a serenidade, mas às vezes encarar o horizonte me desorienta. Sou movida pela coragem e pela emoção, mas também por uma vulnerabilidade que me torna humana.
Tenho explorado novos caminhos, aprendendo a ter empatia – não só com os outros, mas comigo mesma. É um exercício constante de paciência, pois os sonhos antigos e os segredos ainda não revelados caminham lado a lado.
Para este ano, desejo algo simples, mas essencial:
- Verdade nas relações.
- Autenticidade nas pessoas.
- Uma autoestima que floresça com firmeza.
- E um amor que aqueça o coração.
Que seja um tempo de colheitas justas, risos partilhados e cumplicidade sincera.
E então, o Mestre sussurra:
"Seu caminho, embora pareça caótico, é perfeito em sua complexidade. Não permita que aquilo que não edifica encontre morada em seu espírito. Respire. Dê-se ao luxo do descanso. Escreva sempre, pois em cada palavra você encontrará não apenas a si mesma, mas também o fio invisível que conecta sua jornada à vida."
Seus sonhos são sementes. Confie no tempo e no cultivo.
E você, o que deseja plantar este ano?
Até a próxima,
Uiara Mei

Uiara Mei @uiaramei
E depois dos 30?
Faz tempo que venho tirando fotos pelo menos duas vezes ao ano para observar o envelhecimento da minha matéria — meu corpo físico. E, toda vez que me vejo, sinto um desconforto, como se eu não tivesse alcançado aquela que está estática na fotografia. É uma imagem simples, sem efeitos, sem maquiagem. Somente ela.
Ela me encara sempre com um ar de resignificação, talvez de autoridade. Quem será ela? Na infância e juventude, nunca me imaginei depois dos 20. Agora, aos 42, tentar me ver com 50, 60 anos parece quase impossível. Envelhecer em espírito... Minha alma é eterna, meus anseios e vontades também. Mas ela continua ali, me encarando.
Seria eu uma impostora? Uma fraude de mim mesma? Será que estou teimando em fazer algo que não me cabe? Desde que nascemos, estamos para jogo. E como se joga esse jogo da vida? Não tem manual, não tem nada. É pular no abismo e contar com a sorte. É arriscar, ter coragem, porque quanto mais você vive, mais é exigida de você uma mudança constante. É um tal de largar o passado e mirar no futuro.
Mas o passado traz solidão, depressão, e olhar para o futuro traz incerteza e ansiedade. Vida do cão.
Não, pera! Talvez seja uma boa vida, se eu olhar para a minha jornada com um olhar terapêutico: "Ah, você fez muito! Você é uma guerreira, forte e valente." Mas, na verdade, sou sobrevivente de mim mesma, dos meus traumas, das minhas lutas internas diárias, da minha vulnerabilidade, da minha fragilidade.
— Ah, perfeita em minha imperfeição, no magnífico caos.
Só queria ser "normal", mas por que insisto em pensar que, para pessoas "normais", a vida é um paraíso? Que multiverso é esse que sempre tento flertar?
Tem um caos dentro de mim, e não é em pensamento, é em sentimentos. Ao mesmo tempo que sou vilã de mim mesma, consigo ver beleza e uma chama de amor em tudo isso. Talvez eu seja especial para mim, para o meu mundinho.
Ela me faz ter esse tipo de reflexão. Ela me encara. Mas ainda não a encontrei.
Ela está dentro de mim, mas são tantas camadas... O mergulho é profundo, e às vezes penso que perderei o fôlego. É um mergulho amador, sem preparo, mas convicto da minha intuição.
Ela aparece nas fotos. Ela ainda está ali. Espero, um dia, poder encontrá-la.
Uiara Mei.