Ana caminhava de um lado para o outro, apertando a lança em suas mãos.
Olhava para a nave pousada no vale, depois em volta de si, depois ainda para onde os amigos tinham sumido.
Fazia quase dez minutos que os demais tinham ido embora, deixando-a sozinha ali.
“Eles não vão voltar”, pensou.
Como podiam ter feito aquilo com ela? Não esperava nada dos demais, mas e Cris?! Ela era sua amiga, devia ter ficado ao seu lado!
“Ela faz tudo que aquele safado quer”, recriminou a amiga mentalmente.
Olhou novamente para a nave e soltou um gemido.
Não contou a ninguém, mas tinha um pavor enorme de discos voadores e extraterrestres. Por isso, desde que avistaram a nave, fez de tudo para que não fossem atrás dela.
E agora? Não podia ficar ali sozinha enquanto os outros se distanciavam. Precisava tomar uma decisão.
Não precisou esperar muito para tal.
Subitamente, do barranco à sua esquerda, pedras e terra rolaram, junto a um vulto escuro, que soltou um gemido quando se estatelou no chão duro da estrada.
Ana não esperou para ver o que era. Com um grito jogou a lança para cima e correu desabaladamente estrada abaixo.
Quando fez a curva, estacou. Os amigos estavam ali, sentados, em atitude de espera.
Carlos virou-se para Daniel:
— Você me deve cinquenta paus. Eu disse que ela não aguentava mais de quinze minutos.
Cris perguntou-lhe curiosa:
— O que foi, Ana, você parece assustada. Aconteceu algo?
A menina olhava da amiga para a estrada acima:
— Não! Não aconteceu nada! Vamos embora logo ou o quê?
E, sem esperar resposta, saiu andando. Quando passou por Daniel, ele perguntou:
— Ei, cadê minha lança?
— Ficou lá em cima — respondeu ela sem se deter. — Se a quiser, vá você mesmo buscar!
Todos riram e foram atrás dela.
A estrada desembocava no vale, em diagonal a outro caminho que margeava o campo.
Eles seguiram para a esquerda, em direção ao povoado.
A nave estava a uns cem metros e, mesmo tentando agir com naturalidade, não conseguiam tirar os olhos dela.
Ela não estava pousada, mas sim flutuando. De uma abertura em sua barriga, objetos e seres desciam como suspensos por um elevador invisível.
Sob a nave, alguns seres caminhavam.
Eram bípedes, mas, devido à distância, não dava para ver suas feições. Via-se apenas que usavam roupas que iam do cinza claro ao preto.
— Vejam! Eles parecem humanos! — exclamou Pedro parando para ver melhor.
— Não quero ver nada! — disse Ana, que tinha se posicionado o mais à esquerda possível do grupo, bem longe da nave. — Vamos rápido, isso sim!
Daniel puxou Pedro pelo braço:
— Ela está certa! Não vamos dar bandeira!
Depois de um pequeno bosque surgiram as primeiras casas do povoado.
Eram pobres casebres baixos feitos de pau a pique e teto de folhas. A maioria tinha só uma porta, através da qual pessoas esfarrapadas olhavam os jovens com curiosidade.
A rua era de terra, ou melhor, lama. Porcos, cães e crianças sujas fuçavam em meio ao esgoto que corria a céu aberto.
Se não tivessem acabado de ver a nave, acreditariam estar na periferia pobre de qualquer cidade latino-americana.
A rua mudou subitamente, calçada por pedras largas, e as construções agora eram maiores e feitas de pedra e madeira.
O aspecto das pessoas ainda era pobre e provinciano, mas não tão miserável quanto o que tinham visto até então.
— E agora? — perguntou Carlos. — Vamos falar com alguém?
Daniel apontou:
— Vejam ali. Acho que é onde conseguiremos informações.
Era uma construção com ares de comércio. A entrada era grande e munida de uma meia porta giratória e, sobre o batente, havia o desenho de uma jarra de bebida e alguns caracteres estranhos.
Três homens mal-encarados estavam encostados junto à entrada.
— E esses animais aí na porta? — perguntou Ana, apontando para os homens que agora os encaravam. Um deles coçava a barba suja e olhava maliciosamente para ela e para Cris.
— Vou perguntar na boa, agora, se quiserem confusão… Cris o segurou pelo braço:
— Espere, Dan! Veja!
Ela apontava para o final da rua, onde havia uma aglomeração de pessoas e, olhando sobre as cabeças, era possível ver o que parecia a parte superior de uma jaula. Eram as carroças da caravana.
— Vamos lá — ordenou Daniel.
Eles não perceberam, mas os três homens do bar também desceram a rua, seguindo-os.
Chegaram em uma praça circular apinhada de gente. Parecia ser o centro comercial da cidade, pois à sua volta estavam vários estabelecimentos com mercadorias expostas.
No centro da praça havia um tablado e, sobre ele, estava o homem que atacara Daniel e alguns de seus homens. Ao fundo, viam-se os prisioneiros.
O homem foi até o grupo e puxou rudemente um dos cativos para frente.
O barbudo dirigiu-se à massa que se acotovelava em frente ao tablado e passou a falar-lhes em uma língua estranha.
Apontava para o cativo que se mantinha mudo e de olhos baixos. O barbudo deu-lhe alguns tapas nas costas enquanto gesticulava e falava, como a exaltar os ombros fortes do prisioneiro.
Um homem gordo, bem-vestido e de grandes pestanas subiu ao tablado. Andou em volta do cativo, examinando-o atentamente. Deu-lhe uns tapas nas costas e no peito, abriu sua boca e examinoulhe os dentes, encostou o ouvido nas suas costas e ouviu com atenção. Afastou-se um pouco e ficou coçando o queixo, pensativo.
Finalmente, dirigiu-se ao barbudo e falou-lhe algo, ao que o outro rebateu. O homem pensou mais um pouco e, por fim, com um gesto de aprovação, apertou a mão do barbudo.
Tirou umas moedas de um pequeno saco de couro que trazia à cintura e contou-as sob o olhar cobiçoso do brutamonte.
Este, ao recebê-las, recontou-as, enfiou-as em uma sacola suja e empurrou o cativo em direção à escada.
Ao passar pelo gordo, este lhe deu um pontapé, fazendo-o rolar pela escada e arrancando gargalhadas da plateia.
Os meninos não entenderam uma palavra, mas o que viram não deixava dúvidas: aquilo era um leilão de escravos!
O brutamonte foi até o grupo de cativos e arrastou mais um para frente.
Quando Daniel viu a próxima “peça” a ser leiloada, perdeu o fôlego. Era a garota que procurava!
— Os demais que me perdoem — anunciou o cruel leiloeiro em sua língua —, mas esta oferta eu farei apenas aos cavalheiros terráqueos. Ou, pelo menos, àqueles poucos que podem pagar. — O homem abriu a boca em um sorriso de dentes podres. — Vejam, senhores, que bela “Monii”! É saudável, bonita e ardente! Trabalhará durante o dia em suas casas e campos e, à noite, aquecerá suas camas!
Um homem gritou do meio da multidão:
— Não seja mentiroso, Dascar! Ela está muito magra para aguentar um dia de trabalho e uma noite de amor! — Houve gargalhadas e expressões de aprovação.
O leiloeiro voltou à carga:
— Realmente, senhores, ela está precisando de um pouco de trato. Mas há um detalhe que ainda não mencionei, um detalhe importante... — Ele fez uma pausa para causar impacto. — Ela é virgem!
A informação não pareceu causar frisson.
— Virgem? Depois de passar dias nestas carroças com estes homens? Duvido muito! — gritou alguém, no que foi apoiado por outros.
Dascar bateu no peito:
— Senhores, eu mesmo cuidei para que ela se mantivesse assim!
— Então, Dascar — respondeu alguém com ironia —, podemos ter certeza de que, realmente, ela não o é mais!
As gargalhadas começaram a irritar o leiloeiro.
— Nos deixe ver seu corpo! — gritou outro homem.
Para contentar a plateia, Dascar rasgou o vestido da menina de cima a baixo, expondo seu corpo magro, onde os primeiros sinais da puberdade mal haviam despontado.
Um coro de decepção correu pela turba.
Um homem berrou-lhe:
— Dascar, eu quero comprar uma serva, e não adotar uma criança!
A gargalhada foi geral, seguida de vaias e apupos.
Furioso com a plateia, Dascar descontou na menina, dandolhe um safanão.
A raiva borbulhou dentro de Daniel. Com o olhar nublado
por uma nuvem de ódio, ele rosnou entre dentes:
— Eu vou matar este desgraçado!
Estava prestes a rasgar aquela massa humana quando um burburinho às suas costas os fez se virarem.
Entrando na praça, dois objetos grandes e de formato retangular flutuavam a centímetros do chão. Pareciam recobertos por vidro negro, que tremeluzia.
Silenciosamente, os bólidos detiveram-se e a cobertura de vidro, que na verdade era um campo de força, desvaneceu-se.
Em cada um dos objetos estavam perto de vinte homens, sentados de costas uns para os outros.
Usavam uniformes negros e, sobre eles, uma armadura leve. Seus rostos eram cobertos por capacetes que se afilavam no alto da testa, lembrando a face de uma ave de rapina. As viseiras escuras cobriam seus olhos, deixando apenas a boca e o queixo à mostra. Cada um trazia uma arma atravessada ao peito e, na cintura, uma pistola e uma espada.
De forma rápida e sincronizada, eles abandonaram os veículos e postaram-se estrategicamente por toda a praça.
Dentro de um dos objetos, ficaram apenas o piloto e um outro homem que, após verificar visualmente a disposição dos soldados, saiu do veículo e dirigiu-se ao tablado.
Seu uniforme também era negro, mas ele não usava armadura nem capacete, mas sim uma capa negra que ondulava à sua volta, dando uma graça feroz ao seu andar decidido.
Sobre os ombros e prendendo a capa viam-se cinco estrelas no ombro direito e cinco luas minguantes no esquerdo, feitas de metal. Não carregava armas de fogo, apenas uma grande espada lhe pendia ao lado. Era alto, tinha a pele morena, os cabelos e olhos eram negros como seu uniforme.
Caminhava com o queixo erguido e olhar firme de quem conhece a própria força. Marchou ignorando o povo que abria espaço para a sua passagem, encolhendo-se e curvando-se como se ele fosse um deus.
Quando passou perto dos jovens, Ana suspirou:
— Que gato! Quem será?
Daniel sentiu um calafrio inexplicável quando olhou para o homem:
— A morte — respondeu soturno.
Aproveitando-se das brechas deixadas pela passagem do estranho, Daniel se esgueirou até a frente do tablado.
Dascar fez uma reverência exagerada:
— General Demon! A que devemos a honra desta visita?
— Não é uma visita, Dascar. — Respondeu com voz fria enquanto corria os olhos pelos cativos.
— Vejo que tem andado ocupado — observou Demon.
— Não tenho do que reclamar — respondeu Dascar. — O fato de seus patrícios não gostarem de derramar seu suor no trabalho pesado torna o mercado de escravos muito próspero.
— Alguns nascem para servir e outros para serem servidos — respondeu Demon. — Os atlantes nasceram para ser servidos e, a menos que sejam condenados pela justiça atlante, não podem se tornar servidores. — Ele fez uma pausa e olhou para a menina, que se encontrava entre ele e Dascar. — A menos que seja para servir à própria Atlântida.
Dascar soltou um riso nervoso. Sabia aonde o atlante queria chegar.
— Onde conseguiu estes escravos? — disparou Demon.
— Por aí — respondeu o homem, dando de ombros. — Mas todos dentro da lei! — frisou. — “Qualquer terráqueo encontrado vagando sem destino, que não tenha origem certa e que não possa se manter ou se defender sozinho, pode ser tomado como servo, para o bem de sua própria sobrevivência e para a segurança da sociedade”.
— Não precisa citar a lei para mim, eu a conheço — rebateu Demon, com frieza extrema.
— Claro que conhece, senhor — disse o outro com ar de desculpas. — Foram vocês, atlantes, que a fizeram.
— Uma forma eficiente de controlar a mendigagem a que sua raça é propensa — colocou Demon. — Você sentiu o último terremoto, Dascar?
— E quem não o sentiu, senhor?
— Realmente foi muito intenso, e mais ainda perto de seu epicentro, na região de Moar, bem ao sul de Agóz. Conhece o lugar? — Em anos passados fui lá uma vez. É muito longe e deserto. Não se encontram escravos — respondeu Dascar, cauteloso.
— É muito longe mesmo. Mas não tão deserto. Havia uma colônia atlante lá, Onimar. Foi atingida em cheio pelo terremoto. Eu e meus homens estivemos lá. A grande maioria das pessoas morreu durante os tremores. Os túneis de mineração desabaram, soterrando os servos e os técnicos. A central de força explodiu, trazendo mais morte.
— Que trágico! — exclamou Dascar, fingindo-se compungido.
— Mas houve sobreviventes — continuou Demon. — Encontramos vestígios de um acampamento e marcas de uma emboscada. Os poucos soldados que sobreviveram à força da natureza não tiveram a mesma sorte com a perfídia humana. Foram atacados pelas costas e mortos violentamente. Os demais, em sua grande maioria servos, mas também técnicos, foram subjugados e arrastados à força dali.
— Uma emboscada? — Dascar coçou a barba. — Quem, em sã consciência, teria coragem de atacar soldados e cidadãos atlantes?
— Eu esperava que você me respondesse isso — disse Demon cravando um olhar incisivo no outro.
O leiloeiro soltou um riso nervoso:
— Não está insinuando que fui eu o responsável por este ataque e que, entre meus cativos, haja algum atlante?
— Para o seu bem, espero que não.
Dascar respondeu conciliador:
— Ora, não acha que, se houvesse algum atlante aí no meio, já não teria reconhecido o grande general Demon e se manifestado?
Demon ficou sério:
— Não me trate como idiota, Dascar. Você drogou estas pessoas para ficarem dóceis. Estão todas dopadas, como esta menina aqui.
Ele ergueu o queixo da escrava. O olhar embaciado e a expressão distante denunciavam o efeito de drogas.
Dascar fechou a carranca:
— Escute aqui, general, capturei todos dentro da lei. Tive muito trabalho e custos para trazê-los até aqui, e o senhor está atrapalhando o meu serviço com a sua presença e suas acusações que não pode provar! Então saia ou…
— Ou?! — interrompeu Demon, puxando a menina para o lado e ficando cara a cara com o leiloeiro. — Ou o quê, Dascar? Você não passa de escória e, como tal, tenha cuidado como fala comigo!
O homem ficou rubro:
— Me chama de escória, mas, se não fizesse o trabalho sujo de arrumar servos para suas fazendas, vocês atlantes morreriam de
fome, pois duvido que conseguissem…
Demon o interrompeu novamente:
— Minha raça já andava entre as estrelas enquanto a sua rastejava no pó! — E fez um gesto abrangente com o braço para a multidão. — Vocês são escória, são vermes que nós permitimos que existam, mesmo contaminando com sua presença nauseabunda o ar deste planeta que é nosso! Portanto, nada mais justo que a paga seja com sua servidão!
Demon colocou um dedo na cara de Dascar enquanto as palavras do general geravam um murmúrio ofendido na plateia de terráqueos e sorrisos nos rostos dos fazendeiros atlantes que também estavam por ali.
— Até hoje você fez o seu “trabalho” por licença do império, mas isso acaba agora, pois você foi longe demais!
— Não tem como….
— Eu tenho como provar! — cortou Demon. — Eu trouxe um decodificador genético.
Dascar ficou pálido e levou a mão ao cabo da espada.
Mal tocou nele e a espada de Demon já estava encostada em seu pescoço.
Houve uma agitação na praça quando os homens de Demon e Dascar puseram-se em guarda.
— Nem pense nisto — disse Demon. — Você vai ser preso, mas saque esta espada e será um homem morto!
Daniel, que se encontrava bem encostado ao tablado, estava aflito. A menina estava praticamente ao alcance de sua mão, só precisava de uma distração para pegá-la.
E a distração não demorou a vir.
Ana estava com os outros, observando as cenas do tablado,
quando sentiu alguém lhe passar a mão.
Virou-se e deu de cara com um dos homens do bar, bem próximo a ela, e os outros dois mais atrás. O sujeito deu-lhe um sorriso de dentes podres enquanto falava com voz pastosa e um hálito horrível. Levantou a mão tentando acariciar-lhe os cabelos, mas Ana deteve seu braço:
— Não ponha as mãos em mim, seu porco nojento! — Ela armou o punho para dar um murro na cara dele, mas, antes disso, um outro punho fechado passou por sobre seu ombro, arrebentando a boca do homem e fazendo voar dentes e sangue.
Ele caiu para trás sobre os companheiros, que, na tentativa de ampará-lo, caíram também.
— Tarde demais para se arrepender! — A voz furiosa fez Ana virar-se. Era Carlos.
O tumulto que se seguiu atraiu a atenção de Demon.
Dascar tentou se aproveitar do momento.
Deu um passo para trás, sacou da espada e golpeou com toda a força e velocidade que lhe eram possíveis para atingir o crânio do atlante.
A única coisa que sua espada encontrou foi a lâmina de Demon, pela qual escorregou, inofensiva.
No momento seguinte, Dascar sentiu o frio se espalhar pelo seu corpo a partir de um ponto em sua barriga, o rosto de Demon estava bem próximo ao seu:
— Último erro! — rosnou o atlante enquanto retirava a espada ensanguentada do ventre de Dascar, que tombou já sem vida.
Demon pressentiu um movimento atrás de si e girou nos calcanhares, flagrando Daniel no exato momento em que ele pegava na mão da menina.
Avançou contra ele, mas um dos homens de Dascar saltou sobre o general, impedindo-o.
Daniel pulou do tablado levando a escrava consigo. Demon desvencilhou-se do adversário e saiu em seu encalço.
A praça transformara-se num pandemônio. As pessoas corriam e gritavam enquanto os homens de Demon e Dascar lutavam entre si.
Daniel atirou-se sob as carroças, arrastando com dificuldade
a garota dopada consigo.
Quando saiu rastejando do outro lado, imaginou estarem a salvo, mas uma sombra projetou-se sobre eles. Levantou o rosto e empalideceu.
Demon estava em pé com a espada erguida, pronta para decepar-lhe a cabeça.
Mas, no movimento que fez, os cabelos do rapaz tombaram da testa, deixando sua cicatriz exposta.
Ao vê-la, Demon arregalou os olhos e titubeou.
Daniel, aproveitando-se do momento de hesitação, encheu a mão em um monte de estrume próximo e atirou nos olhos de Demon.
Gritando uma praga, o atlante baixou a espada. Daniel o puxou pelo tornozelo, fazendo-o estatelar-se de costas no chão.
Quando conseguiu se levantar, Demon só pôde divisar ao longe Daniel, que se reunira aos amigos, correndo em direção à saída da cidade.
— Pode correr, Agar! — rosnou entredentes. — Nada vai te salvar agora!