jjr
jjr @jjr

~*~

Eu forjo as palavras em um ofício
Maravilhoso
Dou cores as linhas e de minuciosas
Investidas crio minha arte
Sou operário 100% de meu tempo
Ao criar não meu dou por satisfeito
Busco a beleza na siderúrgica do amor
Tudo por você e nosso dias
O salário sustenta nossa ânsia
Ter, ser, obter e fazer
Meus dias passam e outro igual Me surge
Sei que posso ser melhor
E dou tudo de mim
Este cargo é minha vida
Não posso parar, tenho que continuar
Mais um dia, mais um resquicio de vida
Se esvai nesta labuta
Loucura sã de quem aprendeu desde cedo
O caminho, a linha e os trilhos
Jogo o jogo sem parar
Até... um dia repousar.

~*~

JJr.

CrisRibeiro
CrisRibeiro @CrisRibeiro

#Desafio 317

Um dia,
eu fui o incêndio no teu riso,
a hora que te salvava do mundo,
o canto onde tua paz se escondia
com medo de acabar.

Um dia,
teus olhos queimavam quando achavam os meus;
tua pele pedia a minha
como quem precisa de ar;
teu amor, inteiro e cego,
me queria sem sobra.

Um dia,
riscamos o futuro a quatro mãos:
casa, cachorro, bebê…
e ganhamos mais do que coube nos planos,
fomos tão longe
que deixamos o mapa pra trás.

No fim,
perdemos o norte, o rumo, o nome.
E do amor
sobrou só o rito amargo da lágrima,
esse veneno fiel
que insiste em lembrar
o que já não volta.

Cris Ribeiro

jjr
jjr @jjr

~♡~

My little flower
Eyes and petals
daisy
With your skin
Peach
Rejoice my
Your
Thoughts
The glow of the face
At sunrise
Darkens the sky
The firmament
Your color is rosy
Love fluff
You wearing a dress
Free on the breeze
Free locks
Do it without braids
The ties of the heart.

~♡~

Minha florzinha
Olhos e petalas
de margarida
Com tua pele
Pêssego
Alegra meus
Teus
Pensamentos
O brilho da face
Ao raiar do sol
Ofusca o céu
O firmamento
Róseo tua cor
Penugem de amor
Tua veste vestido
Livre sobre a brisa
Livres madeixas
Faz-sem tranças
Os laços do coração.

~♡~

JJr.

jjr
jjr @jjr

Good things to do.
Liric: JJr.

Minds
barns of peace and pain
there's no point in complaining
life gives back like rain

mentalize
the strength that lies within
blood in the veins
endure like the lignin

the nature teach
body and soul
life has begun
do your goal

Minds
of love and peace
are good things
don't stop to live

escaping
of bad decisions
live with faith
and stay your visions

the nature teach
body and soul
life has begun
do your goal

*

Coisas boas para fazer

Mentes
celeiros de paz e dor
não adianta reclamar
a vida retribui como a chuva

mentalizar
a força que está dentro
sangue nas veias
resistir como a lignina

a natureza ensina
corpo e alma
a vida começou
faça seu objetivo

Mentes
de amor e paz
são coisas boas
não pare de viver

escapando
de más decisões
viva com fé
e mantenha suas visões

a natureza ensina
corpo e alma
a vida começou
faça seu objetivo

~*~
JJr.

literunico
literunico @literunico

==

Toque na midia para assistir ou para abrir no Instagram 🔊

MarU
MarU @MarU

#Desafio 264

*Abandonei a leitura*

Mais uma vez,
parei no tempo…
temporal.

Por um momento,
cabelos escorrendo no rosto,
com tantas águas,
não hão mais lágrimas,
talvez lástimas,
no final.

Desta vez,
ao relento,
relendo textos
do arquivo mental…
revejo mais uma vez
aquela história,
que abandonei a leitura
para não ficar mal.

MarU

MarU
MarU @MarU

#Desafio 263

*Meu amor*

Meu amor…
meu coração
já sofreu demais!

As feridas abertas
ainda não fecharam.

Meu peito sangra vivo,
bate forte,
resistindo.

Minha vida
parece pouco,
porque não me valorizo.

Internalizo sentimentos fortes,
tomando fraquezas por norte.

Faço aporte de inseguranças,
sobressalentes à esperança.

Me recolho
à insignificância
e me retiro
do alcance
de quem talvez me ama.

Na ânsia
de não lhe ser
um desatino…

destinada ao fracasso
de amores
não correspondidos.

MarU

novidadesliterunico
novidadesliterunico @novidadesliterunico

✨ Festival da Luz – Literúnico ✨
O fim do ano chegou iluminando novos caminhos, e no Literúnico, vamos celebrar com arte, afeto e muita criatividade!

Na nossa sala de bate-papo, você vai poder escrever, trocar ideias, compartilhar sentimentos e deixar sua imaginação florescer. Um espaço leve, acolhedor e cheio de boas conversas.

🎄✨
Venha viver esse momento com a gente.
Porque escrever também é iluminar.

#FestivalDaLuz #Literúnico #NatalLiterário #Poesia #Criatividade #EscritaColetiva #ComunidadeLiterária

tibianchini
tibianchini @tibianchini

Meu livro, "A LOJA DOS FUTUROS DESCARTADOS", foi lançado na Amazon (em e-book e no KDP) na última quarta-feira.
É um infanto juvenil (mais juvenil 😜) com pegada de Sci-fi, que fala de escolhas da adolescência, carreira, família e relacionamentos.

Não vai ter físico por enquanto, porque eu o inscrevi no PRÊMIO KINDLE JOVEM, e a premiação inclui lançamento por uma editora.

Desde então, já tem gente lendo e já criaram UMA LEITURA COLETIVA! 😱

Eu tenho as MELHORES AMIGAS DO MUNDO! 🥰

E quem quiser acompanhar, a leitura coletiva vai até o fim do mês e o livro está aqui, ó:
https://a.co/d/7KbBEWX

E a leitura Coletiva? Chama a gente no privado, na DM, no insta... 😁 Bora participar (e me dizer se tenho alguma chance no Prêmio Kindle... Kkkkk)

MarU
MarU @MarU

#Desafio 262

*Se assim for o seu querer*

Deságuo no texto,
sem outra opção,
de aliviar o desejo,
a fome, o tesão…

Queimo o papel em palavras,
acesa por dentro,
nas profundezas da alma,
querendo, sentindo, contendo.

Escrevo despindo em versos,
meus avessos,
meus confessos…
Sabendo o quão imperfeita sou feita…
mas humana, dos pés a cabeça.

Não é a razão que fala,
é a alma…
O instinto não tem calma,
a pele chama ardendo pelo toque,
o corpo pede gemendo que me note.

E se bote no papel
que entreguei a você.

Venha ser o homem
do resto dos meus dias
e das noites
todo meu prazer…
se assim for o seu querer.

MarU

MarU
MarU @MarU

#Desafio 261

*Impermanência*

Vivo uma vida,
com as malas prontas…
sempre pronta para partir.

Essa sensação de impermanência
me persegue e, mesmo ficando,
não me sinto enraizada ali.

Se fosse uma planta,
não viveria num pasto,
seria uma planta de vaso,
impedida de me fixar aqui.

Sempre trocada,
sempre mudada,
sem saber onde me ir.

MarU

MarU
MarU @MarU

#Desafio 260

*Sobram as borboletas*

Me faltam palavras…
sobram as borboletas.

Seu olhar me ilumina,
sua atenção me faz ir às estrelas,
sonhar com um dia bonito,
querer viver isso acordada.

Imaginando as mil maravilhas
que faria ao seu lado.

As palavras me fogem do texto,
escondem-se longe da boca,
entaladas dentro do peito,
reunidas na cabeça,
que pensa que te ama.

Falar eu não falo,
mas é cada diálogo
que invento na cabeça,
e debatendo comigo
por fora eu calo,
mas por dentro
me entrego inteira.

MarU

MarU
MarU @MarU

#Desafio 259

*Sem lua*

Cantoria
de riacho,

cachoeira,
canário…

vagalumes
no pasto,

fogueira
estralando alto.

Céu de estrelas
sem lua.

Noite fresca,
saudades sua.

MarU

MarU
MarU @MarU

#Desafio 258

*Vontade de viver*

Uma vida
parece tão pouco,
comparado
a capacidade
de expectativas
e possibilidades
que temos.

Nesta vida,
já vivi
tantas outras…
e mesmo
as tendo vivido,
quanto mais
eu vivo,
mais vejo o quanto
foram poucas.

Em meu coração,
carrego comigo
a vontade
incansável
de viver
ainda mais.

MarU

MarU
MarU @MarU

#Desafio 257

*Retrato erótico*

Cheirosa e molhada,
vertendo desejo,
recebo-o dentro,
aberta e apertada.

Sinto-o quente,
deslizar suavemente…
enterrando-se
na textura aconchegante
do meu ventre.

Absorvendo-te,
acomodando-se,
me sentindo
em cada espasmo pulsante.

Permitindo o corpo fundir,
fluindo na energia um do outro.
Controlando o ritmo no lento,
no fundo, intenso, gostoso…
profundo, encaixando-se, vigoroso.

Do exercício: pompoar.
Artifício de querer tê-lo… preso,
sentindo do contorno o aperto,
o pulso, o impulso…
te expulso, espremendo…
se empurra pra dentro… gemendo.

Sentindo-me
massageando-o com a vulva…
pra dentro, pra fora,
sem deixar que o encaixe fuja.

O ritmo alterna,
elevo minhas pernas…
cruzada de sereia
sob seus ombros…
acelera… acelera…

Usa as mãos
para dar impulso…
estalido de corpos,
som de fluidos
molhados de gozo,
meus seios no ritmo,
balançando hipnóticos…

Seus olhos
sobre mim repousam,
gravando mentalmente
um retrato erótico.

Você está no controle.
Meus quadris
nas suas mãos,
meu seio na sua boca,
sua língua
no meu mamilo,
fazendo voltas…
me deixando louca,
e assim, eu gosto!

Me encontro
no seu ritmo,
no seu toque,
no seu cheiro,
nos seus olhos…

Gozo escandalosa,
me contorcendo,
enquanto você
comemora meu orgasmo…
sem perder o ritmo,
sem dar chance ao marasmo.

O tempo
que perdermos afastados
será recompensado encaixados,
até nos render ao cansaço
e acordarmos colados,
quando o dia amanhecer
neste quarto.

MarU

MarU
MarU @MarU

#Desafio 256

*Coração atado*

Coração atado
no peito,
no leito
a nota é dó.

Meus olhos
dos seus
marejam,
nas mãos vazias
sem nós.

Na garganta
um nó se ata,
o silêncio
assume
minha voz.

Quisera ouvir
seus sonetos,
de mensagens
secretas
de nós.

MarU

MarU
MarU @MarU

#Desafio 255

*Ventos*

Os ventos
sopram ares.

Revolvem
os galhos
das árvores,

guiam,
nos céus,
as aves,

ondulam
as águas
dos mares.

Sopram quente
e sopram o frio.

Arrepiam a pele,
refrescam
o calor vil.

Movem
areias de dunas
de seus lugares.

Revoltam-se,
revolvendo-se,
arrastam
e carregam,
com fúria,
tudo pelos ares.

Seu furor
não vê desculpas:
faça fogo,
faça chuva,
faça tudo
que há na terra…
alimento
para sua busca.

E depois
de todo movimento,
plácido
e isento,
cessa
sua revolta.

E, à sua volta,
a brisa
é calmaria.

Após o tormento,
os ecos
do silêncio
entre os destroços
da força
de selvageria.

Ruídos altos
de silêncio,
gritos
do que foi,
um dia,
algo.

Gemidos doloridos
de todos,

aturdidos
pelo sentimento
de impotência
diante
de sua magnitude
e violência.

Os ventos
que sopram calmos
também sopram
árduos.

Só não sopram
de volta
o que já foi…
se foi.

Se foi!

MarU

MarU
MarU @MarU

#Desafio 254

*Merengue*

Gosto da cor,
da textura.

Gosto da forma,
e da temperatura.

Gosto do gosto,
de como sinto
com língua…

E, de súbito,
abocanhar
inteiro
dentro da boca…

e deslizar
pra fora,
lentamente,
como quem aprecia…

Aquela sensação
de crescer
e diminuir,
explodindo em leite
doce
dentro da boca.

Uma sensação pulsante,
que instiga a saliva
e me deixa
ansiando por outra.

Gosto de brincar
com as mãos,
e passear
com os dedos
nos intervalos…

intercalando
a respiração
com o toque.

O gosto,
a força,
a visão,
a temperatura…

E todas as outras coisas
que envolvem
degustá-lo.

Decantá-lo,
abocanhá-lo
e devorá-lo
lentamente,
até sentir
se desfazer…

Dentro da minha boca…
só suspiros…
e creme.

Merengue…
meu docinho
favorito
de comer.

MarU

MarU
MarU @MarU

#Desafio 253

*Entre nós*

Entre nós,
as palavras falam
mais do que dizemos.

Os silêncios gritam
o que precisa ser dito.

Nossos olhos calam,
mas não se deviam…
nem por um instante,
estão fixos
em cada detalhe
que julgarem importante.

Os ouvidos atentos
captam o tom da voz,
as notas da música…

captam o som
da respiração
nas pausas,

captam o que há no entorno:
se vento,
se mar,
se chuva…
se trânsito
nas ruas.

Mas o que há entre nós
de mais bonito,
sem dúvidas,
é o que sentimos.

Cada descoberta,
na memória,
um registro.

Cada palavra pronunciada,
assimilo.

Cada dor compartilhada,
sangro contigo.

…mas não largo
a sua mão,
e sinto
que não largará a minha,

mesmo que a distância
nos mantenha distantes
em corpo vivo.

A alma
nunca se ausenta:
faz memória,
se apresenta,
e, em consciência,
é presença…

em pensamento vívido.

MarU

rosana858
rosana858 @rosana858

O Abraço que Atravessou a Matéria

O relógio marca 19h45.
Eu aqui, parado, esperando o trem.
Multidão apressada, um frio intenso.
Olhares vazios.
Mais um fim de dia sem sentido.
Preso na mesma rotina:
a mesma estação, o mesmo vazio, a mesma angústia.

Uma sirene se aproxima.
O barulho me assusta.
Ouço tiros.
As pessoas correm.
O chão parece se abrir sob meus sapatos gastos.
O pavor toma conta, o ar fica pesado
e um silêncio ensurdecedor invade o nada.

Corro sem pensar.
Entro no túnel de luz.
O ar congela o peito, a cabeça lateja.
Escuridão absoluta.
Grito. Ninguém ouve.
Minha voz não ecoa.

Atravesso a ponte que ameaça desabar.
Arranha-céus se dissolvem em nuvens de miasmas.
Lamentos e pedidos de socorro vêm de todos os lados.
A visão fica turva.
Meus batimentos aceleram.

Minha mão tenta tocar o seu vestido.
A seda macia desliza entre os dedos
enquanto procuro me refugiar entre seus joelhos.
Tremendo, me agarro a você…
busco sua proteção.
Um anjo surge, e o clarão te veste de ouro.
Com o rosto banhado em lágrimas,
meu soluço rasga o desespero que antes me estrangulava.

A sirene da ambulância toca.
São 20h00.
Caído no chão, envolto em sangue, compreendo:
você veio me proteger — mesmo depois de ter partido —
para que eu não atravessasse esse momento sozinho.

Abriu uma fresta no tempo
onde o amor de mãe não encontra limite.
Já não sinto medo dos bandidos,
do tumulto, da catástrofe ao redor.
Sinto apenas o seu abraço,
o seu beijo e a sua bênção…
e o seu olhar trazendo luz
para a minha vida que antes parecia apagada.

Enquanto eu sigo para um recomeço,
sei que você ainda cuida de mim.
No ar, fica o seu perfume —
enquanto você parte na carruagem conduzida
pelos guardiões da morte…

Deixa comigo a coragem
de voltar à vida, sem medo do que ainda virá —
porque agora sei que não existe fim, apenas recomeços.

@rschumaher

Cilene
Cilene @Cilene

Querido Papai Noel

querido Papai Noel
eu sei que a escola pediu para a gente escolher um presente
podia ser boneca
cozinha de plástico
ou aquelas coisas de menina que todo adulto fala sorrindo
como se eu tivesse prometido alguma coisa pra eles
antes mesmo de nascer

mas eu queria mesmo
era virar super-herói

não de capa (acho que engancha nas quinas da mesa)
não de salto alto (minha tia disse que toda mulher precisa aprender)
não de sorriso paciente
que aguenta tudo
igual vi minha mãe engolir ontem
quando o mundo dela caiu dentro de uma pia cheia de louça

eu queria poder salvar gente
inclusive eu

não quero casar cedo
nem carregar bebês antes de carregar meus próprios sonhos
não quero limpar o chão dos outros
enquanto sujam o meu nome
nem quero ser chamada de exagerada
quando disser que dói

querido papai noel
sei que isso talvez não caiba no trenó
me disseram que menina nasce sabendo cuidar
mas eu só sei correr rápido
e pensar coisas enormes
e sentir um fogo bonito no peito
quando imagino que posso voar para longe
de tudo o que querem que eu seja

se não der pra me dar superpoderes
pode me mandar só uma coisa então:
um amanhã
onde ninguém diga
que eu nasci errada

porque eu juro
papai noel
eu juro que só queria sentir a espada cortando o braço peludo
que tentou passar a mão na minha bunda no dia do meu aniversário

eu juro que eu só queria salvar o mundo
antes que o mundo
me engula.

novidadesliterunico
novidadesliterunico @novidadesliterunico

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#Literunico #BibliotecaLiterunico #Leitura #IndiqueUmLivro #AutoresIndependentes #LivroNovo #LeitoresDoBrasil #ClubeDoLivro #LeituraCompartilhada #DicasDeLeitura

rosana858
rosana858 @rosana858

A Memória da Casa Perdida

Você já sentiu saudade de um lugar que não sabe dizer onde fica?
Eu sinto desde sempre.
Quando criança, eu fugia de casa como quem obedece a um chamado antigo. Pegava qualquer rua, guiada por uma força silenciosa que não cabia no corpo miúdo. Caminhava seguindo rastros apagados, até que algum adulto me encontrava e me conduzia de volta ao que chamavam de lar.
Lar…
Uma palavra bonita, mas que nunca me abrigou inteira.
Minha família sempre foi afetuosa, mas havia em mim um horizonte que não cabia dentro de paredes. Eu me percebia deslocada neste tempo — como se viesse de uma era em que a alma caminhava descalça e reconhecia cada elemento da natureza como parte de si.
Nunca me encaixei nos moldes deste século.
Quanto mais exigiam que eu me adaptasse, mais meu âmago se erguia em rebeldia — como um pássaro que recorda o vento antes mesmo de abrir as asas. Regras me pareciam máscaras, e eu jamais quis ser figurante numa peça que não escrevi. Sempre preferi vivenciar as cenas que a vida projetou para o meu crescimento.
Tornei-me adulta desafiando limites e expectativas.
Nunca vivi para agradar ninguém.
E, às vezes, ultrapassei fronteiras apenas para provar a mim mesma que elas não eram reais.
Há dias em que me sinto dentro de uma redoma transparente:
o mundo gira lá fora, pessoas se movem em ritmos que desconheço...
e eu, do lado de dentro, encosto as mãos no vidro, incapaz de atravessar.
O que mais machuca não é a distância —
é a falta de sentimento, tão rara, tão esquecida.
E, ainda assim, existe dentro de mim uma força que chama para longe.
Quero ir — para onde, não sei.
Talvez para um local onde a magia ainda colore o universo em tons que não existem aqui. Onde o ar é puro, o silêncio tem melodia, e viver é sagrado — muito mais do que cumprir tarefas e colecionar objetos.
Sinto uma nostalgia funda de algo que minha essência já viveu,
uma memória que meu coração protege como um relicário.
Meu inconsciente se recusa a apagar aquilo que não deveria ter sido esquecido.
Às vezes levanto o rosto para o céu e troco olhares com as estrelas.
Elas me reconhecem.
E, no brilho que devolvem, há um aconchego antigo,
como se, por um segundo, eu regressasse à minha verdadeira morada.
Não sou contra o avanço das máquinas.
Mas sei, no íntimo, que já fomos muito mais do que elas jamais serão.
Carregávamos dons, forças, sensibilidades que hoje dormem nos cantos mais silenciosos do espírito.
Desaprendemos a usar o que sempre foi nosso.
Sinto a ausência de coisas que não sei nomear.
Saudade de pessoas que talvez nunca tenham caminhado neste plano.
E quando o déjà-vu me toca —
num filme de época, numa ruína que respira histórias,
numa trilha onde a natureza fala —
eu reconheço esse toque como quem reencontra uma parte perdida de si mesma.
Sigo procurando meu território —
um lugar que parece viver entre o passado e o indizível,
talvez numa dobra do tempo,
onde ainda sou inteira.
Escrevo este texto como quem lança uma garrafa ao mar.
Talvez existam outros viajantes desse mesmo mundo invisível.
Talvez você, que lê, também carregue essa memória de casa —
uma casa que não aparece em mapas,
mas que o sentir reconhece e insiste em reencontrar.

@rschumaher