Johannes Chrysostomus Wolfgangus Theophilus Mozart é um velho conhecido nosso, mas o que poucos sabem é que a sua irmã, Maria Anna Walburga Ignatia Mozart, Nannerl, ou Senhora Listrada, vive até hoje.
A Senhora Listrada, nasceu quatro anos e meio antes de Wolfgang. O pai dos dois, Leopold, também era compositor e dava aulas de música em Salzburg. Quando Nannerl tinha 7 anos, Leopold começou a ensinar música para a filha, mas a grande paixão dela sempre foi compor sonatas para a sua própria dança.
Nannerl percebeu ainda criança que o fato de ser mulher a tolhia de muitas coisas. Apesar de ser uma compositora e musicista tão genial quanto o seu irmão, ela não dividia os holofotes com ele.
Naquela época a sorte ou o infortúnio de uma mulher estava no matrimônio e Nannerl vislumbrou a perspectiva mundana que a esperava. Por meio de uma amiga ela soube de um misterioso e poderoso homem conhecido como Senhor dos Tempos.
Ele tinha poderes para viajar para o passado e para o futuro. Diziam ser ele o verdadeiro responsável por toda autoridade concedida a imperatriz Maria Teresa Valburga Amália Cristina, a primeira e única mulher a governar sobre os domínios habsburgos, a Áustria, Hungria, Boêmia, Croácia, Mântua, Milão, Galícia e Lodomeria, Parma e Países Baixos.
Na manhã seguinte, Nannerl ou Senhora Listrada, como preferirem, chamou Mozart para executar a sua nova composição. Enquanto ele tocava, ela para o espanto do irmão, começou a fazer os seus movimentos vibrantes que de nada pareciam com o minueto, a contradança e a gavota.
Em um primeiro momento Mozart pensou que a sua irmã estivesse tendo algum tipo de ataque, mas depois entusiasmou-se com o que estava vendo e então eles decidiram se apresentar para a imperatriz no próximo baile de máscaras. A ideia era impressionar o Senhor dos Tempos e pedir que ele a enviasse para o século XX.
Estamos falando da primavera de 1769 quando a então Nannerl, depois de apresentar o seu número, vestida de veludo negro, se transformou em um robusto corvo e saiu pelas janelas douradas do Palácio de Schönbrunn para nunca mais ser vista.
Quando ela pousou estava no século XX , em uma casa no Pacaembu, tão digna como a sua dança, tão escura como as suas lembranças e tão assombrada como o seu espírito. Foi nessa época que conhecemos a Senhora Listrada e pudemos acompanhar de perto a sua meteórica carreira no mundo da dança, dos espetáculos, da fama e da fortuna.