Hoje, ali está ele, sentado à beira do lago, fumando um cachimbo e olhando para o infinito, o olhar parece perdido em algum lugar, ora ou outra um peixe pula faceiro em algum canto do lago chamando sua atenção, parece que eles estavam provocando, convidando para um duelo, e ele ficava imaginando os insultos vindo dos peixes: “Ó seu velho gagá!!”; “Você não me pega, seu velho ignóbil!!”, “Eu to aqui oh! velho biruta!!”, “Como é? Vai ficar só coçando?” ...
Com essas frases na cabeça, seus olhos começaram a brilhar, ganharam vida, e nos lábios brotou um sorriso maroto, como quem diz em resposta: “Podem me esperar!”. Passou o resto do dia arrumando o material, organizando suas iscas e fazendo outras. É, uma vez, quando estava acampando na beira de um lago em Toronto, no Canadá, um velho pescador o ensinara a fazer suas próprias iscas, ele contou que havia época em que era mais difícil pegar os insetos que os próprios peixes:
“– Quando tem, não tem; quando não tem, tem!” exclamava ele, parecia uma charada, mas depois explicou: “– Parece que os insetos e as larvas sabem quando é temporada de pesca e somem tudo, tinha dias que eu levava horas atrás de iscas, e não conseguia nem uma mosca, foi então que resolvi experimentar as iscas artificiais, mas eram muito caras e eu não tinha condições de adquiri-las, foi então que comecei a confeccionar minhas iscas, no início usava uma morsa que tinha na garagem, juntava penas de aves, pelos de animais e outros materiais para dar formas às iscas, e para minha surpresa, na primeira vez que experimentei, lancei a isca e puxei e quando ela estava para bater na superfície novamente, me salta uma truta marrom enorme e abocanhou o anzol, o susto foi tanto que quase cai na água, desde então só tenho usado minhas iscas, e com elas até dá pra ganhar um dinheirinho vendendo para outros pescadores...” falava o velho. E como ficaram muito amigo, saiam para pescar juntos, e com ele Justiano aprendeu muito sobre pesca, peixes, sobre os dias ideais para pescar através das fase da lua, melhor horário do dia.
O velho canadense também sabia como preparar um bom peixe na brasa, e eles passavam horas em voltas da fogueira conversando e, o ele contava várias histórias incríveis, que dava até para duvidar de sua veracidade, a mais incrível era de um peixe que nunca conseguiu tirar das águas, mas que ele julgava ser o sempre o mesmo, pois sempre agia da mesma forma, puxava para o mesmo lado cada vez que fisgado, e lutava como um touro na arena, e sempre após horas de luta conseguia de alguma forma se desvencilhar do anzol e fugia “sorrindo”.
