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Sylvvia Rubraurora

Sylvvia Rubraurora

Ativo

#desafio 365 dias

Dia 56 - Conte sobre um livro que tenha uma frase de efeito ou famosa, cite a frase.

Quantas pessoas devem conhecer a frase "Tudo vale a pena, se a alma não é pequena" sem saber, no entanto, que se trata de um verso do poema Mar Portuguez, um dos poemas mais conhecidos de Fernando Pessoa? Eu já conheci muitas!

O poema, primeiro lançado na revista Continental em 1922, tornou-se um dos poemas mais icônicos do livro "Mensagem" , publicado em 1934. Fiquem com o poema:

Mar Portuguez

Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.

#desafio 365 dias
Dia 54 - Conte sobre um livro que você sempre cita.

Eu podia citar aqui vários livros, mas vamos falar de um livro de uma autora nacional, @cadantasautora !

Ele se tornou um livro muito citado por mim quando falo sobre autoras que vou conhecendo. Por quê? Ora, porque é um livro visceral, Pulp, mas também que crimes não são romantizados, como em muitos livros que vemos por aí.

A autora criou um casal com uma química inegável, cada um com uma bagagem emocional carregada e que tentam sobreviver na cidade de Desejo. Costumo dizer que Desejo é uma cidade onde o crime compensa e os protagonistas vão, da maneira que sabem, lidar e vencer a isto.

#desafio 365 dias
Dia 52 - Fale sobre um livro de Sonetos

Em 1959, Pablo Neruda publicava seu livro “Cem Sonetos de Amor” (Cien sonetos de amor), talvez sua obra mais conhecida. Como o título diz, se trata de 100 sonetos que declaram um amor intenso por sua esposa Maltide Urrutia.

O livro é dividido em quatro partes ("Manhã" (Mañana), "Meio-dia" (Mediodía), "Tarde" (Tarde) e "Noite" (Noche) e os sonetos unem uma linguagem simples a uma mensagem emotiva, com ricas construções de metáforas.

O amor é mostrado tanto de uma maneira sensual quanto espiritual, indo além da idealização romântica, tocando também na imperfeição e na realidade do amor cotidiano.

"Não te amo como se fosses rosa de sal, topázio
ou flecha de cravos que propagam o fogo:
te amo como se amam certas coisas escuras,
secretamente, entre a sombra e a alma."

#desafio 365 dias

Dia 51- Fale sobre um livro que você não entendeu ou teve bastante dificuldade para entender.

Há livros de conforto; livros instigantes; livros que trazem novas perspectivas a cerca de algum conhecimento que você já tem; livros que te ensinam algo novo; que te fazem rir ou chorar... e há livros que te chamam de burra. É o caso de “Ideias para uma Fenomenologia Pura e para uma Filosofia Fenomenológica”, de Edmund Husserl.

O filósofo e matemático busca um olhar filosófico que se contrapôs ao pensamento positivista do século 19. Talvez por nossa escola (ao menos nos anos 80 e 90 quando estudei) ainda fosse tão cartesiana, ou ainda na universidade as discussões filosóficas fossem tão dialéticas, eu me peguei batendo a cabeça para apreender o sentido da intencionalidade da consciência acerca dos fenômenos.

Não entenderam a última coisa que eu disse? Também não. Sigamos.

#desafio 365 dias

Dia 49 - Fale sobre um livro que seja peça teatral.

Sabe um daqueles livros que você lê, esquece o nome das personagens e até mesmo a maior parte do enredo, mas, em contrapartida, NUNCA esquece? Então...

Li a peça "Uma Casa de Bonecas" de Henrik Ibsen em 2005 (último período da faculdade) e lembro-me muito bem do incômodo que me foi ler uma peça de 1879, porém que me parecia tão atual.

A peça é sobre como mulheres são excluídas da sociedade, às vezes com uma roupagem de cuidado e afeto.

#desafio 365 dias

Dia 43- Fale sobre um livro que quebre a quarta parede e o narrador conversa com o leitor.

ah, hoje vou fazer publicidade do meu livro "Sem Fôlego". Nele, a protagonista chama o leitor para dentro da narrativa, como se fosse alguém com quem ela está conversando.

"Ei, você aí. É, você mesma! Eu sei que você não tem nada melhor para fazer agora e eu, bem, não posso viajar antes que meu passaporte falso seja entregue. Então, quer ouvir uma história? Pois bem, se senta aí confortável numa poltrona, imaginando que as almofadas são os braços de um galã de novela. E se prepare, pois ora sou detalhista, ora me perco divagando em ideias secundárias."
(Sem Fôlego, pg 13)

#desafio 365 dias

Dia 42- Fale sobre um livro que aborde hipocrisia.

Quem melhor para narrar, sem papas na língua, acontecimentos da sociedade no final do século 19 que um autor defunto?

Memórias Póstumas de Brás Cubas foi lançado em 1881 e é considerado não só o maior livro de Machado de Assis como também um dos melhores da Literatura Brasileira.

Machado cria um defunto autor, que decide contar suas memórias após sua morte. Em vez de seguir uma linha narrativa tradicional para a época, a história é dividida em capítulos curtos, com certo tom anedótico.

Brás Cubas é um narrador cínico que não poupa críticas a si mesmo e aos outros; à sociedade hipócrita do final do século 19.

#desafio 365 dias

Dia 41 - Fale sobre o primeiro livro que você leu ou que você se recorda da história.

Eu esqueci muita coisa da minha infância, quase tudo na verdade. Porém lembro do primeiro livro que ganhei na infância "Pé de Pilão", de Mário Quintana.

Trata-se de um poema infantil, todo rimado. eu nunca esqueci dos versos iniciais, pois virou uma tradição eu lê-lo para meus sobrinhos, assim como minha mãe o leu quando eu não sabia ler.

"A vó do pato era uma fada
Que ficou enfeitiçada
Nunca, nunca envelhecia
E era loira como o dia!

Ai, que linda ela era
Agora é seca e amarela
Parece passa de gente
Não tem cabelo nem dente."

#desafio 365 dias

Dia 35 - Fale sobre um de seus livros preferidos de ficção científica.

Trago hoje esse livro que li na minha adolescência e simplesmente amei! Blecaute (1986), segundo livro de Marcelo Rubens Paiva, foi o primeiro livro do autor que eu li (só depois fui ler Feliz Ano Velho e não, eu não li Ainda Estou Aqui).

Se trata de uma São Paulo distópica.

No livro, três amigos (Rindu, Mario e Martina) estavam explorando umas cavernas quando houve uma enchente que os impediu de sair. Quando finalmente conseguem, encontram uma São Paulo bem diferente - todos os habitantes haviam se tornado estátuas, como bonecos de cera.

É a partir desse plot que o Marcelo explora temas como: sobrevivência, fim da humanidade, relações humanas ante ao desconhecido. Tudo isso numa escrita bem envolvente.

Super indico!

#desafio 365 dias

Dia 34 - Fale sobre um de seus livros de poesia preferidos.

É raro, para mim, encontrar um livro de poemas que eu leio do início ao fim sem pular poemas, sem alterar a ordem, sem ser relapsa com alguma intenção do autor. Mas em “A Via Estreita”, de Alexei Bueno, seria um pecado fazer isso.

O livro é um itinerário poético e filosófico, dividido em dez Odes, e eu diria que ele é bem distinto do que costumo ver na literatura brasileira. Digo também que o poeta nos guia por uma ontologia do caminho humano.

O livro foi publicado em 1995 e ganhou prêmio de melhor livro de poesias da Biblioteca Nacional.

Um trechinho da Ode II:

“Não, não esperes em um outro corpo a resolução minúscula do mundo...
Perto, o cego se lamenta
Fustigando o chão com a bengala e chocalhando a caneca contra o céu,
Mas se ele amasse a treva como nós a amamos, nós que não a temos,
Nós que buscamos em outro, em um outro, que é sempre treva para nós,
A inapreensível luz da vida,
Então como ele dançaria em plena rua, como um pião vertiginoso,
Golpeando com a vara todos os rostos que jamais terá o desgosto de ver.

... Mas ele sabe que a treva é treva.”

#desafio 365 dias

Dia 32 - Fale sobre um livro que trate de uma grande mudança impactante na vida do protagonista.

“Quando certa manhã Gregor Samsa acordou de sonhos intranquilos, encontrou-se em sua cama metamorfoseado num inseto monstruoso.”

Pois é assim que se inicia o livro A Metamorfose, de Franz Kafka.

Dito isto, pensem comigo: qual mudança na vida de uma pessoa poderia ser maior do que, do nada, acordar metamorfoseado numa “barata”? Deixo aqui a plaquinha “convença-me do contrário”!

Nota: Franz Kafka tinha síndrome de impostor! Se ele tinha, imagina eu.

#desafio 365 dias

Dia 31 - Fale sobre um livro que fale sobre mágica ou que você considere mágico!

Esse tema foi o mais difícil, visto que, na verdade, são dois! E ambos me levaram a caminhos bem distintos. Digo mais: outra verdade é que começo esse texto sem saber de qual livro vou falar.

Explico-me: a primeira alternativa me fez lembrar de livros onde a "mágica" é possível. Lembrei logo de O Hobbit, de Tolkien; de vários livros de Neil Gaiman (luto); de várias HQ's, como Constantine; além da coleção de livros ambientados no universo de World of Warcraft (gamer detected).

Já a segunda alternativa me levou para o caminho de livros cuja a linguagem é mágica! Livros que eu considero mágicos são aqueles nos quais a linguagem é o próprio mundo. Lembrei de O Fio das Missangas, de Mia Couto; de A Via Estreita, de Alexei Bueno; de Morangos Mofados, de Caio Fernando Abreu (já trazido aqui).

Decido, então, falar de um texto que sequer lembrei ao iniciar: o conto "Natal na Barca" (1973), da maravilhosa Lygia Fagundes Telles.

O conto se passa na véspera de Natal, em uma barca que cruza o Rio Tietê. O narrador (que não tem o seu gênero definido) claramente está depressivo e fugindo de algo, e se depara com uma mulher que está na barca com seu filho doente. É um texto sobre a magia do Natal, mas também sobre a magia de ser empático, de ser humano, de deixar-se envolver pelo outro.

Esse conto é tão mágico, para mim, que uma vez eu levei para ler com meus alunos e, no fim, estávamos eu e alguns alunos de olhos lacrimejando. Super recomendo!

#desafio 365 dias
Dia 30 - Fale sobre um livro que trate de alguma revolução

Hoje será um pouco diferente. Trago, não um livro que li, mas um livro que comprei e ainda preciso criar vergonha na cara para ler. Trata-se da História de Duas Cidades (The Tale of Two Cities) de Charles Dickens, 1859.

Sei que o livro é ambientado à época da Revolução Francesa, quando um aristocrata francês se muda para Inglaterra. E é a partir dessa "dualidade" entre Paris e Londres que o autor aborda o tema da brutalidade da guerra.

Um dos trechos mais famosos é o parágrafo inicial do romance:

"Foi o melhor dos tempos, foi o pior dos tempos, foi a era da sabedoria, foi a era da insensatez, foi a época da crença, foi a época da incredulidade, foi a estação da Luz, foi a estação das Trevas, foi a primavera da esperança, foi o inverno do desespero, tínhamos tudo diante de nós, não tínhamos nada diante de nós, todos íamos direto para o Céu, todos íamos direto na outra direção"

#desafio 365 dias

Dia 28 - Fale sobre seu livro preferido de contos!

Eu sempre gostei bastante de fluxos de consciência e de prosa poética. E o livro de contos que, para mim, foi uma experiência inesquecível nesse sentido foi “Morangos Mofados”, de Caio Fernando Abreu.

Publicado em 1982, o livro é composto por 18 contos e dividido em três partes: “O Mofo”, “Os Morangos” e “Morangos Mofados”. São textos que tratam sobre a condição humana da sexualidade, da introspecção, da solidão, ambientados em um lugar de repressão militar.

#desafio 365 dias

Dia 20 - Fale sobre um livro que aborda fortemente assuntos sociais e políticos.

O tema de hoje me fez lembrar logo de um livro super experimental da literatura brasileira (e, mais precisamente, pernambucana): Agá (1974), de Hermilo Borba Filho. Este livro foi o tema da minha monografia de final de curso (Bacharelado em Letras, UFPE) e eu corri para procurar se ainda eu tinha o arquivo salvo no computador e... descobri que não tenho mais! Então, o texto a seguir vai ficar com as lacunas criadas pelo meu esquecimento, visto que se trata de uma leitura feita em 2006.

Agá é um romance que levanta a bandeira antifascista, denunciando os governos ditatoriais da América Latina. Publicado pela primeira vez em 1974 com um capítulo autocensurado, o autor chama estou versão de “Versão Cor de Rosa”, como uma ironia, visto que seu teor é uma denúncia ao regime em questão. Só em 2019 foi lançada da “Versão Vermelha”.

O livro é constituído de contos, cada um com seu “eu narrador” diferente, mas que se cruzam na mesma realidade social; além disso, temos trechos ilustrados como uma história em quadrinhos e texto para peça de teatro.

É um romance maduro, visceral, cheio de ironia, e que colocou Hermilo como um dos melhores escritores brasileiros de sua época.

#desafio 365 dias

Dia 19 - Fale sobre um livro que narre fatos históricos.

"O Queijo e os Vermes", escrito por Carlo Ginzburg, foi publicada em 1976. É o único livro que eu li com uma abordagem da micro-história, cuja narração historiográfica parte de indivíduos ou eventos aparentemente pequenos para remontar as crenças e peculiaridades de uma época.

Apesar de parecer, o livro não é ficcional. O autor busca arquivos do Vaticano para remontar a vida de Menocchio, um moleiro italiano do século XVI, que foi julgado pela Inquisição por heresia.

O título "O Queijo e os Vermes" é uma metáfora que o protagonista usa para explicar sua visão do universo: ele acredita que o mundo era feito de uma massa caótica, como o queijo, do qual surgiam os vermes, que ele identificava como anjos. E foram estas ideias nada ortodoxas que levaram Menocchio a ser julgado pela Inquisição.

#desafio 365 dias

Dia 18 - Comente a respeito de um livro que fala sobre preconceito.

Vou usar este espaço hoje para falar de um dos meus livros – Deu Match! Às vezes pinta um final feliz.

Que nossa sociedade é preconceituosa, não é novidade para ninguém. Dentre tantas formas engessadas de ver o mundo – segregando pessoas por conta delas – existe o preconceito de classe, que leva muita gente à marginalização e à invisibilidade.

Nunca saiu da minha cabeça um estudo que certa vez li, cujo tema era a invisibilidade social de certas profissões. No livro Deu Match!, o protagonista é Marcos, um pedreiro que vive na pele essa exclusão social por conta de seu trabalho.

A seguir, um trechinho para vocês conferirem:

"Certa manhã, o elevador de serviço entrou em manutenção. Um homem engravatado, que lhe dirigiu a palavra como se fosse um incômodo muito grande, lhe deu autorização para usar um dos elevadores principais. Marcos entrou e aguardava que as portas se fechassem, quando um segurança pôs a mão para impedir, ordenando:

— Saia, a presidente chegou! Espere outro.

Ele saiu. Por mais humilhante que fosse, havia se acostumado a trabalhar para gente rica e era sempre aquilo: o valor do pagamento podia ser atrativo, porém você tinha que aturar aquele tipo de atitude."

Sylvvia Rubraurora

#desafio 365 dias

Dia 15 - Fale sobre um livro que você sentiu que não poderia fazer mais nada enquanto não terminasse de ler.

Eu sou uma pessoa que, normalmente, não gosto de humor. Porém, um dia tropecei no Guia do Mochileiro das Galáxias (1979) e o humor sarcástico de Douglas Adams me prendeu de uma forma inesquecível.

É um dos poucos livros (no caso o primeiro volume da trilogia de cinco livros!) que me tirou o sono e eu vi amanhecer. Também é um dos poucos livros que eu, vez por outra, pego para reler trechinhos.

No livro, é narrada a história de Arthur Dent, quando este descobre que a Terra está prestes a ser destruída para a construção de uma via expressa hiperespacial!!!!

Amo demais o humor irreverente, os trocadilhos e as críticas sociais.

E lembre-se: "Não entre em pânico" (Don't Panic) e sempre leve uma toalha consigo!

#desafio 365 dias
Dia 12 - Escreva sobre o livro mais complexo que você já leu.

Se a linguagem é o material do escritor, tenho para mim que quanto mais complexa seja a linguagem torna-se mais complexa a obra. Pensando nisso, creio que o livro mais complexo que li foi Grande Sertão: Veredas de João Guimarães Rosa, publicado em 1956.

Toda palavra parece única nesta obra, que é narrada pelo protagonista Riobaldo, nos contando de suas experiências humanas no palco chamado Sertão brasileiro.

Sinto como se Guimarães Rosa, ao utilizar-se de uma linguagem repleta de neologismos e regionalismos, reinventasse a linguagem do homem sertanejo.

E não é apenas a linguagem que é complexa, mas também o relacionamento entre Riobaldo e “Reinaldo”, um amor proibido que coloca em xeque padrões sociais e trazendo de modo tão intricado o tema do amor proibido.

#desafio 365 dias

Dia 09 - Comente sobre um livro de conteúdo filosófico.

Eu sempre digo que minhas narrativas favoritas são aquelas em que o espaço é a estrutura mais importante; mais que a ação, inclusive. O espaço está lá, impávido, sempre deixando marcas de suas características em toda a obra.

E muito desse meu pensamento vem da leitura de Gaston Bachelard que em sua Poética do Espaço (1958) nos traz uma discussão filosófica sobre as relações entre nossa psique e os espaços com os quais lidamos, mais especificamente os espaços da “casa”.

O melhor desse livro é a sua poesia. A linguagem de Bachelard é maravilhosa e as metáforas sobre os recantos íntimos da casa (quarto, porão, sótão) fazem desse livro, apesar de ser filosófico, poético.

Para Bachelard, a imaginação poética é um fenômeno criador e ele vai trabalhar esta noção não apenas na Poética do Espaço, mas também em seus outros títulos: A Poética do Devaneio, A Psicanálise do Fogo, A Água e os Sonhos, O Ar e os Sonhos, A Terra e os Devaneios da Vontade.

#desafio 365 dias

Dia 08 – Fale sobre um livro infanto-juvenil marcante

Taí um tema que eu poderia falar por horas!

Minha memória da infância é muito ruim, porém eu até hoje lembro do poema infantil “Pé de Pilão”, de Mário Quintana — “A vó do pato era uma fada/ que ficou enfeitiçada / Nunca, nunca envelhecia/ e era loira como o dia!” (juro que digitei da memória, sem filar no google!)

Porém, mesmo que eu saiba de cor e salteado, não é sobre esse poema que eu quero falar — ao menos não hoje. Quero trazer para vocês um livro infantil que eu já li na vida adulta (um presentão de uma querida amiga): A Morte, o Pato e a Tulipa, do autor alemão Wolf Erlbruch.

É simplesmente um livro maravilhoso, que aborda, de maneira sensível e poética, o dificil tema do fim da vida: é a história de um pato que encontra a Morte e acaba por desenvolver uma amizade com ela.

O livro, de maneira acessível e respeitosa, traz a morte, não como algo a ser temido, mas como uma parte natural da vida.
Recomendo muito a leitura em qualquer idade!

#desafio 365 dias

Dia 07 — Perfil das personagens da série De Presa a Deusa

Hoje eu quero falar um pouquinho mais dessas três deusas que dão voz aos meus três livros: ‘Sem Fôlego’, ‘Loucuras de um Luto’ e ‘Barbara & Cleber’.

Cláudia Toledo – Sem Fôlego

Cláudia é uma mulher inteligente, formada em Ciências da Computação pela UFPE. Sua história começa em 2018, quando ela tinha 32 anos e trabalhava como Analista de Softwares na empresa Soft American Solutions.

Herdou da mãe as feições negras e, do pai, olhos azuis. A primeira grande mudança em sua vida, foi quando se tornou órfã de mãe e foi morar com seu pai, um rico empresário russo.

Apesar de ser muito inteligente, interessante e bonita, tinha problemas em encontrar um homem decente. Nesta procura, ela encontrou Eirik — um homem que parecia perfeito.

E daí, a história de Sem Fôlego começa.
***

Milena Souza – Loucuras de um Luto

Milena é uma mulher que é “boa em tudo que faz”. Formada em Letras, especializou-se em idiomas e trabalha como tradutora, revisora e intérprete de LIBRAS na mesma empresa que Cláudia. Porém ela tem uma vida dupla e sequer seus amigos mais próximos imaginam o que ela faz nos fins de semana.

Morena, de cabelos lisos e com franja, ela é uma mulher magra, fruto de distúrbios alimentares na adolescência. Filha de feminista, sempre teve abertura para confidenciar à mãe todas as suas experiências.

Sua história se passa em abril de 2023, quando ela é chamada para depor, pois é a única suspeita de um crime. Nesse depoimento, ela conta sua trajetória de 2018 a 2023, quando ocorreu o crime.
***

Bárbara Lins ¬– Bárbara & Cléber

Bárbara Lins foi vítima de tráfico humano ainda na infância. Sobrevivente do ab*s0 se*ual sofrido, foi resgatada pela polícia federal quando tinha apenas oito anos.
Depois de passar uns meses em um orfanato, ela foi adotada por um casal que faz parte da Agência — uma organização secreta que luta contra o crime organizado — e foi levada para a Inglaterra, onde treinou para ser uma assassina de homens cruéis.

Branca, de cabelos castanhos com luzes em suas pontas, Bárbara é faixa preta em Krav Maga, porém sua verdadeira paixão se encontra no piano.

Sua história se passa em 2013, quando ela ainda tinha 19 anos. Sua missão foi se infiltrar na casa de um agente da polícia federal, fingindo ser uma diarista. O que ela não esperava era reencontrar o policial que a resgatou. E é a partir desse reencontro que sua narrativa começa.

#desafio 365 dias

Dia 05 - Cite um livro do seu autor favorito. Como você definiria o motivo de ser seu autor favorito e por que escolheu esse livro dentre os que ele já escreveu?

Difícil escolher um autor favorito porque tenho alguns. Para este post, vamos de Italo Calvino, pois, para mim, sua escrita é a mais inovadora e experimental em termos de romance. Nada nunca é tedioso ou “mais do mesmo”.

Mais difícil ainda é citar o melhor livro dele. Temos um Barão que mora nas árvores; um cavaleiro que, por inexistir, é o melhor dentre eles; um visconde que foi para guerra contra os “mouros”, mas leva um tiro de canhão e volta, literalmente, partido ao meio; um castelo onde as pessoas se juntam para, por meio de cartas de tarô, criar narrativas.

Porém, o que eu considero “melhor” é “Se um Viajante numa Noite de Inverno” porque ele leva a metalinguagem ao extremo e brinca com as ideias de leitura e escrita. Nele, nós — leitores — vamos acompanhar a história do Leitor que tenta ler o novo romance de Italo Calvino, mas que por meio de interrupções (não direi quais para não dar spoiler) é levado a começar outros livros. Então cada capítulo do livro é um novo começo de livro!

O outro motivo de eu escolhê-lo é porque acredito que é o melhor começo de livro que eu já li. Segue um trechinho para vocês conferirem:

“Você vai começar a ler o novo romance de Italo Calvino, ‘Se um viajante numa noite de inverno’. Relaxe. Concentre-se. Afaste todos os outros pensamentos. Deixe que o mundo a sua volta se dissolva no indefinido. É melhor fechar a porta; do outro lado há sempre um televisor ligado. Diga logo aos outros: ‘Não, não quero ver televisão!’ Se não ouvirem, levante a voz: ‘Estou lendo! Não quero ser perturbado!’ (…) Regule a luz para que ela não lhe canse a vista. Faça isso agora, porque, logo que mergulhar na leitura, não haverá meio de mover-se. (…) Procure providenciar tudo aquilo que possa vir a interromper a leitura. Se você fuma, deixe os cigarros e os cinzeiros ao alcance da mão. O que falta ainda? Fazer xixi? Bom, isso é com você.”

#desafio 365 dias

Dia 04 - Poema

Nada a dizer.
Nestes dias, nada me comove.
Nada me propõe um verbo e, sequer, reconheço-me poeta.
Talvez nem seja.
Talvez seja apenas o engano alheio
Que se torna o aplauso desejado por meu ego.
Mas nestes dias, desprezo-o.
Recolho-me a um canto, sem camisa,
Lendo poemas sempre lidos, sempre ecos.
Neles, me encontro muda.

Sequer uma despedida se anuncia…
Sequer um beijo na testa, inocente convite.

Nada interrompe meu silêncio.
Permito-me sentir a morte,
Tão bela quanto mil aves negras
Que levantam voo
Em um quase desespero.

É fim de tarde.

Sylvvia Rubraurora

Enquanto aguardamos ansiosamente o lançamento de As Faces da Fúria – o aguardado quarto e último livro da Série De Presa a Deusa – tenho uma surpresa especial para vocês!

Apresentamos os capítulos de degustação! Prepare-se para conhecer Pedro Dio Silva, o novo personagem que promete trazer o CAOS à trama e deixar todo mundo falando! 🔥

Nestes 3 capítulos, você também vai explorar mais sobre Leila, a personagem que é amiga de Cláudia Toledo, que você conheceu em Sem Fôlego.

Se você é nova por aqui, está na hora de mergulhar neste universo literário apaixonante. Os livros da série De Presa a Deusa – Sem Fôlego, Loucuras de um Luto, e Bárbara e Cléber – estão disponíveis na Amazon e no Kindle Unlimited. Não perca essa chance de descobrir por que essa série conquistou ainda poucos, mas fiéis corações! 📚❤️

Atenciosamente, Sylvvia Rubraurora.

#desafio 365dias

3 - Conte para nós sobre um livro que você já leu mais de uma vez ou especificamente o livro que você já leu mais vezes. O que te motivou?

Existe um desespero em viver. Para alguns, é impossível fugir e, na minha concepção, estes se tornaram os melhores poetas que li.

“poesia é kamikase
você me quer suspensa no alto de uma miragem
e eu vou desmoronar” (Lucila Nogueira)

“Desespero Blue” é um livro de poesias da maravilhosa e inesquecível Lucila Nogueira (que infelizmente nos deixou em 2016). Já li e reli incontáveis vezes: em algumas, o livro por completo; noutras, um poema em específico, chamado “Sentimento Súbito”. Curioso que outros livros da poeta que eu li privilegiavam a forma, rima e métrica. Porém, em Desespero Blue — como não poderia deixar de ser —, a poetisa se joga no deleite de versos aos quais chamamos de “livres”, mas que, bem sabemos, estão longe de sê-los.

Vou deixar, para vocês conhecerem, um trechinho do poema que mais li em minha vida. Sentimento Súbito:

[...]
a água que lavou as letras da biblioteca
é um sinal de que o amor e a palavra exigem renovação
que tanto estudo não resolve o desamparo
e que continua desabitada a casa que sou

finjo-me autobiográfica e renasço como personagem
espasmo de eletrochoque eu sirvo o meu senhor
ducha de eletricidade eu sirvo o meu senhor
e basta o seu tom de voz ser um pouco menos terno
que eu já sinto dor
[...]

você não entendeu nada
você não percebeu que eu sou um fósforo apagado
esquecido na fuligem com memória do passado
que a vida cai pesadamente em meu cabelo azulado
e para a tela grande perder o colorido basta uma pilha se gastar
[...]

porque você nada sabe da insônia
e existe uma parte de mim onde ninguém chegou ainda
e o desespero sempre faz com que a gente precise acreditar em tudo
estou ficando cada vez mais com medo desse sentimento súbito.
(Eterna) Lucila Nogueira

#desafio 365 dias

Dia 01 - 1 - Qual seu livro preferido dentre todos (sem ser seu)?

Para mim, a palavra é o barro no qual o escritor cria sua obra de arte. Sendo assim, meus livros preferidos acabam sendo de prosa poética ou de poemas. Gosto de ler e sentir um verso irretocável. Dessa forma, meu livro favorito não poderia ser outro além das Elegias de Duíno, de Rilke.

São dez elegias que tratam temas da existência humana, como a mortalidade, a beleza, a angústia ante ao desconhecido. Pensar que Rilke passou dez anos (de 1912 a 1922) trabalhando nessa obra me diz o quanto eu ainda preciso aprender a lidar com a linguagem como escritora.

A imagem poética do anjo como um ser terrivelmente belo e poderoso em contraste com a fragilidade humana ante a morte é um convite para pensarmos sobre nossa efêmera existência.

Sylvvia Rubraurora

Bárbara & Cléber

Tem uma música de Fábio Jr. (sim, fui longe, lá nos anos 90) que fala “Estou tentando resolver este problema/ onde uma cena cresce mais que seu autor” — pois bem, é a melhor forma de explicar o que aconteceu com o personagem Cléber.

Eu tinha a ideia de a série De Presa a Deusa ser uma trilogia, então desde o início existia uma Bárbara em minha cabeça. Só que no livro 2 ¬— Loucuras de um Luto — surgiu este Agente da Polícia Federal, Cléber Portela e ele, depois da participação especial, começou a crescer dentro de mim de uma forma que me senti compelida a escrever um romance em que ele fosse o protagonista.

E assim nasceu “Bárbara & Cléber”, que se passa dez anos antes da história de Sem Fôlego, com o foco no relacionamento dos protagonistas. Vamos conhecer como ambos se encontraram quando Bárbara tinha apenas 8 anos e foi resgatada por Cléber, em uma operação contra o tráfico humano. Onze anos depois desse resgate, Bárbara é — contra a vontade! — uma agente secreta, que trabalha para uma instituição que combate o crime organizado. E ela recebe uma última missão: infiltrar-se na casa de um agente federal, passando-se por diarista.

É um livro com cenas de ação, mentiras e segredos. É um livro com Age Gap nada convencional e que foi assunto em sessões de terapia dos personagens. O romance é slow burn, porque a história de Bárbara pedia, seria insensível com ela se eu apressasse o romance. É um livro que toca no tema abuso infantil, mas que eu tive todo o cuidado de não ferir (muito) o leitor.

Toda a série está disponível na Amazon e na Uiclap.

Loucuras de um Luto

Escrever o segundo livro da série De Presa a Deusa foi um desafio. Eu me perguntava: “Como vou escrever algo que seja novidade, mas, ao mesmo tempo, que pareça a continuação do livro anterior?” A resposta foi o desenvolvimento de “Loucuras de um Luto”.

No livro anterior, “Sem Fôlego”, ficamos sabendo que Cláudia Toledo trabalhava numa empresa de softwares. Então, como era essa empresa? E como a empresa recebeu as notícias dos acontecimentos que envolveram a protagonista do primeiro livro?

Nasceu, assim, a narradora e protagonista Milena Souza, nossa segunda deusa. Uma mulher que poderia ser uma “mocinha clichê”, mas que, na verdade, foge do convencional. É ela quem vai abrir as portas da empresa e contar tudo que sabe a Cléber Portela — um agente da Polícia Federal, muito interessado em saber mais da história de Cláudia Toledo.

A narração se dá através de um depoimento, pois Milena é a única suspeita de um assassinato. Ela não vai poupar detalhes tanto sobre o dia a dia na empresa, quanto sobre seu relacionamento com Ighor Monteiro, vice-presidente da empresa SoftAmerican Solutions. E é por meio do relacionamento dos dois que o romance traz práticas BDSM, sem, no entanto, apelar para um relacionamento tóxico.

A história se passa durante a pandemia de COVID, logo esta se tornou um tema sensível que pode trazer gatilhos aos leitores.

Sem Fôlego

Continuando a série “Não sei falar dos meus livros”, deixa eu falar para vocês de Sem Fôlego — primeiro livro da série De Presa a Deusa.

No final de 2022, eu estava num lugar psicológico não muito bom... E foi nessa época que eu comecei a ler alguns livros clichês de CEO e Máfia. Gostei bastante de alguns e, de outros, eu só me perguntava: “como assim, alguém romantiza isso?” Foi então que eu pensei: “Como eu escreveria um livro sobre esses temas?”

Assim, nasceu Cláudia Toledo, a primeira “deusa” da série. Uma mulher que, em 2018, aos 32 anos, estava bem descrente acerca de relacionamentos amorosos, principalmente dos encontros marcados por aplicativos de namoro. No entanto, por insistência de sua amiga Leila, ela acaba cedendo e conhece Eirik, um homem perfeito. Mas perfeição não existe, não é mesmo? Dessa maneira, ela vê sua vida ser completamente transformada ao se relacionar com Eirik — e a história se constrói a partir das cenas de declínio e de renascimento pelos quais Cláudia passa.

É uma novela “hot”, com cenas de tirar o fôlego; também é uma novela “dark”, com menção a crimes. No entanto é, acima de tudo, uma narrativa de vingança, pois Cláudia não deixou barato tudo que ela passou.

Curiosidade: Cláudia Toledo usa, como seu nick de hacker, “Mulher da Sombrinha” — é uma referência a uma lenda urbana da cidade de Catende-PE. Diz-se que, na década de 1940, trabalhadores que saiam de seus turnos à meia-noite viam essa bela mulher vestida de branco. Ela os levava até o cemitério e eles eram encontrados no dia seguinte, sem lembrar o que aconteceu. Como em Pernambuco até assombração acaba em festa, hoje é um bloco de Carnaval na mesma cidade.