Kelly foi a última paciente daquele dia da Dra. Sara, a noite já batia à porta quando a consulta terminou, após encerrar o expediente, Dra. Sara deixou o consultório dirigindo seu veículo, um Volkswagen Beetle de cor amarela, sua clínica fica localizado no centro de Washington DC, o percurso de volta para casa dura menos de meia hora, até o bairro de Georgetown, onde reside com seu marido Gerhard e sua filha Sophia, de oito anos.

Sara estaciona o carro na garagem, mas durante todo tempo, seu pensamento esta focado na sua mais nova paciente, Kelly/Doly, ela está entusiasmada com o novo desafio, sente-se eufórica, respira fundo, dá um sorriso, recolhe sua bolsa do banco do carona e desce do carro. Entra na casa pela porta que dá acesso à área de serviço e depois à cozinha, logo percebe, como de costume, que seus entes já estão em casa.
– Boa noite família! Tudo tranquilo aqui? Hum… isso parece bom!!!
Dá um beijo no esposo que está mexendo algo no fogão que emana um aroma agradável às narinas, depois vai a procura de Sophia, encontra-a na sala recostada no sofá, brincado com um tablet, dá um abraço bem apertado e a enche de beijocas, mas logo é repelida pela criança que não quer ter seu jogo interrompido.
Tablet é um dispositivo pessoal em formato de prancheta que pode ser usado para acesso à Internet, organização pessoal, visualização de fotos, vídeos, leitura de livros, jornais e revistas e para entretenimento com jogos. Apresenta um ecrã tátil, que é o dispositivo de entrada principal.
– Gerhard? Advinha quem que apareceu lá no consultório hoje? - Perguntou ao marido voltado para a cozinha.
– Não faço ideia… o presidente Trump?
– Minha nova paciente se chama Kelly Meggy. A Doly, a Dolyzinha!
– Nossa!!! Que legal! Tu tá podendo hein, querida!!
Nisso, Sophia, que parecia entretida no seu jogo, mas estava antenada na conversa dos pais, grita da sala:
– A DOLY ESTÁ LOUCA MAMÃE?
– Não querida! Mas, por quê louca filha?
– O papai disse que seu trabalho é curar os loucos.
Sara olha para o marido e o fuzila com os olhos semicerrados, que dá de ombros e ri, erguendo as duas palmas das mãos para cima. - Depois falamos sobre isso! - cochicha pra ele indo para a sala.
– Não querida, ela só está com alguns probleminhas e pediu ajuda da mamãe.
– Ah tá! - Finalizou Sophia, voltando a se concentrar na sua atividade.
– Mas me conta, o quê que deu nela? Perguntou Gerhard.
– Você sabe que não posso falar, é sigilo profissional, só posso dizer que ela está passando por uma crise de identidade. Coitadinha! Ela é tão fofinha, e eu quase que tive um ataque tietagem.
– Só imagino, do jeito que você adorava os filmes dela, quantas vezes nós vimos aqueles filmes do Reino Mágico de Wozzy?
– Para que você também gostava! Agora que história é essa de curar loucos?
