Márcio chega ao sítio na zona sul onde a família de Monique e Pedro mora. Antigamente, aquela área rural pertencia à família Santos, mas Dona Leonora sempre quis morar mais perto do centro da cidade. Como Júlio César desejava estar mais próximo da sede da empresa, acabou comprando o sítio de seu sócio de forma amigável.
O Uno é estacionado no portão por Márcio, mas Pedrinho o interrompe antes que ele se despeça dos irmãos:
— A Pati gostaria de entrar, eu prometi a ela que faria cachorro-quente para nós.
— Se não for incomodo para ninguém, podemos entrar para uma visita. — Responde Márcio.
Pedro abre a porta traseira esquerda do carro e sai para abrir o portão. Márcio entra com o carro no sítio, Pedro fecha o portão e entra novamente no Uno, dizendo:
— Vamos para casa pequena, eu vivo fazendo comida ali para meus amigos e amigas de escola. — O adolescente sorri marotamente
— Por mim tudo bem. — Responde Márcio.
Os quatro jovens entram na casa, que traz lembranças da infância deles. Quase nada mudou. Os móveis são praticamente os mesmos. Márcio é tomado por um sentimento de saudade de uma época boa que não volta mais. Apesar dos problemas que enfrenta, comuns a qualquer adulto, sua vida não é totalmente ruim. Seus pensamentos são interrompidos por Pedro:
— Eu e a Pati vamos fazer os cachorros-quentes na cozinha enquanto tu e a Monique ficam conversando na sala.
— Acho ótimo! — Monique responde se sentando no sofá. — Senta aqui do meu lado Márcio!
Pati e Pedrinho se dirigem a cozinha e ficam ainda conversando por meio de sinais, de costas para Márcio, para não ter a chance de ele traduzir o que eles estão sinalizando em tal diálogo.
Márcio senta-se ao lado de Monique. Ela é uma linda mulher ruiva, com um metro e sessenta e nove de altura, corpo cheio de curvas e boca grande e carnuda. Aquela garota de vinte e um anos, sentada ao lado dele, o faz suar frio e seu coração palpitar. Envergonhado, ele tenta iniciar uma conversa:
— Sabe Monique, essa casa me traz muitas lembranças.
— Para mim também Márcio, foi aqui que conheci os meus verdadeiros amigos.
— Aqui também conheci uma menina muito doce que se tornaria uma linda mulher.
— Quem é essa menina Márcio?
— Estou falando com ela agora.
Monique fica ruborizada e sente um calor percorrer seu corpo:
— Sei bem de teus sentimentos por mim Márcio e digo que sinto o mesmo por ti.
— Que bom que tu percebeu Monique.
Ambos começam a acariciar o rosto um do outro, encostam seus lábios e se entregam a ardentes beijos e carícias.
Algum tempo depois, Pedrinho entra na sala e interrompe o namoro de Monique e Márcio falando:
— Desculpe interromper os dois no que estavam fazendo, mas o molho do cachorro-quente está pronto. Vamos comer na cozinha, se quiserem vir é claro.
— Vamos sim, Pedrão! — Responde Márcio se levantando do sofá.
Monique também se levanta e pega na mão de Márcio para acompanhá-lo até a cozinha. Chegando lá encontram Patricia já comendo um cachorro-quente feito com um pão francês já borrachudo. Ela vê a amiga e o irmão de mãos dadas, abre um sorriso e sinaliza que ficou feliz dos dois se acertarem.
Todos se sentam à mesa. Pedro monta outro cachorro-quente para si, e Pati comenta que já é o terceiro que ele come:
— Cara tu já não comeu o suficiente no jantar? — Pergunta Márcio surpreso.
— Estou em fase de crescimento! — Responde o rapaz ruivo sorrindo.
Todos caem na gargalhada. O irmão de Pati sabe que, apesar de Pedrinho ser um homem do seu tamanho, ele ainda é um menino de dezessete anos, com toda sua imaturidade e infantilidade. Assim, Márcio releva algumas falas e atitudes do rapaz.
Todos conversam alegremente sobre amenidades e coisas sem muita importância, tentando diminuir a tensão causada horas atrás pela situação provocada por Ricardo. Os presentes concordam que estão preocupados que toda essa história termine de forma trágica.
Após comer seu cachorro-quente, Márcio anuncia para todos:
— O Pedrão já sabe que vou falar! Mas há tarde quando a gente estava fazendo o Beto caminhar com as próteses a Leca me ligou nos convidando para o próximo sábado nos irmos na praia jogar as cinzas do Dinho no mar. Os dois querem ir também?
Os irmãos ruivos dizem que sim, iram participar dessa última despedida de Dinho, pois ele merecia ser muito homenageado pela pessoa que ele foi em vida.
O clima fica um pouco mais sério, mas é quebrado por Pedro, que dispara:
— Terminou o pão e ainda continuo com fome! — Diz, acariciando sua barriga.
Todos caem na gargalhada.
A conversa continua, com todos comentando que Pati e Pedrinho disfarçaram bem e fizeram de tudo para Monique e Márcio se acertarem. Pedro diz que, para deixar tudo em casa, ele deveria ficar com Patrícia, ao que ela sinaliza que não quer de jeito nenhum.
Os quatro conversam e riem entre si, sem perceberem as horas passarem rapidamente. Como já é tarde, Monique e Pedro se despedem de suas visitas.
Pati e o irmão vão embora da casa dos seus amigos na madrugada, após ter criada uma boa lembrança nesse local.