No final da tarde do sábado seguinte, estavam os amigos Beto, Márcio, Patrícia, Monique, Rafa e Pedro, junto com Leca e seus pais, para prestar a última homenagem a Dinho. A praia estava vazia, pois ainda não era temporada de veraneio. Estava até um pouco frio, pois ventava muito, e apesar de a água estar gelada, já apresentava sua tradicional cor escura de chocolate, típica dos verões nas praias dessa região.
A irmã de Dinho caminha à frente em direção ao mar, carregando a urna mortuária para espalhar as cinzas de seu irmão, conforme seu desejo de viver para sempre naquela praia. A família possui uma casa há muitos anos nesse local e, embora tenham considerado vendê-la, a ideia foi abandonada devido ao carinho do falecido pelo lugar.
Quando Leca já está com os pés na água, ouvem-se dois gritos ao longe. Ela se vira e identifica duas silhuetas se aproximando do grupo. Eram Bibi e Mel, que se juntam aos outros para prestar a última homenagem ao rapaz que tragicamente os deixou.
A família de Dinho pede que sua namorada também jogue as cinzas dele ao mar junto com eles. Os quatro abrem a urna e cumprem o desejo do falecido de viver eternamente naquela praia. Todos os presentes se emocionam, demonstrando seus sentimentos pelas lágrimas em seus rostos:
— Finalmente me despedi do meu amigo. — Diz Beto com a voz melancólica
Após os restos mortais de Dinho serem consumidos pelo mar, todos se abraçam e se dirigem ao calçadão, onde Esteban e Lucas aguardam Mel:
— Boa tarde pessoal. — Cumprimenta simpaticamente a todos Lucas.
Esteban somente acena para os outros:
— Não quer ficar Mel? — Pergunta Leca.
— Infelizmente não. Somente vim para me despedir do meu namorado! — Responde ela abraçando-a.
Todos se despedem de Lucas, Esteban e Mel, que entram no carro e vão embora de volta para sua casa:
— Está bem minha filha? Quer que a gente fique aqui? Quer voltar conosco? — Pergunta preocupada Dona Lurdes com a filha.
— Estou bem sim mãe. Eu quero ficar. Aqui eu passei os melhores momentos da minha vida ao lado do meu irmão. Essas boas lembranças são ao que mais gosto de relembrar.
— Não se preocupa tia, que eu cuido dela. —Intromete-se Pedrinho, saliente.
— Tudo bem minha filha. Fique com Deus. — Despede-se Dona Lurdes da filha dando um beijo na sua testa.
— Estou de olho em ti, magrão! — dá um aviso João a Pedro, abraçando sua filha.
— Cuidem-se meninos. — Fala Dona Lurdes já no carro.
— Cuidem da casa e juízo gurizada! — Recomenda Seu João.
Todos riem, um momento de descontração após a triste constatação de que Dinho não voltará mais, pois o acidente o tirou do convívio de todos.
O casal entra no carro e vai embora, acenando para os que ficaram.
Os jovens caminham pelas ruas quase desertas em direção à casa de praia de Seu João, lembrando-se dos bons momentos que passaram com Dinho.
Leca recorda o irmão como um grande companheiro e seu melhor amigo, e de como ele amava aquela praia. Os dois sempre passaram bons momentos naquele lugar.
Patricia lembra-se de quando ia recolher as notas e recibos da empresa de táxi aéreo para fazer a contabilidade no escritório do Seu Esteban. Ela menciona que ele fez questão de aprender língua de sinais para poder se comunicar melhor com ela.
Beto fala sobre como Dinho era simpático e sociável, sempre atencioso e gentil com todos. Nunca o viu de cara feia ou mal-humorado ao atender as pessoas.
Márcio lembrou-se do desejo constante de aprender algo novo. Às vezes, o Seu Júlio pedia sua ajuda na oficina quando havia muita demanda. O rapaz ouvia as instruções atentamente e cumpria sua tarefa sem erros.
Rafa recorda-se de uma vez em que foi buscar o pai, que estava sem carro. Ele veio correndo para atendê-la e chamou o Seu Júlio rapidamente.
Monique lembrou-se de quando um táxi a deixou na frente do aeroclube. Dinho foi solícito em atendê-la e guiá-la até o hangar.
Pedro recordou-se de quando foi à empresa de seu pai, e Dinho foi o primeiro a atendê-lo e perguntar como poderia ajudar.
Bibi lembra-se de que ele sempre foi atencioso e prestativo.
Todos tinham boas lembranças do rapaz, que era muito querido por todos.
O grupo está entrando na rua de seu destino, a poucos metros da casa onde ficarão:
— O Ricardo não quis te levar até praia Bibi? —Pergunta Beto.
— Não, ele ficou descansando na casa, pois disse que sua semana foi agitada. Como Esteban, Lucas e Mel foram direto para casa achando que todos não tinham saído para praia, resolvi ir com eles procurá-los para participar da homenagem e me despedir de Dinho. Pelo menos chegamos na hora certa, a tempo.
— A Isa também ficou na casa, disse que não estava se sentindo muito bem. Tomara que ela e Ricardo não se estranhem, pois não se dão bem.
Monique demonstra um semblante com um sorriso irônico no qual é percebido por Márcio.
Ao chegar na casa percebem que o carro de Ricardo está com os vidros abertos. Todos acham estranho.
O portão está somente encostado, com cadeado aberto. Leca vai até a porta da frente e percebe que está trancada. Ela abre a porta com sua chave e todos escutam sussurros e gemidos:
— Que é isso? — Pergunta Rafa.
— Vem do quarto de casal! — Reponde Leca dirigindo-se ao local, acompanhada primeiro por Bibi e depois pelo resto do grupo.
A porta não estava trancada, e quando a irmã de Dinho a abriu, todos tiveram uma grande surpresa.