RMT12 acompanhava as aulas com o intuito de olhar as mulheres indígenas, já que era totalmente desinteressado em estudar o Evangelho e ao mesmo tempo muito apegado às sensações do sexo – e começou a envolver-se com uma, depois com duas, com três e em pouco tempo a confusão estava formada. As índias começaram a aparecer com colares, anéis e outros objetos de enfeite que RMT12 confeccionava com materiais plásticos trazidos de Artúrio, e com isso conquistava a atenção delas. O cacique ficou sabendo destes envolvimentos. RMT12 negava tudo, mas as índias o apontavam como um conquistador de mulheres e exibiam os presentes recebidos. Uma delas, noiva de um dos índios e já de casamento marcado, confessou ao noivo que foi seduzida por RMT12. O noivo, em sua fúria, foi até a tenda de RMT12 e o chamou para a desforra, pois em seus costumes ter a noiva seduzida por outro homem representava uma grande vergonha. Era necessário limpá-la com uma luta, onde o perdedor seria morto ou não teria nenhum voto válido nas decisões da tribo, se continuasse vivo por decisão do cacique. Marcado o dia da luta, RMT12 estava desesperado, pois não sabia lutar com as armas indígenas. Pensou em usar armas paralisantes, mas XPZ4 o impediu.
— Você arrumou toda esta confusão. Agora lute de igual para igual com ele.
— Não sei usar estas armas deles, e ele vai me matar.
— Você devia ter pensado nisso antes de se envolver com a noiva dele. Você sabia do casamento deles, por que mexeu com ela? Aliás, com ela e com as outras. Não sabe ter um mínimo de respeito com as mulheres? Não pensa em outra coisa a não ser em sexo?
— Não me encha, XPZ4. Vá cuidar da sua vida e me deixe em paz. Vá cuidar dos índios que eu cuido das índias – respondeu cinicamente.
— Não me fale assim com relação a elas. Respeite-as, por favor.
— Por quê? Vai fazer alguma coisa comigo?
— Sim. Vou orar por você, para que se torne mais consciente e menos mundano.
— Se elas me facilitarem o caminho, eu vou em frente mesmo. Não vou perder a oportunidade de ter uma mulher na minha cama.
XPZ4, apesar de sua tolerância, descontrolou-se e deu vários socos em RMT12. Não admitia aquele tipo de linguagem. RMT12 quis revidar, mas foi impedido por DPF10.
— Não se meta com as índias. Aprenda a controlar esta sua má tendência e cresça um pouco. Respeite-as. Não vou admitir maus-tratos para com elas – disse DPF10.
— Ah, só porque representa Jesus no teatrinho, já está se sentindo o próprio. Vocês são todos uns convencidos. Acham-se perfeitos, mas a perfeição passou ao longe. Conheço sua vida de rapaz jovem, DPF10, e sei que não era tão sadia assim...
— Não nego que tive meus erros, mas, depois que conheci o Evangelho de Jesus, estou procurando regenerar-me e ocupar meu tempo livre com coisas úteis.
A discussão terminou, mas ainda tinha que resolver a situação com o noivo da moça índia. O rapaz índio não quis mais casar-se com ela. A índia pensou na vergonha perante a tribo, já que seus costumes mandavam que a moça se casasse virgem. Assim, a única solução perante o cacique era o casamento entre ela e RMT12, coisa que para este era inadmissível. A índia pensou em suicidar-se, pois perante a tribo era uma forma de reabilitar-se. XPZ4 conversou muito com ela, conseguindo fazê-la desistir de tão grande erro.
— Nunca quis casar-me – disse RMT12 a AST8 –, muito menos com uma índia. Ela não vai se acostumar em Artúrio e eu não quero passar o resto da minha vida na selva. É melhor que eu fuja antes que as coisas aconteçam... mas fugir para onde, se não tenho nave?
— Assuma sua responsabilidade – disse XPZ4. – A índia está grávida e o filho é seu. Seja homem pelo menos uma vez na vida e não somente macho, reprodutor.
— Se fugir, não vai conseguir sobreviver sozinho na mata – disse AST8. – Os índios são acostumados a isso, mas você não. Durante todos esses meses em que estamos perdidos aqui, você sequer aprendeu a pescar um peixe com a lança, como vai se livrar de onças e outros animais ferozes? É melhor mesmo que se case com a índia, porque, pelo menos quando nós formos embora, poderemos dar-lhe um triste adeus...
E AST8 dava grandes gargalhadas.
— Imbecil...
— Vamos voltar a Artúrio, retomar nossa vida confortável em nossas casas, usar nossas naves de passeio, visitar os lugares pitorescos, namorar moças cultas e inteligentes, e você aqui casado com a índia...
Novas gargalhadas.
— Cala essa boca, AST8 – disse RMT12.
O casamento foi marcado. Onça Pintada, a noiva, já tinha tudo preparado. RMT12 tinha que se preparar, pois havia um ritual. Antes de tudo, um grande banho no rio para purificar-se. RMT12 ficou assustado, pois não sabia nadar, mas depois até achou a ideia ótima, porque poderia afogar-se e libertar-se do compromisso, ou tentar fugir. Porém, para sua decepção, o banho seria supervisionado pelo cacique e alguns índios, pois deveriam ser usadas ervas para depuração. Se tentasse se afogar, os índios o salvariam e, se tentasse fugir, seria impedido. Depois do banho de purificação, teria que passar uma semana comendo carne de javali, para que sua força o penetrasse, depois uma semana caçando animais para a tribo, para mostrar sua habilidade como caçador e apto ao sustento da prole, depois dançar juntamente com a tribo, pedindo ao deus sol sua proteção aos noivos, além de construir uma oca para viver junto com a esposa, pois a que tinha sido construída pelo noivo índio era propriedade dele e não podia ser usada por outro homem. Porém, quando soube que tinha de submeter-se às picadas de abelhas, ele surtou. Afinal, iria fazer parte da tribo e teria que mostrar-se apto para ser considerado um guerreiro.
— Essa não! Isso é demais! Não tenho nenhum interesse de fazer-me um guerreiro.
— Quem mandou mexer com a moça? – disse XPZ4. – Agora aguente a situação. Deveria ter pensado antes de fazer sexo com ela.
Chegado o dia do casamento, RMT12 vestiu-se conforme os costumes da tribo. Realizada a cerimônia, foi para sua oca com a esposa. Tinha que haver um jeito de fugir.