Haviam-se passado dois meses da chegada a Roma. A comunicação com Artúrio continuava interrompida, porém, conseguiram comunicar-se com Saturno, para saber como andavam as coisas. Souberam que uma onda de assaltos havia acontecido, que a falta de comunicação deixava as pessoas nervosas e impacientes. Mesmo os edifícios em construção eram atacados e os materiais roubados para serem vendidos nos mercados intergalácticos. Com a destruição de cidades inteiras, havia se alastrado uma epidemia de cólera, doença há muito tempo erradicada no planeta. Os insetos se haviam proliferado sem controle, assim como os roedores, e a leptospirose fazia suas vítimas, principalmente quando ocorriam fortes temporais e a inundação tomava conta das ruas e casas. Um cenário inconcebível para um planeta adiantado como Artúrio, cuja população vivia um nível de evolução compatível com o que a Terra terá em torno do ano 5000. Então, tiveram a nítida impressão de que não retornariam nunca mais ao seu planeta.
— Tem que haver um jeito – dizia AST8. – Não é possível que o governo da CGU seja tão incompetente e que não consiga reconstruir o planeta.
Na Terra, as perseguições aos cristãos prosseguiam.
Durante uma reunião na qual falava venerando velhinho, os soldados de Nero efetuaram muitas prisões. Nossos amigos ainda não haviam chegado ao local. Ao perceberem as prisões efetuadas, AST8, RMT12 e PWY1 ficaram temerosos e passaram próximo ao local sem serem percebidos. Os outros, que caminhavam mais atrás, não se sentiram ameaçados e, de fato, os soldados os consideraram transeuntes.
Após o susto, RMT12 alegava:
— Não vou mais a essas reuniões. Direi aos donos da casa que não sou cristão e que não quero perder minha vida por uma causa que não abraço.
— O mesmo faremos eu e PWY1 – disse AST8. – Já passamos por dificuldades na floresta, sendo picados por mosquitos e correndo o risco de sermos comidos por feras, tendo que comer carne de javali, de macaco e de bichos estranhos, e agora que estamos na maior cidade do planeta, continuamos correndo o risco de sermos devorados por feras. Para mim, chega! Podemos dormir na nave se os donos da casa não quiserem mais nossa presença.
Alegando que não eram cristãos, nossos amigos se afastaram das pregações nas catacumbas e suas vontades foram respeitadas. Sabendo, porém, da presença de Paulo de Tarso através de XPZ4, que continuava a pregar nas reuniões das catacumbas, sentiram-se atraídos pela vontade de rever o Apóstolo dos Gentios e foram à reunião. Durante a pregação, chegaram os soldados e efetuaram várias prisões. Ninguém resistiu, exceto AST8, PWY1 e RMT12. Alegaram que estavam ali acompanhando pessoas doentes que acreditavam que podiam ser curadas, e apontaram velhinhos apoiados em cajados, cegos e paralíticos. Disseram que eles mesmos não acreditavam que aquelas pessoas pudessem ser curadas, mas que respeitavam a vontade delas, principalmente porque estavam sendo pagos para levá-las à reunião. Contudo, estavam numa reunião de cristãos e, para os soldados, todos os que estavam ali eram cristãos.
Nossos amigos foram parar numa prisão, aguardando o julgamento do imperador. O dia da festa chegou e não houve julgamento, porque os cristãos eram para ser jogados às feras e servirem de combustível para as tochas. Enquanto os cristãos aguardavam em preces e cânticos o momento do testemunho, AST8, RMT12 e PWY1 praguejavam, gritavam, apelavam para a misericórdia do imperador, ainda que este não os ouvisse. Não obstante, eram igualmente ajudados pelos Espíritos enviados pelo Mestre, para aliviar o sofrimento dos cristãos e dar forças na hora do testemunho.