Vozes de papel amarelado
Dizem, sem ter perguntado
Pra mim
Como melhor seria sonhar com o metrô de Berlim.
É aquela velha coisa, eu sei:
Meio fora de moda se isentar
Mas não posso opinar
Sobre terminar
Ato que eu nunca comecei.
Nunca encobri,
Menos ainda vivi
E ninguém pode conferir
Quando, alguma vez, eu dancei.
Senão, me acabava
Mas a cerveja é de Itaipava,
E nem lembro quanto paguei.
Quase certo, sequer disse tchau pra festa,
Precisava manter essa norma:
Toda minha atenção o resto da noite se presta
A torcer que inexista
Degrau feito do vão entre o trem e a plataforma.
Todo nada é irreversÃvel
E o vento nunca vai ser tão gelado
Igual o abstrato beirando o inconcebÃvel.
Te falta Brasil,
Desmazelo,
De verdade:
Só isso explica dor de cotovelo
Preocupada com pontualidade.
Silêncio de morte é todo dia, pode apostar,
Mantido pelo desaprendido a chorar.
Eu tenho um namorado
Que chamo Paulo do Piratininga
Todo dia me ignora,
Por cansaço, ele nem xinga,
Sempre irritado
Sai de perto,
Sai de mim,
Esqueci como sentir suas mãos,
E de saber como seus dedos são.
Eu tenho um namorado,
Mestre em sorrir de tédio
E ódio.
Preconceitos
Pós coitados
Mas poesia segue
Reservada aos desclassificados.
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