Soldados em formação
Na função de atrasar a gente,
Seguem adiante
Lata na caixa craniana, e chumbo grosso na mão.
Muda o nome do mandante,
Nunca o desserviço da servidão.
Autorizados a aterrorizar,
A ordem é balear,
Quem pode, esquiva no chão,
Gesto previsto:
Querem corpos crivar,
Vidas travar
Parecem cruzados chamados pra isso.
Mas dá repulsão
Doce Cosme e Damião
Projéteis atiram, mas só em nome de Cristo.
Pra mais uma vez calcular
Com quem nunca mais poderemos contar,
Quem nunca mais vai nos acompanhar,
Quais olhos nunca mais vamos olhar.
Traçando paralelo,
Leitura à contrapelo,
Se tortura mental não conta,
Uma pergunta:
O que querem alisando e cortando nosso cabelo?
Mãe,
Pai,
Irmã,
Irmão,
Parente
Ou não:
O que tá acontecendo na trilha?
Seguem tecendo nossa extinção,
Aparente – mente, em defesa da famÃlia.
Aliás, é agora que a meritocracia brilha com tudo,
Não faltam fatais fatos:
Lavam dinheiro junto com as mãos, Pilatos,
E o filho do senador, só sente dor,
Se, sem entrar na guerra, for chamado de “Sortudoâ€.
Ainda não sabe
Em quem eles batem, e onde?
Antes que o barraco desabe,
Cuidado,
Pra reconhecer se vem conde ou condenado,
No mÃnimo, a ouvir que “não mora, se esconde.â€
Sempre vão acusar nossa angústia de exagero,
A estranheza de permanecer quase comum, regular,
Rotineiro
Precisar,
Na insegurança, segurar
A mão de alguém em desespero.
Jogar a pá de cal
Por falta de terra,
Esconde mal,
Erra,
A tentativa de apagar
O vermelho desse cheiro.
Mas falando em cor,
Até pra eles é nota de corte,
E nem tô mencionando cota:
Farda preta, cinza,
Ou aquela confusão “Parda-Cáqui-Marromâ€,
Junto ao armado porte,
Patriota,
Homem Bom
Morre na sede,
De ter um boina verde
Lá da América do norte.
E continuando com a geografia,
Analogia contra o ódio que vocês destilam:
Mano Brown e Jocenir
São nossos Marvin Gaye e Bob Dylan.
Minha argumentação não se sustenta?
Sempre souberam quem sai ileso,
Quanto cada um se senta e assiste
Quando a contagem de mortos aumenta,
Já que “conseguir a paz de forma violentaâ€
Também persiste,
Na mente de quem deve, mas nunca vai preso.
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