Acabei de me dar conta:
Cartas desesperadas ao médico não precisam de
tradução.
Eu nunca aprendi os pontos de partida.
A insônia é mais unânime que a cotação do dólar.
Todos são estranhos, principalmente se já dividiram o
útero, simultaneamente ou não.
Nem abraço, nem carinho.
O número do sapato me lembra que o oxigênio pode
sempre acabar.
Cadarços envolvem mais histórias de enforcamento que
de autonomia infantil.
Só precisei presenciar um desmaio, pra reconhecer a
sentença dos que nunca param.
Qual a certeza que você tem de que vigor e dignidade se
sentem antes de serem comprados?
Todos os números de telefone que eu conheço atendem
ao silêncio com eficiência exemplar.
As chaves mais fecham paredes, do que abrem portas.
Pasta de dente no rosto? Sabão em pedra pros dentes:
estamos quites.
É o dia que atravessa as vertigens.
Os pendrives lembram melhor de quem eu fui.
Esquecer tudo sobre o que foi lido só pode me remeter a
quem tomou eletrochoque num porão à luz de velas.
Passei direto pelas nove virtudes de Buda, só sei detalhes
sobre 108 pecados.
Não fecho os olhos pra meditar, posso nem reconhecer
meus dedos se ficar tempo demais no escuro.
A única certeza sobre Aspirina é que ela matou Bruce Lee.
Por vezes só almoço as perguntas que viram raios dentro
do estômago.
Sem malas nem calças jeans.
Eu nunca saio desacompanhado,
Suo demais,
Tudo sobre faltarem escolhas.
Atravessar o mundo esquecendo as esquinas.
E mais uma vez...
Sinceramente,
Um poeta sem consulta.
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