Seguiram-se dias sombrios em que parecia ter sido alçada às montanhas da loucura.
Nenhum sinal mais de Sorath, mas chegavam sem parar e-mails do grupo. Falavam de venenos poderosos preparados a partir da substância. Do sangue que jorrara das cabeças cortadas pela lâmina da Rainha de Copas (deveria ser uma Rainha de Espadas?). Falava-se de um local onde juntariam os escolhidos.
“Os eleitos serão poucos”, assim chegava ao fim uma das mensagens, e Lara chegou a se perguntar se não seria uma brincadeira, um teste, mas era dito que a serpente estava se agigantando, que envenenaria e devoraria o mundo, e que nem Átila, o Huno, nem Gengis Khan, nem Stalin e nem os nazistas haviam sido tão competentes quanto eles no intento de realizarem suas pretensões. Estava por vir a grande dizimação, para que se elevassem nas asas do Dragão Vermelho. Seria o fim da civilização.
Lara respondeu a um dos e-mails, pedindo para ver o líquido. Mas a mensagem voltou, como se o remetente não existisse, e o mesmo se deu repetidas vezes.
Para além de sua janela, uma sombra despencou. De novo, só que em silêncio.
Esticou a cabeça para fora. Desta vez havia algo se movendo na lixeira, mas nada saiu. O movimento cessou.
Um homem de preto, de chapéu e paletó, apareceu ali e ficou observando. E se fosse um membro da seita?
Apesar do medo, do coração acelerado, Lara desceu. Talvez estivessem tecendo uma armadilha. Talvez estivesse próxima da morte e fosse o mais novo sacrifício, ou era alguém de quem poderia cobrar explicações plenas e estas lhe seriam enfim fornecidas. E se fosse Sorath?
Chegando lá, não havia ninguém. Nem homem de preto, nem cadáver no lixo que vasculhou sem encontrar nada, faltando-lhe o ar.