A dor
era lancinante, mas o constrangimento moral era o pior. Adrian sentia-se
humilhado como nunca se sentira na vida, era uma degradação imaterial que ele
não conseguia explicar facilmente. Uma espécie de misto de auto-decepção com
vergonha do julgamento alheio. Então, pensou: era isso que chamavam de ressaca?
— Você está pronto? — perguntou
Marcel.
— Eu não usaria o termo pronto. Tive
que amarrar a desgraçada da cabra conseguir sair.
— Ótimo, eu adoraria poder troçar
disso, mas não há tempo, minha espada está desaparecida e precisamos ir atrás
dela.
— Por que essa espada é tão
importante, afinal de contas?
— Porque foi presente de um amigo.
Esse é um motivo bom o suficiente para você? — respondeu Marcel um pouco
alterado.
— Ah, desculpe, Marcel. É do tal de
Laerte, o filho do Leon?
— Sim, era dele mesmo, agora vamos
deixar de assuntos passados e focar em achar a espada. Você lembra de alguma
coisa que aconteceu ontem? Qualquer coisa.
— Como eu te disse, não lembro de
nada depois de beber aquele odre. Tudo fica turvo e eu só lembro de acordar com
aquela cabra.
— Se esforce um pouco mais.
Normalmente, se tentarmos, conseguimos resgatar algo. Eu, por exemplo, lembro
de mais coisas que você. Depois que chegamos às garotas, não demorou muito para
você se agarrar com a menina.
— Eu me agarrei com a menina?
— Sim, mas não se vanglorie muito,
ela estava embriagada feito um gambá e parecia estar fazendo isso mais para
irritar o Alexey do que qualquer outra coisa.
— Então quer dizer que eu me deitei
com a garota?
— Isso eu já não sei dizer. Você
estava com a garota e o Alexey fingia se irritar com isso, então ele se mandou
com a velha. Eu me aproveitei da situação para seduzir a senhora Rocha.
Estávamos nós dois com as Rochas até que surgiu aquele anão nos oferecendo
bebida artesanal. Você não lembra de nada?
— Agora que você falou, me lembro
vagamente de um anão mesmo. Ele usava um barrete vermelho, não é?
— Isso, esse desgraçado mesmo. Vamos
começar nossa busca por ele.
Marcel e Adrian vasculharam Viseu em
busca desse anão. A noite de festa aparentemente não atingiu apenas eles dois.
A cidade estava exaurida da libidinagem hedonista feita na noite passada.
Pessoas ainda estavam caÃdas nas calçadas, nas estrebarias e até nos baldes de
lixo. Dificilmente eles conseguiam ver uma pessoa completamente vestida. Muitas
usavam roupas de outras pessoas. Homens com roupas de mulheres; mulheres
vestindo roupas de crianças; animais com chapéus e casacas, enfim, um
verdadeiro pandemônio. As poucas pessoas de quem eles conseguiam tirar
informações, sabiam pouco ou nada sobre anões, mas um garoto reconheceu Marcel
e Adrian. Ele disse ser servo do anão e os guiou até um pequeno casebre. O anão
estava do lado de fora, no alpendre do casebre, trajando apenas ceroulas e
vomitando em um balde de madeira enquanto praguejava impropérios.
— Senhor, achei eles na cidade. Eles
estavam procurando pelo senhor.
— Seus bastardos, é muita coragem a
de vocês aparecerem aqui depois do que fizeram ontem.
— Cuidado com a lÃngua, montador de
pôneis. Caso contrário, eu a arranco e a enfio no seu traseiro — disse Marcel
enquanto apontava o dedo do meio para o anão.
— Eu gostaria de ver você tentar
isso, seu grandessÃssimo bosta. Você pensa que eu tenho medo, só porque você é
a merda de um cavaleiro?
— Mestre anão, não vimos atrás de confusão
— disse Adrian, tentando apaziguar. — Viemos atrás de você para pedir
informações.
— Mestre anão é o corno do seu pai.
Eu tenho nome e você sabe muito bem qual é.
— Para falar a verdade eu não me
lembro — disse o garoto constrangido.
— Você é mesmo muito inocente,
Adrian. Não é assim que se fala com gente dessa laia — disse Marcel enquanto
agarrava o anão pelas pernas e levantava-o no ar. O anão começou a se debater,
tentando acertar o cavaleiro, mas seus braços e pernas curtas só atingiam o ar.
Marcel esporadicamente dava umas bofetadas no anão e mandava-o se acalmar, o
que surtia o efeito contrário. O servo do anão ria a pulmões soltos da
humilhação que seu senhor estava recebendo, enquanto Adrian não sabia o que
fazer. O anão, vendo que não conseguiria sair do jugo do cavaleiro, ordenou que
seu servo parasse de rir e fosse buscar a guarda. Marcel ordenou que Adrian
impedisse o garoto, o que ele fez sem muito dificuldade, em parte porque era
treinado na arte da cavalaria, em parte porque o garoto não ofereceu muita
resistência, já que, a julgar pelas gargalhadas, não parecia gostar muito do
seu senhor. O anão então fez a última coisa que estava em suas capacidades,
cuspiu na cara de Marcel, que respondeu prontamente enfiando sua cabeça no
balde de vômito, fazendo-o vomitar mais uma vez.
— Tudo bem, Marcel. Você venceu, não
me bote mais nesse balde, por favor.
— Eu devia amarrar essa sua cabeça
de cebola nele e mijar dentro até você criar bons modos.
— Eu já disse que você ganhou,
droga. O que mais você quer de mim?
— Eu quero minha espada. Onde ela
está?
— E eu lá sei de espada nenhuma —
Mal o anão terminou de dizer isso, Marcel começou a descê-lo no balde. — Não,
não, não! Não faça isso, por favor. É sério, não sei de espada nenhuma, porque
está me perguntando isso?
— Ele perdeu ela ontem, e, como
bebemos demais, não conseguimos nos lembrar de nada — disse Adrian.
— Não seja burro, garoto — disse
Marcel com raiva. — Nós é que estamos atrás de informações, não o
contrário. Agora ele sabe que não
lembramos de nada e isso o ajudará em suas mentiras.
— Então é isso que aconteceu? Não
estou mentindo e vocês não estão sem memória apenas porque beberam.
— Como assim? Explique ou enfio você
com tanta força nesse balde que sua cabeça vai grudar dentro.
— Calma lá, não precisa dessa
brutalidade. Pode me descer que eu explico tudo.
— É Marcel, desce ele. Ele está
colaborando.
— Devia ter deixado você fodendo com
aquela cabra mesmo e vindo só. Você só atrapalha, moleque.
— Vá à merda, Marcel. O cara já
disse que vai ajudar, o que mais você quer? Que ele tire a espada da bunda?
Vamos ouvir o que ele tem para dizer. Se não for do seu agrado pode enfiar a
cara dele em qualquer latrina que você se interesse.
— Olha aqui, seu anão de merda, eu
vou te soltar, mas não pense que eu sou frouxo como esse babaquinha que veio
comigo. Se você correr, ou fizer qualquer coisa que me irrite, eu enfio a sua
cabeça dentro do traseiro desse seu servo que está achando tudo muito
engraçado. Entendido?
— Entendido — disse o anão pouco
antes de ser posto ao chão. Vendo que seu servo deixou de achar graça para
aparentar medo ele disse: — Acho bom que pare de rir mesmo, seu bastardinho.
Mais tarde, eu vou te fazer pagar por isso. Bom, se vocês não lembram de nada,
vão ter que entrar para ver o que fizeram ontem. Vamos, entrem.
O anão os levou para dentro do
casebre. Lá estava tudo uma algazarra. Cadeiras, mesas e quadros jogados no
chão, juntos a vários frascos quebrados e muito pó, este era avermelhado e um
pouco brilhoso.
— Cubram o rosto com a mão, afinal
vocês não vão querer ficar como ficaram ontem.
— Que diabos foi que aconteceu aqui?
— disse Marcel enquanto cobria o rosto com um lenço que tirou do bolso.
— Vocês dois, foi o que aconteceu
aqui — disse o anão com fúria na voz.
— Chega de rodeios, explique.
— Meu nome é Baltazar, eu trabalho
com agentes desinibidores.
— Drogas?
— Esse é um termo chulo. Eu vendo a
alegria da natureza.
— Você nos drogou, seu merdinha?
— Eu mesmo não, vocês se drogaram
sozinhos. Na festa, eu os abordei e ofereci um pouco do meu material.
Inicialmente vocês recusaram, mas suas garotas pediram para experimentar e
vocês aceitaram. Usaram tudo que eu tinha nos bolsos. As garotas dormiram em um
banquinho, mas vocês ficaram muito loucos, pediram mais, mas eu não tinha mais
nada, então vocês me obrigaram a vir até aqui em casa pegar mais. Chegando aqui
eu pedi para vocês esperarem do lado de fora, coisa que não fizeram. Entraram e
viram o meu estoque, foi aà que aconteceu a maior merda.
— Merda maior do que essa? — quis saber
Adrian.
— Muito pior, vocês começaram a chamar pessoas na rua para uma festa que
iam organizar aqui em casa, eu tentei impedir, mas vocês me amarram em uma
cadeira. Dentro de pouco tempo minha casa estava lotada de estranhos, eles
quebraram meus frascos e cheiraram grande parte do meu pó.
— E minha espada? Você tem ideia do
que eu fiz com ela?
— Já disse que não. Eu também não
lembro de muita coisa, graças a vocês dois. Acontece que nem todos os frascos
que tinha ali eram de drogas, meus pais haviam sido cremados e eu guardava as
cinzas deles bem ali. Eu tentei avisar a vocês dois, mas vocês ignoraram e até
me obrigaram a cheirar o pó no chão. Seus bastardos, vocês dois me fizeram
cheirar meus pais.
— Nossa, nós sentimos muito — disse
Adrian.
— Nós uma ova, eu mesmo não sinto
nada não. Esse desgraçado vende drogas para pessoas bêbadas, é responsabilidade
dele o que elas fazem depois disso. Além do mais, quem é idiota a ponto de
deixar cinzas de gente morta junto a drogas?
— Eu nunca ia imaginar que alguém
invadiria minha casa.
— Então você está no ramo errado,
imbecil. Qualquer criminoso com um mÃnimo de inteligência saberia que poderia
ser atacado em casa. Por sua culpa perdi minha espada.
— Eu quero que você e sua espada vão
pro inferno — disse o Baltazar enquanto pegava uma faca por entre os destroços
e arremessou na direção da cara de Marcel. O cavaleiro, por instinto, protegeu
o rosto com a palma da mão em um movimento de puro reflexo. A faca atravessou
sua palma e ainda chegou a arranhar a bochecha do cavaleiro. O anão tentou
correr para os fundos da casa, mas Marcel, adrenalizado pelo ódio do ataque
covarde, removeu a faca com a outra mão e a arremessou de volta no anão.
Cravou-se na sua nuca e o derrubou antes mesmo que ele chegasse na porta de saÃda.
— Filho de uma meretriz! — gritou
Marcel enquanto tentava estancar o sangue com um lenço.
— Por céus, você o matou! — gritou
Adrian.
— Claro que eu matei aquele
desgraçado, aliás, era o que ele teria
feito comigo. Merda! Como doÃ!
— Não precisava tê-lo matado.
— É sério que você está defendendo
aquele merdinha?
— Você estava provocando ele, por
isso ele te atacou. Olha alÃ, o servo dele está chorando — o garoto realmente
chorava. Não eram poucas lágrimas, mas sim um verdadeiro carpido. De repente, o
garoto se jogou na direção de Marcel, que já estava pronto para arrebentar sua
cabeça, mas parou quando percebeu que ele queria se ajoelhar aos seus pés. O
menino beijava efusivamente os pés do cavaleiro enquanto continuava a chorar.
— Ei, garoto, que merda é essa que
você está fazendo?
— Agradecendo, meu senhor —
respondeu o garoto com a voz embargada.
— Pode parar já com isso — disse
Marcel enquanto levantava o garoto e o afastava de si.
— Por que você está agradecendo?
Seria por que ele matou seu senhor? — indagou Adrian.
— Aquele homem praticamente me
escravizava. Ele me tomou por causa de uma conta que meu pai teve com ele. Além
de ameaçar a minha famÃlia com a possibilidade de tomar também os meus irmãos. Ele era um abusador e o Diabo vai
festejar com a sua alma.
— Que desgraçado, quer dizer que
você fez bem ao matá-lo, Marcel.
— É sério que você precisava ouvir
desse garoto que um traficante de entorpecentes que tentou me assassinar era um
cara mau?
— Se era para entender se ele
merecia ser assassinado a sangue frio, sim. Eu não gostei dele também, mas daÃ
a matar uma pessoa é um grande passo.
— É porque ele não tentou enfiar uma
adaga na sua cara.
— Tudo bem, esse é um bom ponto, mas
você é um cavaleiro treinado, poderia tê-lo capturado.
— Senhores…
— É Adrian, eu poderia tê-lo
capturado? E aà eu faria o que? Perguntaria gentilmente o porquê dele ter
tentado me assassinar?
— Senhores…
— Existe uma infinidade de coisas
além do assassinato. Você poderia ter dado uma surra nele; tê-lo levado para os
guardas; devolvido a facada no mesmo local; cortado a barba dele e ter feito
ele comer; enfim, escolher matar me pareceu drástico na hora.
— Senhores…
— Muito bem, então eu deveria pensar
duas vezes antes de matar o traficante que me drogou e tentou me assassinar.
Com certeza isso faz sentido.
— Ele não te drogou. Segundo ele
disse, nós nos drogamos por vontade própria.
— Senhores…
— Se você oferece drogas a uma
pessoa bêbada, você a está drogando, sim, seu idiota. Ele viu que não estávamos
em condições de dizer não e nos ofereceu drogas.
— Não sei se concordo totalmente com o que
você está dizendo. Embora não estivéssemos em condições de responder nada com
sabedoria, foi uma escolha nossa nos embriagar.
— Senhores…
— Caceta, fala logo de uma vez o que
você quer dizer moleque! — gritou Marcel para o pequeno servo do anão. — Não
está vendo que estamos discutindo aqui?
— Eu estou tentando dizer, senhor,
que acho que sei onde está sua espada.
— Sabe? E por que não disse logo de
uma vez?
— Mas eu estava tentan…
— Não importa, só diga logo onde ela
está.
— Acho que você mandou ela para o
ferreiro.
— É mesmo! O ferreiro da cidade,
como não pensei nisso antes? Mas por que você acha isso?
— Durante a festa que vocês fizeram,
apareceu um homem muito alto. Ele era grande como um cavalo.
— E o que tem isso?
— Esse homem tinha uma ferida quase
cicatrizada, que partia do rosto e terminava no pé. Ele bravateava para um
pequeno grupo que aquela tinha sido uma ferida feita pelo próprio Roderick. Ele
se vangloriava por ter sobrevivido a um ataque do cavaleiro e dizia que estava
em seu encalço, para vingar-se. Você foi conversar com ele, disse que tinha a
única arma que já havia ferido um Roderick. Eu não ouvi bem a conversa, tinha
muito barulho na festa, mas sei que o ferreiro estava por aqui e entrou na
conversa com vocês dois. Depois disso eu não consegui prestar mais atenção em
vocês porque todos estavam ocupados vendo a disputa daquele rapaz ali com o
bode.
— Eu? — indagou Adrian.
— Sim, você. Foi muita loucura. O
dono do bode estava se entorpecendo com vocês e não paravam de elogiar seu
bode, que eu não faço ideia do porquê ele o trouxe pra festa, mas enfim, tinha
um bode aqui. Ele dizia que o bode dele tinha a cabeça mais dura de toda a
região, por algum motivo que também me escapa, você duvidou. O dono se
enfureceu e disse que faria qualquer coisa para provar. Você então teve a
brilhante ideia de trocar cabeçadas com o bode. Vocês se afastaram e trocaram
marradas, não lembro se foi na terceira ou na quarta, mas o bode caiu, desmaiado.
— Como é possÃvel? — falou o garoto
aterrado.
— Ah, ah, ah! Parabéns garoto,
realmente você é o mais cabeça dura até que um bode.
— Isso só pode ser mentira.
— Não é não. Você foi celebrado como
um grande vencedor. O dono do bode até deu ele para você como prova de
respeito.
— Mas eu não tenho nenhum bode.
— Você deve ter perdido, porque você
saiu daqui levando ele no colo de maneira muito carinhosa.
— Pelos deuses, eu não acredito! —
gritou Marcel de maneira debochada enquanto gargalhava. — Então a cabra com que
você copulou era na verdade um bode?
— Eu não copulei com bicho nenhum,
seu desgraçado.
— Longe de mim julgar, mas pelas
carÃcias que vocês trocavam, não acho difÃcil que tenha acontecido — sugeriu o
servo.
— Vá à merda você também. Você não me
conhece e acho que está inventando essa história. Como seria possÃvel um homem
derrotar um bode em uma disputa de marradas?
— Bem, em condições normais talvez
fosse realmente impossÃvel, mas o bode estava bem embriagado e você estava tão
cheio de ervas que se ateassem fogo em você talvez não fizesse com que você
dissesse nem ao menos um lamento de dor.
— Que merda, e eu achava que a dor
de cabeça era o que chamam de ressaca.
— Eu juro que eu morreria de rir se
eu não tivesse um assunto tão sério para resolver agora — disse Marcel. —
Depois dessa história do bode, você ainda me viu conversando com os outros
dois?
— Não, não lembro mais deles na
festa. Creio que foram embora.
— E a minha espada?
— Pelo que eu me lembro, não a vi
mais.
— Então é isso, temos que ir para a
forja da cidade, procurar esse ferreiro. Você sabe onde fica, garoto?
— Não fica muito longe daqui. É só
vocês seguirem pela estrada principal pelo norte até chegarem próximo ao sopé
da montanha. Tem uma grande chaminé por lá. Não tem como errar.
— Você tem para onde ir? — perguntou
Marcel.
— Vou voltar para a minha famÃlia,
senhor.
— Mas eles terão como recebê-lo?
— Nossa casa é muito humilde, meu
senhor. Talvez falte comida, mas a felicidade da minha volta poderá suprir as
necessidades.
— Enfie a felicidade no rabo,
garoto. Ela não vai alimentar você, nem sua famÃlia. Você foi servo daquele
lixo ali por muitos anos, deve saber o que tem de valor aqui nesse barraco,
leve tudo com você.
— Isso não é possÃvel, meu senhor.
Se eu aparecesse por aà com os pertences do meu senhor logo depois da morte
dele, me acusariam de assassinato e roubo. Logo eu estaria no cadafalso.
— Ibraim e toda essa cidade de merda
me devem muito, reivindico a morte desse lixo que você chamava de senhor e
espolio os seus pertences. Agora que são meus, dou-os a você.
— É muita generosidade, meu senhor.
— Não sou seu senhor, agora ninguém
mais é, pare de chorar como um maricas. Livre-se daquele lixo e vá ver sua
famÃlia. Vamos Adrian, temos que ir.
O garoto limpou as lágrimas e agradeceu mais uma vez. Marcel e Adrian foram embora,
não antes que o cavaleiro guardasse uma considerável porção de pó alucinógeno,
pois, segundo ele, poderiam precisar em uma emergência. Adrian ia ao lado do
cavaleiro, coçando a cabeça e descobrindo uma porção de calombos que não havia
notado antes, o que corrobora a maldita história da briga. No entanto, o que
mais ocupava sua mente naquele momento não era se ele havia praticado ou não
zoofilia, mas sim como Marcel, embora tentasse ao máximo se parecer um
cafajeste, no fundo, era um cara bem correto.