O garoto veio correndo, como se o próprio Diabo estivesse em seu encalço, ou, talvez, nem mesmo essa criatura mitológica lhe desse tanto medo como aquele homem. Seu coração pulsava aceleradamente e suas pernas já não lhe obedeciam com discernimento, apenas corriam, como se as vontades de seu dono pouco importassem. Acontece que a natureza não é senhora tão branda quanto é o mancebo. Suas leis devem ser obedecidas, independentemente da vontade daqueles que querem transpô-las. Toda perna que acerte precipitadamente uma raiz em alta velocidade deve cair. Essa diretriz é arbitrária e intransigente. Foi obedecida. Adrian estabacou-se logo aos pés de Marcel.
— Seu idiota, faça silêncio! — disse o cavaleiro contendo o tom de voz. A ordem em si foi desnecessária, o garoto estava tão assustado que sua voz havia sumido. Marcel tapou-lhe a boca, mais por preocupação do que por necessidade, e arrastou-o para trás de uma árvore. Eles ficaram em silêncio por alguns minutos, com receio de que alguém aparecesse, mas foi inútil, o garoto não foi seguido. Marcel interrogou-o sobre o que ele viu, todavia, a voz de Adrian ainda o traía. O cavaleiro logo tratou disso com uma dúzia de bofetadas.
— Pare com isso, desgraçado! — disse o garoto saindo do surto.
— Pare você com isso, seu fresco. Que merda aconteceu para você estar assim?
— Que merda aconteceu? Aconteceu que tinha a porra de um gigante lá dentro, tudo estava cheio de sangue. Tem gente morta lá e acho que o casaco que ele estava usando era de pele humana! De pele humana, Marcel! Era a porra de um casaco feito com a pele de uma pessoa.
— Merda! — praguejou o cavaleiro enfurecidamente. — Esse filho de uma meretriz não tinha morrido? Que droga! Tinha que ser justo esse desgraçado?
— Você sabe de quem se trata?
— Com essa descrição, acho difícil ser outra pessoa além do Gegard.
— Quem?
— O Gegard, seu idiota. O filho de uma rameira do Gegard.
— E eu deveria saber quem é ele?
— Qualquer um que preze pela própria vida deveria saber. Ele é só o mais violento; o mais sanguinolento; e o mais habilidoso bandoleiro que eu já ouvi falar na minha vida. O filho da puta é um assassino nato, nasceu para matar. As notícias diziam que Roderick o tinha matado. Como esse merda conseguiu sobreviver?
— Parece que nem todas as histórias desse tal de Roderick são verdadeiras.
— Seu rabo. Esse merda deve ter tido muita sorte. Enfim, não adianta conjecturar mais o porquê desse filho de uma meretriz estar vivo, agora temos que enfrentá-lo.
— O quê? Você está maluco? Quer entrar lá e enfrentar um cara com sete ou oito pés de altura?
— Não é uma questão de querer. Ele está com a minha espada, devemos recuperá-la.
— Vai à merda, Marcel. Não vou enfrentar aquela aberração só para você recuperar a espada do seu namorado.
— Primeiro, me respeite, seu bostinha. Segundo, eu preciso da sua ajuda. Eu salvei sua vida, lembra? Você me deve.
— Sem chance, Marcel. Antes eu tivesse morrido naquela clareira. Não tem nem como enfrentarmos aquele cara.
— Por favor, garoto. É muito importante para mim. Não dá tempo de eu ir chamar o filho da puta do Leon, e eu nem quero a ajuda daquele bosta. Se esse cara sair daqui, eu nunca mais vou conseguir recuperar essa espada.
— Mas por que diabos essa espada é tão importante?
— Porque é.
— Isso não é resposta que se dê para alguém que você está pedindo para entrar em uma aventura suicida. Chega de segredos. Me explica tudo, ou eu não te ajudo.
— Porra, garoto. Tu quer me foder, é isso? Eu nem posso falar sobre essa porra sem colocar nós dois em risco. Só me ajuda. Acredite, vai ser melhor nem ouvir que merda toda foi essa.
— Já chega de ser tratado como garoto. Me conta tudo, ou vou embora, agora.
— Olha aqui, seu merdinha — disse Marcel depois de ponderar por alguns segundos. — Vou te contar, mas você deve manter essa sua matraca fechada. Está me entendendo?
— Claro.
— Isso tudo tem a ver com o filho de uma meretriz do Diógenes. Qualquer menção a essa história é punida com a morte, não só de quem falar sobre, mas também de todos os seus conhecidos íntimos.
— Eu não contarei.
— Eu espero que não. É difícil até saber por onde começar, mas acho que foi há vinte anos, quando aconteceu um incidente peculiar… Quer dizer, incidente peculiar é a porra do maior eufemismo que pode existir. Na verdade o que houve foi uma alta traição. O rei, Dioniso, foi assassinado com oito facadas nas costas. Nunca foi descoberto o assassino, mas o maior suspeito é Diógenes.
— Por que você acha isso?
— Porque o rei não foi o único a morrer, não se sabe como foi possível ser feito, mas todos os seus filhos foram assassinados ao mesmo tempo. Isso mesmo, no exato momento em que o rei foi assassinado, quinze de seus filhos também tiveram o mesmo fim. Todos, menos um: Diógenes. Ele, que era o décimo sexto na linha de sucessão, acabou por herdar todo o gigantesco reino de Catônia.
— Se isso é verdade, por que ele não foi enforcado pelo crime?
— Não é tão simples, garoto. Tinha um grande empecilho.
— Para mim parece bem simples. É óbvio que foi ele quem mandou matá-los. Muitos homens já foram enforcados por muito menos.
— É, mas muitos homens não são o último herdeiro vivo do maior reino do mundo. Todos morreram, se Diógenes morresse também, Catônia ficaria sem rei.
— Mas seria melhor ficar sem rei do que com um traidor dessa espécie.
— Como eu disse, não é tão simples. Catônia é um reino gigantesco. Uma vez sem rei, todo o reino entraria em colapso. Vários senhores tentariam se proclamar como o legítimo rei. Uma guerra civil sem precedentes eclodiria. Os reinos inimigos se aproveitariam da briga interna e nos dizimariam.
— Não sei se concordo, mas entendo o seu ponto. O que eu não entendo é como isso se liga com a sua espada.
— Se liga com o fato de que muitos pensavam como você. Achavam que de nada adiantaria ter um rei se ele fosse um regicida, parricida e fratricida. Muitos não queriam um monstro dessa espécie no trono de Catônia e Laerte, o dono dessa espada, pensava assim também. Ele era meu melhor amigo, por isso eu estava do seu lado, mas havia alguém que impossibilitava que a justiça fosse feita.
— Quem seria tão importante?
— Aquele que é maior até mesmo que o rei, Aurélio Roderick.
— O tal de Roderick? Pensei que tivessem me dito que o nome dele era Augusto.
— Estou falando do pai dele, Aurélio Roderick, o homem de mil armas. O guerreiro mais poderoso do mundo estava do lado do Diógenes.
— Como assim? Você não me disse que ele era super honrado?
— E era. Roderick estava do lado dos que pensavam que seria muito pior matar Diógenes, pois se encerraria a linhagem real. Ele acreditava que a paz e preservação do reino eram mais importantes do que a justiça pelo rei morto e seus filhos. Ele queria salvar a vida do povo, mesmo que para isso o rei precisasse ser o Diógenes.
— Eu não sei o que pensar sobre isso, para mim, as duas opiniões fazem sentido.
— Para mim também faziam, mas para Laerte não. Ele tinha uma única opinião, a de que Diógenes deveria pagar pelos seus crimes. Eu que estava dividido, acabei seguindo meu amigo. Logo que ficamos sabendo, Laerte me convenceu a juntar os cavaleiros para decepar a cabeça do Diógenes. O tempo era curto e precisávamos falar com duas pessoas muito importantes para que nosso plano desse certo.
— Que seriam?
— Ora, quem mais? Leon, o chefe da cavalaria, e Roderick, o maior guerreiro do reino. Se nós tivéssemos os dois do nosso lado, ninguém poderia salvar o bastardo. Laerte tinha plena certeza que o pai ajudaria, por isso ele me mandou para falar com o velho; enquanto ele falaria com Roderick, que era uma incógnita. Eu fui falar com o velhote e vivi uma das maiores decepções que já tive na vida. O puto estava se cagando de medo.
— O Leon? É difícil imaginar ele com medo de algo.
— Eu também pensava assim, mas eu estava errado. Assim que falei com ele sobre depor o Diógenes, o desgraçado me mandou calar a boca. Mandou que eu nunca mais ousasse falar aquilo novamente. Eu via o medo naqueles olhos imundos. Quando eu falei que Laerte estava do meu lado e já tinha ido falar com o Roderick, ele se desesperou e mostrou toda a sua covardia. Eu tive desprezo por ele naquele momento e deixei isso claro. Disse que ele havia perdido toda a minha consideração e que eu ajudaria Laerte a convencer o Roderick. No entanto, isso não foi possível.
— Por quê?
— O filho da puta do Leon me desacordou com um golpe na nuca. Quando eu acordei, estava deitado em um quarto do alojamento. O filho da puta ainda tinha colocado dois guardas para me vigiar. Foi por muito pouco que eu não matei aqueles merdinhas. Eu estava desesperado, estava com medo do traidor do Leon ter prendido o próprio filho. Fui atrás do Roderick, pois sabia que ia encontrar os dois com ele. Sabe, garoto, antes de chegar lá, eu tinha imaginado muitos cenários ruins, mas nada se compara ao que eu encontrei lá.
Os olhos do cavaleiro estavam vermelhos, mas as lágrimas se recusavam a sair, pois eram semeadas com a fúria e o brio de um homem que não se permitia mostrar fraqueza diante de ninguém. Adrian esteve prestes a dizer para Marcel que ele não precisava mais contar nada. Todavia, a curiosidade não o permitiu, nem talvez fizesse efeito. Do jeito que o cavaleiro estava, era bem provável que ele só conseguisse parar quando desabafasse tudo que tinha no peito.
— Não é fácil de descrever aquilo. Não, não é fácil descrever aquilo. Eu lembro, como se fosse hoje. Como se tudo estivesse acontecendo agora mesmo, mas mesmo assim não é fácil de descrever. Não sei se você me entende, garoto.
— Estou entendendo, Marcel.
— Você já esteve em um sonho lúcido?
— Acho que sim.
— Era mais ou menos assim que eu me sentia. Não sei se você já viu o Augusto. Você já o viu?
— Você diz o Roderick mais novo?
— Sim. Você já o viu?
— Tive a oportunidade de vê-lo uma vez.
— Ele até que é um cara bonitão, você não acha?
— Como assim? Isso é algum tipo de graça?
— Não, garoto. Não estou brincando. Estou querendo explicar um pouco da sensação que tive. O Augusto é esse cavaleiro bonitão, cabelo liso e asseado, rosto limpo. Mas o Aurélio, o pai dele, era bem diferente, principalmente pelo corte de cabelo. Aurélio raspava a cabeça, não tinha um fio de cabelo. Ele tinha o rosto muito envelhecido, mesmo sendo relativamente novo, e sua cara tinha o aspecto sujo, barba cerrada. Não é muito raro um filho ser diferente do pai, mas esse é um caso especial. A verdade é que em algum momento Aurélio já foi parecido com Augusto, também tinha um rosto muito bonito, cabelo liso e rosto limpo, mas algo mudou nele. Sabe o que foi, garoto?
— Não. O que foi?
— A vida! Na verdade, a morte. Centenas de milhares de mortes. Aurélio matou muita gente, mas muita gente mesmo. Não me leve a mal, Augusto também é o filho da puta de um assassino nato, mas o Aurélio é fora da curva, nada se compara. O filho da puta tinha o rosto da desgraça, só a proximidade dele já causava angústia. Foi esse o primeiro rosto que eu vi quando entrei na sala, um rosto de mau agouro, a face da desolação, toda a minha esperança se esvaiu ao vê-lo. A segunda coisa que vi foi Laerte, ao solo, todo tingido de rubro pela poça de sangue que escorria de si.
— Eles tinham lutado?
— Não se luta com um Roderick, garoto. Se é abatido. Laerte estava mortalmente ferido, eu corri para lhe ajudar. O Aurélio não se moveu um centímetro, ficou inerte, nos olhando. Eu ainda consigo ver o sangue dele em meus dedos, espesso e quente. Sabe garoto, o Laerte era um filho da puta durão. Mesmo sangrando como uma vaca menstruada, ele ainda estava ali. Seus olhos ainda tinham o brilho. Você me entende?
— Acho que sim.
— Quem falou depois disso foi o Aurélio, o desgraçado me mandou ir embora, levando Laerte. Eu teria feito isso, mas Laerte não permitiu. Ele olhou bem para mim e pediu desculpas. Você acredita nisso? Meu melhor amigo estava morrendo nos meus braços e me pedia desculpas. Eu é quem deveria me desculpar. Eu, não ele. Eu quem deveria me desculpar por ser um fraco, por não tê-lo ajudado. Naquele momento eu decidi que morreria junto com ele enfrentando o Roderick, mas não foi isso que aconteceu.
— E o que houve, afinal?
— Eu ainda lembro perfeitamente do diálogo que se seguiu. Aurélio disse: "Você ainda não está mortalmente ferido, ainda há tempo de dar meia volta e salvar sua vida". Laerte olhou para mim sorrindo, a boca toda suja de sangue e falou: “Nós estamos em um duelo de vida ou morte, cavaleiro. Temos uma testemunha, essa luta só pode terminar com um de nós morto.” Aquilo me espantou, ele praticamente recusava minha ajuda e se entregava para a morte. Aurélio estava desconcertado quando disse: “Isso não precisa acabar assim. Você pode mudar sua opinião, o que encerraria a querela”. Debalde, Laerte estava irredutível quando disse: “Isso você sabe que é impossível, cavaleiro. Minha vida não vale tanto quanto a dele. Assista a tudo, meu querido amigo, Marcel. No final, toda a minha vontade será passada para você”. Talvez ele nem precisasse dizer nada. Eu estava paralisado diante daquela figura nefasta. Aquele senhor da morte estava em pé, diante de nós, irredutível em sua vontade, mas Laerte também estava irredutível. Ele pretendia enfrentar o cavaleiro, mesmo com o resultado óbvio.
— Seu amigo era muito corajoso.
— Você nem consegue imaginar. Eu já vi homens se mijando só de ter que falar com Aurélio, imagine enfrentá-lo em um combate de morte, a sua óbvia e definitiva morte. Tudo por causa de uma ideologia. Não existem muitos homens assim, garoto. Eu mesmo não sou um e nunca serei.
— Mas você está disposto a enfrentar o tal do Gegard.
— Você está comparando uma formiga com um elefante. Um dia você entenderá. Eu não podia me mover, então eu assisti meu amigo caminhando a passos lentos em direção à sua morte. Aurélio ainda teimava em sacar a espada e gritava com Laerte. Mandava-o ir embora. Ordenava-o a dar meia volta, mas de nada adiantava. Laerte empunhava sua espada com as duas mãos, mas elas estavam tão fracas que a arma caía para frente. Ele a utilizava na horizontal, meio que como uma lança, para estocar. Roderick estava impassível, não puxava sua espada. Laerte gritava “saque a espada.” O Aurélio respondia “largue a espada”. E tudo continuou assim por um tempo que para mim parecia interminável. Laerte avançava a passos de moribundo, enquanto Roderick aguardava. Até que, finalmente, Laerte fez uma coisa que eu julgava impensável. Ele atingiu o Roderick, sua espada milagrosamente tocou o peito do cavaleiro imbatível.
— Como assim? Ele atingiu o tal de Aurélio..
— Aurélio se deixou atingir. Não sacou a arma e permitiu que a espada de Laerte tocasse sua armadura. Laerte parou por um momento, surpreso. Roderick olhou mais uma vez para ele e clamou: “Vá embora meu jovem, deixe que os velhos resolvam isso”. Laerte tremeu ao ouvir sua voz de tão perto, mas não cedeu, deu mais um passo e agora sua espada passou pelas frestas da armadura e tocou a pele do cavaleiro. Laerte ainda disse: “eu não posso ir, Roderick. Você sabe que não. Eu faço isso por ele.” Depois de dizer isso, ele deu mais um passo. Dessa vez a espada tocou a carne do cavaleiro imbatível e o sangue que nunca havia saído de seu corpo escorria pela espada. Aurélio tinha a voz embargada quando disse: “Esse é o último passo que posso permitir que você dê, qualquer coisa além disso resultaria na minha morte e eu não posso deixar que me mate. Mais uma vez eu clamo, vá embora, não por mim nem por você, mas por ele.” — ao dizer isso Marcel se pôs em silêncio.
— E o que houve? — indagou Adrian, depois de alguns instantes.
— Desculpe, fiquei perdido no passado. As palavras ditas foram exatamente estas que eu te repeti. Sei disso porque elas ficaram grudadas na minha cabeça de forma indelével. Nenhum álcool, nenhuma erva, nada consegue apagar as palavras e as sensações que senti naquele dia. O que houve foi que Laerte não ouviu o cavaleiro, tentou dar mais um passo, mas, antes disso, teve seu coração trespassado pela espada de Roderick. Um golpe limpo, sem fúria, rápido e letal, acertou-o no peito e não chegou nem a atravessar seu corpo. Roderick se virou e foi embora, como se eu nem estivesse ali. Laerte não caiu, ficou de pé, vendo o Roderick se afastar. Fui eu quem o acudiu. Deitei-o em meu colo e tentei embalde estancar o sangue. Enfureci-me por toda a minha impotência diante daquilo. Emocionei-me com ódio pelos deuses que me colocaram diante daquela situação, mas, principalmente, gritei de ódio por Roderick. Laerte tinha o rosto sereno. Olhava para mim enquanto o brilho do seu olhar se esvaia. Ele usou suas últimas forças para me entregar sua espada e dizer: “Adeus, velho amigo”. Eu agarrei com força o punho da espada e jurei que um dia essa arma ainda faria o último desejo de seu dono.
— Então isso deu fim à rebelião?
— Sim, essa foi a pá de cal que enterrou a história definitivamente. Augusto e Leon eram contra e eles eram as principais figuras que poderiam dar continuidade à rebelião. A morte de Laerte fez os homens que eram contra Diógenes perceberem que não importava se você era filho do chefe da cavalaria ou mesmo afilhado do cavaleiro mais forte do reino, se você se revoltasse contra Diógenes você seria morto.
— Afilhado? Roderick era padrinho de Laerte.
— Sim, mas isso não impediu o filho da puta.
— Eu sinto muito mesmo, Marcel.
— Não sinta, isso não o trará de volta, nem me fará forte como um Roderick. Apenas diga: você irá me ajudar a recuperar minha espada?
— Claro, vamos matar aquele filho de uma meretriz e recuperar o que é seu.