Seu corpo ainda estava machucado e talvez nunca mais fosse o mesmo depois daquela luta, mas Marcel já não podia mais descansar em uma cama. Os médicos insistiram para ele ficar, mas foram convencidos a deixá-lo ir quando o cavaleiro os ameaçou com castração. Vestiu sua armadura, organizou seu cavalo e já estava indo embora quando foi surpreendido por Ibraim.
— Então finalmente está indo embora da minha cidade, seu cão imundo? — disse o velho prefeito sorrindo enquanto oferecia um aperto de mão.
— Sim, estou indo, só não sabia que essa latrina era chamada de cidade — respondeu Marcel retribuindo o cumprimento.
— Tenho certeza que é muito melhor que o chiqueiro onde você nasceu. O velho Leon mandou que eu lhe entregasse isso — o prefeito entregou uma armadura, um escudo e uma espada.
— Mas que diabos? Por que aquele filho de uma meretriz deixou isso comigo? — Ele guardou a espada com gentileza, mas recusou a armadura e o escudo.
— Sabe, o Leon estava certo. Ele disse que você recusaria e pediu para eu dizer que agora era sua responsabilidade decidir se levaria as coisas de Roderick, ou se as destruiria.
— Não brinque comigo, se me oferecer mais uma vez, juro que destruo essas porcarias daquele cão.
— Você teria o direito, afinal, foi você quem as recuperou e Deus é testemunha que você tem motivos para odiá-lo. No entanto, lembre-se, para o que vocês estão tentando fazer, não seria sábio conseguirem um oponente desse calibre.
— E você sabe o que o velhote está planejando?
— Se eu soubesse, não diria. Não consegui meu cargo dizendo as coisas que sei e as que não sei. Vá para o castelo de Viseu e você descobrirá.
— Eu odeio vocês velhotes. Sempre com esses planos complexos e se mostrando como sábios, mas todo mundo sabe que vocês são uns merdas. Eu não quero tocar nesse lixo, por favor, guarde junto aos meus pertences, aqui na minha bolsa, ao lado do cavalo.
— Você continua sendo um desgraçado atrevido — disse o velho enquanto amarrava a armadura e o escudo ao cavalo. — Você sabe que ele irá atrás de vocês enquanto estiver com isso.
— Eu espero já ter devolvido ao velhote quando isso acontecer.
— Adeus, seu filho de uma meretriz — disse Ibraim, sorrindo.
— Não sabia que éramos irmãos. Adeus, velho desgraçado. — disse, enquanto ia embora. O cavaleiro já ia longe quando o prefeito gritou:
— Marcel! — O cavaleiro parou e olhou para trás.
— O que era?
— Só queria mandar você ir se foder mais uma vez — Marcel sorriu da pilhéria do velho prefeito.
— Se um dia precisar de ajuda novamente, saiba que eu estarei aqui… —.
— Obrigado.
— Estarei aqui do lado dos seus oponentes. Ah, ah, ah! — disse Marcel enquanto galopava para longe.
— Muito obrigado, seu puto! — gritou o velho. — Ainda vamos nos ver de novo e eu retribuirei o favor.
Marcel respondeu apenas com o dedo médio.